Espiritualidade

Intolerância, tolerância e prudência

Dante Ricardo Carrasco Aragón

Escrito por Dante Aragón

16 AGO 2021 - 00H05 (Atualizada em 16 NOV 2021 - 09H56)

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Continuamos, todos os dias, vendo nas redes sociais, pessoas brigando entre si. Também tenho visto em debates, posturas de católicos que, diante de temas polêmicos, se afastaram da sua fé ou da Igreja por “discordar” de certas atitudes ou visões dela. Será que o problema é só a falta de tolerância?

Podemos falar de vários tipos de intolerância, como a sexual, racial, religiosa, política. A intolerância religiosa é, muitas vezes, disfarçada sob a forma de laicidade, como pretexto para uma postura de neutralidade e imparcialidade dentro da ciência e da política. Porém, na verdade, existe é uma agenda ideologizada contrária à religiosidade e, em especial, à fé católica. Isto podemos perceber em algumas ciências modernas, como também na governança de vários países do Ocidente. E podemos ver esta intolerância religiosa nos debates em temas polêmicos como o aborto, a eutanásia, ou a ideologia de gênero. Chegou-se ao cúmulo de se ter como slogan “religiosidade é uma doença”.

Com certeza, diante da intolerância, devemos ser tolerantes, pois, por meio da tolerância promovemos a igualdade de direitos. Porém, eu penso que, mais que da tolerância, o que o mundo precisa é de respeito, em primeiro lugar à verdade, respeito aos outros e sempre com empatia. O diálogo funciona melhor, porque quando uma pessoa está acostumada a dialogar e se encontrar com os outros de verdade, está predisposta a bem conviver e tolerar as diferenças e a aprender com elas.

Leia MaisA virtude do acolhimentoEntretanto, a tolerância deve partir das virtudes, em especial da prudência. Nosso tempo está muito sensível às exigências da justiça e à tolerância, mas não com relação à prudência, que a precede e lhe dá sentido.

Segundo São Tomás de Aquino, na sua obra prima “Suma Teológica”, “A prudência é a regra da reta ação” (Sum. Th. II-II,47,2). E, segundo o Catecismo: “A prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir em toda circunstância nosso verdadeiro bem e a eleger os meios retos para realizá-lo”. (CIC, 1806). A prudência é como a mãe das demais virtudes, e é muito necessária na atualidade, por causa da quantidade de informações que devemos, constantemente, discernir e interpretar.

Esta prudência está intimamente ligada com a verdade. É assim que podemos ver o Senhor Jesus agindo com prudência e com a verdade diante de situações que não podem ser toleradas, como quando expulsou os vendilhões do Templo. Nós devemos agir, usualmente com tolerância, porém, lembrando que existem limites que exigiram a nossa resposta prudente e caridosa, caridade na verdade.

Por último, penso que devemos trabalhar na nossa identidade como cristãos católicos, estudar e viver melhor as virtudes teologais e cardeais, pois, dessa maneira, poderemos conviver e crescer na construção de um mundo melhor, assim restaurando tudo em Cristo.

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Dante Ricardo Carrasco Aragón
Dante Aragón

Peruano, é administrador, mestre em Psicologia, especialista em antropologia cristã e participa do Movimento de Vida Cristã em Petrópolis

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