Imaginemos a seguinte cena para poder refletir um pouco sobre a liberdade e as leis: Um pai, que ama muito seu filho, o vê brincando com um garfo perto de uma tomada. Naturalmente ele o afasta da tomada e retira o garfo de sua mão, porque entende o perigo de que a criança tome um choque. A criança não entende o que está acontecendo nesse momento, mas passando os anos, entende que não é uma boa ideia colocar o garfo na tomada.
Na vida cristã, falamos sobre a Lei e o Espírito. Muitas vezes, eles são vistos como coisas opostas, inclusive São Paulo diz em sua segunda carta aos Coríntios que “a letra mata, mas o espírito comunica vida”. Mas é preciso adentrar um pouco mais para buscar uma compreensão mais profunda desse tema, afinal não podemos esquecer o que Jesus mesmo disse sobre a Lei: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir” (Mt 5,17).
E Jesus não para por aí, continua no que parece uma lei ainda mais dura: “Tendes ouvido que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento. Mas eu vos digo que todo aquele que se ira contra seu irmão, estará sujeito a julgamento” (Mt 5,21-22). Como podemos escutar essas passagens e ao mesmo tempo não ficarmos confusos com aquela doce passagem que diz: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve” (Mt 11, 28-30)?
Sem o Espírito de Deus, todas as regras e mandamentos serão imposições externas que não fazem mais do que oprimir.
Voltando à historinha do começo, imaginemos que exista um mandamento na casa que diga: Não colocar o garfo na tomada. Mas, independente disso, a criança por algum motivo resolve testar e coloque o garfo e tome um choque. Provavelmente, depois da dolorosa experiência, ela não volte a fazer o mesmo. Mas, ela poderia também não passar pela experiência, confiar no mandamento e nunca tomar um choque na vida.
O que está de fundo aqui é o jogo entre a nossa liberdade e o amor de Deus por nós. Sempre escutamos que Deus não força a entrada do nosso coração e isso é uma verdade que precisa ser levada até às últimas consequências. Em outras palavras, se queremos colocar o garfo na tomada, o Pai não vai impedir, porque Ele não quer acabar com a nossa liberdade. O que Ele quer é que confiemos nele, que é o Criador de tudo e que quer nos conduzir por um caminho onde a nossa liberdade seja bem utilizada, que faça o bem para nós mesmos e para os demais.
Espírito esse que todos recebemos no dia do nosso batizado, quando somos feitos filhos e filhas de Deus, e que no dia da nossa Crisma nos foi concedido plenamente. Sem o Espírito de Deus, todas as regras e mandamentos serão imposições externas que não fazem mais do que oprimir. Com o Espírito, veremos que toda a Lei é boa e nos guia pelos caminhos do Amor a Deus, da Liberdade, da Paz. Com Ele entenderemos que a Lei não está fora, mas dentro de cada um de nós e, por isso, longe de oprimir, ela nos mostra o caminho para a nossa plena realização.
São Paulo, ainda na segunda carta aos Coríntios, diz claramente que a liberdade está onde Deus está, quando afirma: “Pois o Senhor é o Espírito, e, onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17). Vivamos a liberdade dos filhos de Deus, cumprindo o Plano de Amor que o Senhor tem para cada um de nós.
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