No último dia 11 de setembro, celebramos o Dia do Cerrado, mas infelizmente não há muito o que comemorar quando se fala deste importante bioma do Brasil, devido ao acelerado processo de destruição e a falta de manejo adequado. Em consequência, grandes áreas do território incluído neste bioma estão se transformando no chamado cerradão, que é uma formação florestal pobre em biodiversidade, onde as espécies típicas do Cerrado se misturam com outras espécies generalistas invasoras, que não são próprias do bioma.
Segundo a plataforma Mapbiomas, que usa imagens captadas por satélite, entre 1985 e 2023, o cerrado perdeu 38 milhões de hectares, o que representa uma redução de 27% na vegetação original. Dos dez municípios mais desmatados em 2023, oito estão no Cerrado.
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e cobre cerca de um quarto do território nacional. Em Mato Grosso, por exemplo, o bioma ocupa aproximadamente 360 mil quilômetros quadrados, correspondendo a 40% da área total do estado. Entretanto, a maior parte da população não sabe da importância deste tipo de vegetação e que, sem ela, há um grave risco para a sobrevivência de importantes rios do país.
Cerrado é um grande produtor de água
Tendo a Amazônia como foco de atenção principal, é muito grande a falta de preocupação da população em relação a este bioma, registrando-se também um pequeno conhecimento sobre ele.
Pouca gente sabe que o Cerrado é uma das mais importantes fontes de água do país e que das 12 maiores bacias hidrográficas presentes no Brasil, 8 nascem no Cerrado. As nascentes dos rios que formam o Pantanal estão no cerrado, sendo que este bioma depende disso para manter o ritmo da biodiversidade local.
A vegetação do Cerrado, que se caracteriza como uma savana, composta por árvores tortuosas, plantas rasteiras, gramíneas e arbustos, é fundamental para carregar reservatórios subterrâneos e abrigar nascentes e bacias de rios, que percorrem por todo o país.
Enquanto muita gente pensa que o “berço das águas” do Brasil é a Floresta Amazônica, a precipitação de chuvas ao longo do ano no cerrado é fundamental para manter o ecossistema.
Desmatamento avança
Na maioria das vezes, quando se fala em desmatamento no Brasil, a atenção e os olhares se voltam para a Floresta Amazônica, mas a área desmatada no cerrado é maior do que na Amazônia.
É preciso que os olhos do Brasil e o interesse da mídia se voltem para o Cerrado, estimulando a população a conhecer e valorizar o Cerrado, se posicionando contra o intenso processo de desmatamento e queimadas que afetam a sua biodiversidade.
Na verdade, é necessário que os seis biomas que cobrem o território brasileiro recebam a mesma atenção, pois a destruição dos pampas, por exemplo, em explica em parte as chuvas intensas e as enchentes que ocorreram no sul do Brasil, pois os estados que formam esta região também perderam em grande parte a sua cobertura vegetal. E nas áreas onde a terra está sem cobertura vegetal a tendência é de que os problemas ecológicos se agravem cada vez mais.
Como a legislação brasileira é muito frágil, sendo fácil de ser burlada, o desmatamento avança motivado pelo agronegócio e formação de pastagens, principalmente na área conhecida como Matopiba, sigla formada pelas iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É nessa região que fica São Desidério–BA, o município mais desmatado do país em 2023, quando perdeu 40.052 hectares de vegetação.
Em oito meses, fogo no cerrado consumiu área do tamanho da Suíça
Entre janeiro e agosto de 2024, o fogo consumiu 4 milhões de hectares de mata no cerrado brasileiro, sendo 79% de vegetação nativa. Esse valor representa um aumento de 85% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 2,2 milhões de hectares foram queimados.
O Código Florestal determina que uma propriedade privada na região do Cerrado deve preservar pelo menos 20% da vegetação nativa, mas esta percentagem deveria ser maior. Além disso, seria necessário criar novas Unidades de Conservação (UCs), onde normas de exploração do território são bem mais rigorosas.
O cenário de devastação se tornou um pouco mais visível neste ano devido à seca prolongada e ao maior ciclo de queimadas que o país enfrentou em todos os tempos, mas sua destruição precisa ser controlada para que o clima volte a ser regulado e para os setores econômicos, principalmente o agronegócio, que depende do clima e dos recursos hídricos no cerrado não sofra maiores prejuízos.
Embora o cerrado possua alguns tipos de vegetação que sofrem menos com as queimadas, as secas frequentes e temperaturas extremas tem alterado todo o processo e a vida do ser humano desta região e do país como um todo tem sido sua grande vítima.
O papel da população na luta contra a crise climática
José Roque Junges, professor, pesquisador e doutor em ética teológica, escreveu um livro chamado “Para entender - A questão ambiental”, onde ele aborda diversos aspectos importantes para entender a complexidade da questão ambiental.
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