Ouça "Utopia" de Padre Zezinho como conto sertanejo

Inspirado pela forma muitas vezes errônea de como as famílias se relacionam nos tempos modernos e que poderia ser diferente, Padre Zezinho escreveu em1975 a música “Utopia” em que um adulto relembra sua infância e o modo simples de ver a vida em torno do lar.

Utopia é uma ideia de civilização perfeita, fantástica, imaginária. É um plano que parece irrealizável, uma fantasia, um sonho. Ao pé da letra, a palavra que vem do grego ou+topos significa “lugar que não existe”.

A Rádio Aparecida celebra o 59ª Dia do Sertanejo com um conto inspirado nesta canção, celebrando a vida muitas vezes sofrida, mas feliz e contente do homem sertanejo e sua família.

Utopia
por Padre Zezinho

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar

No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar

Meus pais não tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar

Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso E seu olhar

Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava

E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava

O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então queria
Ver papai cantar com a gente

Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente

Correu o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a tem

Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém

E há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais

Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chamam a isso de utopia
Eu a isso chamo paz

Conto Utopia – baseado na canção do Padre Zezinho

Texto e produção: Marcos Tiago Fortes
Edição: Luis Cláudio
Coordenação: Edson Almeida
Direção: Padre Inácio Medeiros, C.Ss.R.
Com as vozes de: Kleber Oliveira, Ivanilda Ayres, Luiz Henrique, Thaís Souza, Arthur Fortes e Padre Zezinho.

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