A quarta Coletiva de Imprensa da 58ª Assembleia Geral da CNBB tratou, nesta quinta-feira (15) da realidade pandêmica no Brasil e a trajetória da Ação Solidária Emergencial “É tempo de Cuidar”, que lança agora a segunda fase.
Participaram, o Bispo de Roraima (RR), segundo vice-presidente da CNBB e presidente da Cáritas Brasileira, Dom Mário Antônio da Silva; o Arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo Steiner, e o Arcebispo de Florianópolis (SC), Dom Wilson Tadeu Jönk.
O bate-papo com a imprensa iniciou com a fala de Dom Leonardo, que fez um retrospecto do último ano de pandemia. O Arcebispo partilhou ações e citou situações difíceis neste tempo.
Ele conta que a Igreja, de modo geral, aprendeu muito a vencer desafios como o de levar celebrações aos fiéis por meio de transmissões pela internet, mas que também ocorreu situações em que a Igreja teve de ser consolo, marcando presença até em cemitérios. “Imagine chegar em cinco pessoas no cemitério e a família não poder nem mesmo tocar no caixão. Foi um momento muito difícil”.
Leia MaisPapa aos bispos e brasileiros: “Nossa esperança nos dá coragem para nos reerguemos”A Igreja teve de se fazer presente tomando atitudes e fazendo presença não só de modo celebrativo, mas na solidariedade. “Quando você tem em sua porta um casal com cinco crianças passando fome e pedindo comida, a reza é importante, mas a fome precisa ser sanada. Neste momento é hora de fornecer a cesta básica”.
O Arcebispo de Manaus também falou a respeito de quem se aproveitou da pandemia para explorar o garimpo ilegal, a retirada de madeira. Lembrou, inclusive, que vários indígenas foram mortos. Há também um problema seríssimo nas grandes cidades amazônicas. Metrópoles como Manaus, contam com menos de 3% de coleta de esgoto. Todo o resto vai para os rios.
O lado bom, segundo o Arcebispo, é que existe uma comunhão muito grande dos bispos da região e um trabalho muito importante sendo feito.
Dom Wilson Tadeu relembrou que, no fim do ano, em Santa Catarina, o cenário pandêmico estava diminuindo, mas com a chegada da segunda onda, logo depois, a gravidade triplicou de tamanho, o que fez revelar a precariedade do sistema hospitalar.
Diante disso, a Igreja se colocou imediatamente em serviço, inclusive dialogando com a prefeitura e com membros de outras religiões.
Desafios, como, por exemplo, o aumento da população de rua vieram à tona rapidamente.
Já Dom Mário trouxe detalhes sobre a ação nacional da CNBB e Cáritas Brasileira que teve início em 2020, no Domingo de Páscoa, com o objetivo de estimular a solidariedade, por meio da arrecadação de alimentos, produtos de higiene e limpeza. “É tempo de Cuidar”, agora chega em sua segunda fase, iniciada no Domingo da Misericórdia de 2021.
A iniciativa também incentiva a ajuda espiritual às pessoas, promovendo o cuidado no campo religioso, humano e emocional.
Para se ter uma ideia, o último balanço, apontou 823 ações registradas em 140 arquidioceses e dioceses brasileiras, com a marca de 5,9 milhões de quilos de alimentos doados. Em recursos financeiros, a campanha atingiu R$ 4.523.832,00.
Em sua primeira fase, a campanha produziu e distribuiu para as populações mais vulneráveis cerca de 717 mil quentinhas, arrecadou e distribuiu 727.832 mil unidades de roupas e calçados, 411.580 kits de higiene e 414.114 mil equipamentos de proteção individual. Mais de 1,1 milhão de pessoas foram beneficiadas.
Dom Mário reforça que a ação quer ouvir o clamor das famílias necessitadas, que não têm alimento, trabalho, moradia, que vivem o luto e que procuram até mesmo remédios e medicamentos. É tempo de Cuidar socorre as populações vulneráveis, desempregados e também imigrantes e refugiados. “É bonito de ver grupos se organizando, para arrecadar alimentos, máscaras, doar sangue”, conta o Bispo.
Ele relembrou que entramos novamente no mapa da fome. “Quando a fome entra pela porta, ela não sai rapidamente pela janela. É preciso enfrentar a fome, o luto, a tristeza. Que aconteça com todos uma Páscoa integral”.
Outro aspecto importante respondido pelo bispo a uma jornalista é o respeito e reconhecimento da ciência. Para o Bispo de Roraima, políticos realmente deveriam se empenhar à luz da ciência e o reconhecimento daquilo que é eficaz à população, que fosse algo muito além do embate.
Durante a coletiva também foi lembrado o grande número de padres e bispos que faleceram da Covid-19 e que existem iniciativas de acolhimento espiritual e atenção aos sacerdotes.
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