Por Elisangela Cavalheiro Em Igreja Atualizada em 08 ABR 2019 - 14H48

Uma pastoral para os ciganos, circenses e parquistas


Lara Orlow.
Lara Orlow.
Padre Jorge Pierozan em acampamento cigano.

Na Igreja Católica do Brasil, há uma pastoral que atua há mais de 25 anos no serviço ao povo cigano, circense e parquista. É a Pastoral dos Nômades.

Não existe uma origem exata do trabalho dessa pastoral na Igreja Católica. Pode-se dizer que, no momento em que algum padre ou membro da Igreja soube acolher e atender um irmão nômade, começou a existir esse serviço pastoral.

No Brasil, oficialmente, a Pastoral dos Nômades foi criada em 1985, com o então bispo de Caxias do Sul, Dom Benedito Zorsi, e o padre Renato Rosso. Padre Renato, um italiano com experiência no trabalho com o povo nômade, fixando residência no Brasil, morou com os ciganos e organizou a pastoral.

O povo cigano surgiu na Índia entre os anos de 500 e 1000 d. C. e se espalhou pela Europa. No Brasil, há relatos que o primeiro cigano chegou no ano de 1547.

Em terras brasileiras são mais de 800 mil ciganos, e no mundo mais de 36 milhões. 
No país, concentram-se mais nas regiões sudeste, nordeste e centro-oeste.

Atender pastoralmente a essa população exige compreensão e respeito às tradições, hábitos, língua e cultura próprias desse povo. Padre Wallace Zanon, que atua na Pastoral dos Nômades, realizou uma experiência de imersão na cultura cigana. Morou durante quatro anos em acampamentos nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Dessa experiência, conta que só conhecendo os ciganos para poder compreender o seu modo de vida e esclarece que os inúmeros preconceitos que este povo sofre são fruto de pontos de vista equivocados

Padre Wallace destaca que conheceu um povo que valoriza a unidade familiar e vive a partir da partilha. “A família é o sustento, é a vida deles. Eles vivem em função das famílias. No acampamento ninguém passa fome. Quem está de fora não conhece. Quando a gente conhece de fato o povo cigano, a gente percebe que há coisas muito belas”, disse ao A12.

:: Beato Zeferino Malla, cigano e mártir da Igreja Católica

O diretor destaca ainda que a grande maioria dos ciganos são católicos, embora vivam dentro de uma religiosidade popular própria de sua cultura. Batizam seus filhos e valorizam o sacramento do matrimônio, a catequese e as celebrações litúrgicas. Ainda segundo padre Wallace, a proposta da pastoral para os próximos anos é conscientizar e motivar as dioceses onde existam esses povos a iniciarem esse trabalho.   

Vaticano e o povo cigano

O Vaticano, por meio do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, preocupado com o atendimento pastoral desses povos, redigiu e lançou, em 2005, o documento ‘Orientações para uma Pastoral dos Ciganos’.  Em junho de 2011, o Papa Bento XVI discursou para mais de 2000 ciganos, que estavam celebrando o 150º aniversário do nascimento e o 75º aniversário do martírio do beato cigano Zeferino Giménez Malla, padroeiro da Pastoral dos Nômades e Ciganos.  Na ocasião, o Papa dirigiu palavras de conforto ao povo cigano. “Vocês estão na Igreja! Vocês são uma parte muito amada do Povo de Deus peregrino e nos recordam que não temos aqui embaixo uma cidade permanente, mas buscamos aquela futura”. 

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