Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H45

Como fazer um jejum que agrade a Deus?

Será que existe algum tipo de jejum que não agrada a Deus? Nessa quaresma, uma das coisas que tem me chamado muito a atenção ao escutar homilias e mesmo as leituras dos textos bíblicos proclamados nas missas, é que ao mesmo tempo que exortam às práticas penitenciais, convidam a ir além delas. Tem sido uma experiência interessante, que se reforça quando lembro da passagem Bíblia: “Misericórdia quero, não sacrifícios” que Jesus parece dizer que ainda não se compreende bem.

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:: Como escolher a penitência para a Quaresma? ::

Alguns exemplos do que quero dizer: Jesus nos exorta a rezar, mas não como aqueles que o fazem nas praças públicas; Ele diz que jejuemos, mas que não fiquemos com a cara triste; Que façamos caridade, mas que a mão direita não saiba o que faz a mão esquerda. Na prática, então, parece que o verdadeiro cristão que faz quaresma parece passar despercebido. Porque tudo que realmente importa está acontecendo no quarto com a porta fechada, por trás da cara feliz que se coloca apesar da fome e sem que ninguém (nem a própria mão de alguma forma misteriosa) saiba. Por que isso é assim?

Todos sabemos que a quaresma é um tempo de especial conversão. E a conversão, se bem que ela se expressa no exterior, é sobretudo algo que se faz no interior. Santo Agostinho descobriu essa interioridade no homem. No mais íntimo de nós mesmos, nos encontramos com um Outro, com o próprio Deus vivendo em nós. A conversão não é um subir uma montanha altíssima, mas um descer às profundezas de nós mesmos e viver de acordo com Aquele a quem encontramos lá. Se fazemos jejum, certamente não é para algo exterior, para que nos vejam ou para que percamos alguns quilinhos. É para que a fome nos leve a uma outra fome, de uma natureza diferente, sobrenatural, a fome de Deus.

Um jejum que não esteja acompanhado de uma vida interior, de uma vida de oração, simplesmente não tem sentido. Pelo menos não um sentido cristão. E muito se fala em outros tipos de jejuns. Jejum de palavras que fazem dano, Jejum de seriados, Jejum de jogos, etc. Pode ser que sejam ótimos meios para ver o quanto estamos apegados a certas coisas e não a Deus. O Jejum clássico, no entanto, o de comida mesmo, pode acabar ficando em segundo plano. Já pensou em não comer aquele pratão de comida quando chega de noite cansado? Em um mundo tão atirado ao prazer sensível, tendo a pensar que também o jejum da comida é um bom meio para a prática quaresmal.

O que importa, se estamos tentando ser católicos, é que não seja algo simplesmente exterior. Se ninguém fica sabendo, ainda o faria? Se é só para Deus, ainda o faria? Porque é disso que se trata. Na quaresma queremos nos aproximar um pouco mais do Senhor. Nos preparar para celebrar a Páscoa da Ressurreição com o coração um pouco mais convertido. Rasgar os corações e não as vestes, como disse o profeta. Que não se aplique a nós as palavras duras de Jesus quando diz: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías sobre vós, denunciando: Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; pois ensinam doutrinas que não passam de regras criadas por homens” (Mt 15, 7-9).


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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