Na compreensão popular, quando se fala em economia, estamos falando do dinheiro, dos investimentos, das finanças e outras realidades do gênero. Mas a economia não se limita somente a isso, tratando - em primeiro lugar e principalmente - das escolhas que as pessoas fazem todos os dias.
Em geral, as pessoas individualmente e os países como um todo, possuem desejos quase que ilimitados. Porém, como bem sabemos, os recursos da terra são limitados e, se forem explorados largamente e sem controle, como já acontece em alguns casos, logo chegarão à exaustão.
Busca pela sobrevivência no planeta
O comportamento e as atitudes das pessoas e da sociedade diante do desafio fundamental de viver ou sobreviver neste mundo determinarão o rumo da economia e, logicamente, da permanência do ser humano em nosso planeta.
A busca pelos bens e riquezas em primeiro lugar é parte deste esforço de sobrevivência, mas quando originam a corrida desenfreada pelo lucro, que vai favorecer o bem estar de poucos, acabam trazendo amargas consequências naquilo que historicamente ficou conhecido como “capitalismo selvagem”.
Esta expressão é utilizada para falar de um sistema onde ocorre a concorrência ferrenha entre empresas, que visam dominar setores estratégicos do mercado ou de países que empreendem uma luta feroz pelo domínio de setores considerados vitais. Nesta corrida, como tristemente se afirma, “os fins justificam os meios”, ou o mais importante é “levar vantagem em tudo”.
Neste estado de selvageria econômica, o ganho financeiro se torna mais importante que a vida das pessoas ou a estabilidade do planeta.
O bem maior é sempre a pessoa
O conceito de "capitalismo selvagem" está ligado a outras realidades, como por exemplo, a política dos países ricos que exploram as riquezas da terra sem consideração a qualquer noção preservacionista e autossustentável, com a banalização da morte em favor do capital.
Neste contexto, a guerra pelo petróleo, o comércio das armas, a venda de alimentos industrializados com produtos cancerígenos, a utilização desenfreada dos agrotóxicos, o superaquecimento do planeta, o desmatamento, as queimadas ou a morte pela fome, tudo tem sua justificativa e consideração de “normalidade”.
Por outro lado, diversos papas, em seus pronunciamentos e vários documentos pontifícios, têm se batido pela valorização do ser humano, cuja integridade se coloca acima da busca desenfreada pelo lucro. O bem maior sempre foi e sempre será a pessoa e o bem comum!
Economia e espírito quaresmal
Em nosso país, estamos vivendo um contexto de desequilíbrio econômico do qual o aumento excessivo da inflação é a faceta que mais aparece, gerando um cenário de incertezas para toda a população, especialmente para aquela parcela de baixa renda. Os malefícios do sistema provocam o empobrecimento geral da população, com o aumento da fome, perda de qualidade na saúde e educação, além de ver o país perder tudo o que havia conquistado em alguns anos.
Não podemos nos acostumar com a realidade de desequilíbrio, e nem a fome pode ser considerada algo “normal” num país de tantas riquezas e possibilidades! Também não se pode aceitar o conceito de que "o pobre é assim porque não é dado ao trabalho", numa sociedade onde as oportunidades não são iguais para todos.
ÉLeia MaisO sentido espiritual do JejumJejum, penitência e oração: pilares quaresmais muito pertinente nos debruçarmos sobre a finalidade social da economia, sendo a Quaresma um tempo oportuno para redobrarmos a atenção pelo bem comum e pela defesa da vida e integridade do ser humano.
Quando tradicionalmente a Igreja propõe o jejum e a esmola como exercícios quaresmais, ela não está falando simplesmente de atitudes externas, mas de um modo de viver marcado pela fraternidade e pela valorização do outro.
A fome de todo dia que afeta milhões de pessoas em nosso Brasil, não pode ser, em hipótese alguma, igualada ao jejum quaresmal.
Jejum, esmola e abstinência quaresmais só têm sentido enquanto nos privamos de algo que nos é necessário para socorrer as necessidades de outro que nada tem, em vista de um mundo mais justo, fraterno e igualitário.
O papel da população na luta contra a crise climática
José Roque Junges, professor, pesquisador e doutor em ética teológica, escreveu um livro chamado “Para entender - A questão ambiental”, onde ele aborda diversos aspectos importantes para entender a complexidade da questão ambiental.
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