Crescendo na Fé

O que fazer quando sentimos algum tipo de vazio ou escuridão interior?

Cankin Ma 2020 (arquivo pessoal)

Escrito por Cankin Ma Lam

25 MAI 2021 - 09H18 (Atualizada em 25 MAI 2021 - 09H41)

Façamos um exercício mental: Você, por diversos motivos, fica sozinho(a) numa ilha. Uma ilha belíssima, cheia de frutos, com um clima perfeito. Um paraíso na Terra, no conceito de alguns. Quanto tempo passaria, até sentir a falta de ter mais alguém perto de você?

Pensemos inclusive nas pessoas que, por diversas frustrações, anseiam poder simplesmente escapar da sociedade, das suas injustiças, dos sofrimentos que nela há. O fato é que, depois de algum tempo, seu próprio desejo será uma frustração. Seus pensamentos, que parecem ser finalmente livres, serão formulados numa linguagem que antes recebeu de outros. Seu próprio rosto e fisionomia vão lembrar o de alguns familiares seus. E à distância, quando ouvir um barulho parecido à voz de uma pessoa, ressoará no seu interior a pergunta (e o desejo) de talvez achar alguém que chegou para desfazer a sua solidão.

A imagem toda tenta indicar quanto o ser humano é um ser para a comunhão. É uma realidade da qual não temos como fugir (graças a Deus!).

shutterstock
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O que fazer, então, quando sentimos algum tipo de vazio ou escuridão interior?
O que fazer quando ficamos isolados? O que fazer quando sentimos que entramos num lugar no qual mais ninguém consegue entrar?

Leia MaisO outro lado da solidãoJesus pode lhe livrar da tristeza e da solidãoA primeira coisa talvez seja olhar com mais atenção. No mais profundo e íntimo de nós, não está a solidão. Lá estão as nossas raízes mais profundas, aqueles que nos precedem. Esse vazio e escuridão interior (que por vezes sentimos) não são uma coisa nova e exclusiva (inclusive quando parece que ninguém nos entende).

São uma experiência que muitos tiveram antes de nós, e que muitos terão depois. É como uma ferida dentro de nós que, se bem aproveitada, pode ser a fenda pela qual encontremos o verdadeiro sustento da Vida. Lá, está Alguém que nos precede: está Deus nosso Pai.

O que fazer?

Isto, ou aquilo. Cada um sabe o recanto que o acalenta, a voz que o acalma, a imagem que o alegra.

O que ser (ou melhor, o que lembrar que somos)?

Oleksandr Yakoniuk/Shutterstock
Oleksandr Yakoniuk/Shutterstock

Filhos. Eis a nossa identidade mais autêntica, eis a certeza irrebatível. Viemos de Alguém. Se olharmos bem no recanto mais íntimo do nosso interior, veremos as pegadas desse Alguém, que é mais profundo que nossa profundidade.

Estas certezas sobre nossa origem e sobre nosso destino permitem dar o peso justo (nem mais, nem menos!) às dificuldades que carregamos no nosso interior. Permitem colocá-las na perspectiva certa: não viemos do nada ou do acaso, da escuridão ou das sombras; viemos do desejo positivo de Alguém que nos ama infinitamente.

Sião disse: “Javé me abandonou,

o Senhor me esqueceu”.

Acaso uma mulher esquece seu bebê

e deixa de comover-se pelo fruto de seu seio?

Mesmo se as mulheres esquecessem,

eu, porém, jamais te esquecerei.

(Is 49,14-15)

Escrito por
Cankin Ma 2020 (arquivo pessoal)
Cankin Ma Lam

Nascido no Equador, filho de pai chinês é apóstolo de plena disponibilidade no Sodalício de Vida Cristã. Atualmente faz caminho ao sacerdócio e estuda teologia na Universidade Católica de Petrópolis.

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