Por Tatiana Bettoni Em Igreja

Frei Hans Stapel fala sobre os 30 anos da 'Fazenda da Esperança'

As 94 comunidades da Fazenda da Esperança recuperaram mais de 10 mil dependentes químicos ao longo três décadas

Foto de: Maurício Araújo

 

 'Recuperando' em oração

Nos últimos 30 anos, a Fazenda da Esperança atendeu mais de 30 mil dependentes químicos, que se propuseram a abandonar o vício com a ajuda da comunidade religiosa fundada em 1983 por Frei Hans Stapel e pelo leigo consagrado Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos. Nas 94 comunidades espalhadas pelo mundo, mais de 10 mil jovens alcançaram a recuperação.

A Fazenda da Esperança integra a Obra Social Nossa Senhora da Glória, com sede em Guaratinguetá (SP) - uma associação internacional de fiéis que atua na recuperação de dependentes químicos e vítimas do alcoolismo, vírus HIV, além de crianças e adolescentes desamparados.

Ao longo de três décadas, a obra proliferou-se dentro e fora do Brasil, estando presente em 24 estados e 15 países, como Rússia, Portugal, Argentina e Alemanha, onde foi instalada a primeira Fazenda no exterior.

No ano de 2007, a comunidade de Guaratinguetá (SP) recebeu a visita do Papa Emérito Bento XVI, quando esteve em Aparecida (SP) para presidir a V Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe (Celam).

Em 2010, as atividades sociais da Fazenda da Esperança foram reconhecidas pelo Pontifício Conselho pelos Leigos da Igreja Católica, sendo chamada Família da Esperança.

Neste mês de novembro, uma série de atividades foi preparada para comemorar as três décadas de trabalho social. Cerca de 2.500 jovens recuperandos de todo o mundo devem se reunir em Guaratinguetá para celebrar a obra junto ao seu fundador.

Confira a entrevista que Frei Hans concedeu ao A12.com: 

Foto de: Maurício Araújo

Frei Hans Stapel

 A12 - Por que o senhor decidiu dedicar-se à recuperação de dependentes químicos? 

Frei Hans - No fundo só tinha um desejo, vivenciar a Palavra. Quando apareceram os primeiros drogados, em 1982, eu vi neles a presença de Jesus dizendo ‘tudo o que fizer ao próximo, fazes a Mim’. E fui acolhendo-os em minha casa. Aos poucos, descobri que havia uma grande dor em cada um. É uma chaga aberta da sociedade. Deus quis que me dedicasse cada vez mais a eles. Cada vez mais jovens foram se apresentando, e os que conseguiam se libertar iam espalhando a informação até chegarmos ao ponto em que estamos, presentes em 15 países, com 94 fazendas e muitas doações. Mas estamos com o mesmo espírito do início, querendo ver Jesus em cada um.

A12 - Quais os maiores desafios encontrados neste percurso de 30 anos? Como a Fazenda da Esperança tem se mantido? Contam com apoio governamental?

Frei Hans - A dificuldade maior foi que muitos não aceitaram sua situação e nem a nossa ajuda. Queriam usar a liberdade que Deus deu para todos de modo destrutivo. Isso dói, quando descobrem um caminho, mas preferem ficar no caminho da dependência, do vício. Muitos morreram e é muito triste. Outro desafio é que a sociedade não se torna sensível, se acostuma com as mortes e isso se torna normal. A burocracia é tremenda, a lentidão da política é inacreditável, não se consegue ajudar como deveria. Nós nos mantemos com nosso trabalho e ajuda daqueles que chamamos ‘embaixadores da esperança’. Eventualmente, contamos com parcerias com os governos. Agora, assinamos um convênio com Minas Gerais e outro com São Paulo, mas é sempre para ajudar a construir uma casa ou sanar uma necessidade pontual. Agora, o Senado está fazendo um convênio com as comunidades terapêuticas, mas como disse é muito devagar.

A12 - Com qual sentimento o senhor chega a este momento em que esta obra completa 30 anos? Como se sente quando olha para trás?

Frei Hans - Eu sinto grande gratidão a Deus e tenho certeza de que Ele quis esta obra, nos levou e muitas vezes não entendemos Sua vontade. Mas hoje, olhando para trás, eu vejo a mão de Deus em tudo. É uma graça ver tantos jovens se doando a este fogo do amor. Sinto muita gratidão por Deus e por todos que colaboram com esta obra.

A12 - O reconhecimento do Pontifício Conselho e a visita do Papa Bento XVI ajudaram a ampliar a obra?

Frei Hans - Sem dúvida. Depois da visita do Papa, a obra passou a ter outro reconhecimento. Onde a gente chega, em qualquer lugar no mundo,, muitos nos reconhecem pela visita do Papa. Já o reconhecimento pontifício é uma graça, um dom de Deus. Mas também é um desafio maior para nós, uma exigência mundial para que abramos mais nossos corações para chegar onde o povo e a Igreja nos chamam.

A12 - Quais são os projetos da Fazenda da Esperança para o futuro?

Frei Hans - Queremos continuar obedecendo a Deus e realizar a Sua vontade, atendendo o máximo de jovens que precisam, como nos pede o Papa. Estamos nos preparando para abrir em breve mais 20 fazendas e outras 30 estão em preparação. Fazemos todo o possível para formar jovens vocacionados e manter neste amor aqueles que fazem com todo o carinho este trabalho, para que fiquem perseverantes. Faremos isso por toda a vida!

Clique aqui para visitar o site da Fazenda da Esperança. 

 

Foto de: Maurício Araújo

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