Por Marília Ribeiro Em Assembleia Geral CNBB Atualizada em 09 MAI 2019 - 08H39

57ª AG CNBB: Bispo enfatiza o sofrimento dos povos indígenas no Brasil

Nesta quarta-feira (8), a 57ª Assembleia Geral da CNBB realizou mais uma coletiva de imprensa no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário de Aparecida. Participaram do encontro com os jornalistas: Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Dom João Inácio Müller, Bispo da diocese de Lorena (SP). Os temas desse oitavo dia da AG CNBB foram: A realidade dos povos indígenas no Brasil e as Novas Comunidades.

O clamor dos povos indígenas

Dom Roque iniciou afirmando que “falar sobre a questão indígena no Brasil é um desafio, já que o país não quer respeitar a carta maior que é a Constituição”. Ele apresentou alguns dados do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), compactuados pela própria Fundação Nacional do Índio (FUNAI). “No Brasil temos 305 povos indígenas. 114 são povos em situação de isolamento livre. Das 1275 terras dos povos, somente 401 estão demarcadas e 304 em processo de regularização, e 537 ainda são reivindicadas pelos povos. Entretanto, não temos nenhuma providência administrativa de demarcação das terras.”

Ivan Simas
Ivan Simas


O presidente do CIMI salientou que os povos indígenas estão sendo atacados com requintes de crueldade, “desde a campanha eleitoral do ano passado, com discursos racistas que associam os povos indígenas com inimigos a serem combatidos e um empecilho para o desenvolvimento do país”. Atualmente, até as terras demarcadas estão sendo invadidas e loteadas pelo garimpo, agronegócio e extração madeireira.

Ele recordou a restruturação dos órgãos relacionados aos direitos indígenas, que hoje está na pasta da Família, Mulher e Direitos Humanos. “Nós enfrentamos hoje essa postura de um governo que disse que não demarcaria mais nenhum centímetro de terras indígenas. A demarcação é um direito constitucional”, enfatizou Dom Roque.

O bispo finalizou expressando esperança com a realização do Sínodo da Amazônia, proclamado pelo Papa Francisco para o mês de outubro deste ano. “Acreditamos que o Sínodo da Amazônia nos ajudará a estarmos mais sensibilizados e capazes de perceber não só o grito da criação, mas também o grito dos povos que clamam por vida, por justiça e por dignidade”.

As novas comunidades são graça dentro da Igreja

Dom João falou sobre o surgimento cada vez mais expressivo das chamadas Novas Comunidades e trouxe dados históricos, afirmando que, “bem antes do 'evento Jesus Cristo', nós já temos expressões de vida religiosa, expressões organizadas também de maneira muito diversificada”.

Ivan Simas
Ivan Simas


Ele lembrou também a criação da primeira nova comunidade no Brasil, a Canção Nova, em 1978, seguida do Shalom e diversas outras, explicando que foi a partir disso que surgiram questões e a necessidade de formular um documento que fosse um “norte, a partir do qual nos pudéssemos nos orientar”. Esse trabalho teve início com o desafio lançado pela Conferência Religiosa do Brasil (CRB) à CNBB, há oito anos.

Diante disso, Dom João falou da importância da assembleia deste ano aprovar pelo menos um texto de estudo sobre a temática das novas comunidades. "Sabemos que, na Igreja, os carismas sempre surgiram. São dons do Espírito Santo. Os bispos precisam acompanhar esses carismas e ver se essas comunidades têm uma expressão de evangelização ou apenas um desejo de uma pessoa que se proclama fundador(a)", concluiu.

Reveja a coletiva na íntegra:



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