Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 21 AGO 2020 - 14H10

O que podemos refletir sobre os grupos de oração na internet?

Shuttesrtock
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O Concílio Vaticano II dedicou um decreto para falar sobre os meios de comunicação social. Nesse documento, falando da Igreja Católica e sua relação com os meios de comunicação social, podemos ler:

“A Igreja Católica, fundada por nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos os homens e, por isso mesma, obrigada à evangelização de toda criatura, considera parte de sua missão se valer dos instrumentos de comunicação social para predicar aos homens a mensagem de salvação e lhes ensinar o reto uso desses meios.”

Com esse parágrafo do texto conciliar, vemos que as novas possibilidades de comunicação que nos brindam essas novas tecnologias são instrumentos valiosos para a missão da Igreja. E de alguma maneira nós, católicos, experimentamos isso cotidianamente nos grupos de Whatsapp, nas páginas do Facebook e em tantas outras maneiras de se comunicar que existem hoje em dia.




Mas é preciso fazer-nos algumas perguntas. Será que utilizamos da melhor maneira essas ferramentas? Como poderíamos usá-las melhor?

Existem redes sociais dedicadas à oração. Nessas páginas, as pessoas colocam suas necessidades e qualquer um pode apertar um botão “rezar” por essa intenção. Nos grupos de Whatsapp de jovens católicos também acontece alguma coisa parecida: se colocam pedidos de orações, as outras pessoas do grupo ficam sabendo dessa necessidade e se comprometem a rezar.

Esses dois exemplos me parecem bem positivos, porque geram uma cultura de corresponsabilidade, de preocupação pela vida do meu irmão, da minha irmã, que padece algum contratempo em sua vida. Me comprometo com a vida do outro de alguma maneira. Nesse sentido, os grupos de Whatsapp me parecem um pouco mais pessoais, mais íntimos, porque normalmente conhecemos as pessoas que participam do grupo e podemos estar mais próximos com a nossa ajuda. Mas isso não tira o mérito do primeiro exemplo, porque a oração, seja ela por pessoas próximas ou distantes, por problemas pequenos ou grandes, tem o seu valor em si mesma e é canal para que a Graça de Deus chegue às pessoas.

Claro, o que foi dito no parágrafo anterior é verdade se as pessoas realmente rezam pelas intenções. Se esses pedidos e “orações” são apenas uma maneira aparentemente católica de “dar likes”, acredito que estamos indo por um caminho que não é o melhor.

Acontece também, muitas vezes, nesses meios de comunicação, de se misturarem religião e superstição, verdades e falsidades, caridade e egoísmo, assim como acontece na vida real. Mensagens do tipo: “se você não passar isso para 20 pessoas, uma grande desgraça acontecerá na sua vida”; “Reze 1 Pai Nosso e passe essa mensagem adiante para conhecer o grande amor da sua vida em 4 dias”; “Oração PODEROSA para conseguir o que você mais deseja” ... E por ai vai!

Georgejmclittle/ Shutterstock
Georgejmclittle/ Shutterstock


Esse tipo de mensagem
não nos ajuda a crescer na fé, não nos compromete com as demais pessoas, não faz crescer no mundo o amor a Deus. Se reparamos bem, são todas centradas no “EU”, e não no amor ou nas necessidades reais da pessoa. Podem ser até motivadas por um certo tipo de vaidade (Quantos “likes” terá essa mensagem?) e não acrescentam muito na missão da Igreja de levar Deus para todas as pessoas.

Essas novas tecnologias e meios de comunicação social não são boas nem más em si mesmas. São instrumentos que podem ser utilizados da maneira correta - e fazer muito bem - ou podem ser mal utilizados, gerando muitos males. Por isso, precisamos aprender a usar bem todas essas ferramentas que a inteligência humana nos proporciona.

A Igreja é consciente das possibilidades imensas que podem resultar do bom uso dos meios de comunicação atuais. Por isso se preocupa em alentar aos fiéis que utilizem bem todas as ferramentas que possuímos hoje, para o crescimento do Reino de Deus. Que cada um de nós, acolhendo esse chamado da Igreja, possamos crescer cada vez mais na consciência de uma correta utilização desses meios e, assim, possamos contribuir desde as nossas capacidades e possibilidades com a Missão Evangelizadora da Igreja.

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Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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