Espiritualidade

Por que devo confessar-me?

Martín Ugarteche

Escrito por Martín Ugarteche Fernández

29 MAR 2021 - 10H08

Gustavo Cabral

O sacramento da Confissão ou da Reconciliação é um dos canais ordinários pelos quais Deus quer comunicar-nos a sua graça. É um sacramento, ou seja, uma ação eficaz de Deus, e que, neste caso, se conecta diretamente com o Batismo (pois o Batismo nos obtém o perdão de todos os pecados) e com a Eucaristia, pois purifica nossos corações para participar da Comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo.

Leia MaisQual a diferença entre o Ato Penitencial e a Confissão? Como posso me preparar para uma boa confissão?Sacramento da confissão: Preparar o coração para viver a Páscoa do SenhorA forma atual da celebração da confissão passou por toda uma evolução, na qual a Igreja foi amadurecendo, guiada pelo Espírito Santo, naquilo que foi revelado pelo Senhor Jesus aos seus Apóstolos. Com efeito, Jesus disse a eles: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23). Com este mandato, Jesus confia à Igreja a continuação da sua missão na terra, que foi a de libertar o povo dos seus pecados (Cf. Mt 1,21; Jo 1,29).

No coração do anúncio evangelizador da Igreja se encontra o chamado à conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esta conversão, na vida pessoal de cada cristão, embora possa ter momentos mais intensos, é um caminho que se estende durante toda vida, uma luta constante contra o pecado. Diante das quedas, dos retrocessos, da nossa mediocridade, Deus não nos abandona, mas nos oferece seu perdão e misericórdia no Sacramento da Reconciliação, para retomarmos com mais ardor o caminho, porque sabemos que nosso sustento não se encontra nas nossas próprias forças, mas na sua misericórdia.

shutterstock
shutterstock

Recordo que uma vez uma amiga me perguntou sobre a necessidade de confessar-se com um sacerdote. Por que não confessar-se diretamente com Deus? A verdade é que podemos sempre pedir perdão a Deus por nossos pecados. A Igreja nos ensina que sempre que realizamos atos perfeitos de contrição, obtemos de Deus o perdão dos pecados*. Porém, o que acrescenta propriamente o sacramento da Confissão, cujo ministro na Igreja, por determinação divina, é o sacerdote ordenado?

Parte da resposta já está implícita na formulação da pergunta. No sacramento, independentemente da santidade do ministro, temos a certeza da ação eficaz de Deus, que nos perdoa os pecados. Há, porém, outra razão: os nossos pecados não são somente um assunto entre cada um de nós, individualmente, e Deus. Por causa da Comunhão dos Santos, da unidade que existe entre todos os cristãos, cada um dos nossos pecados, por mais escondido que seja, afeta todos os demais, enfraquece a comunhão, debilita os demais membros do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Por isso é importante pedir perdão a um ministro autorizado de todo esse Corpo, que é, por instituição divina, o sacerdote ordenado.

Peçamos a Deus Pai, Filho e Espírito Santo que fortaleça a nossa Fé, para acreditar na Igreja, santa e pecadora, que carrega um tesouro em vasos de barro. Que essa Fé nos alente à confissão frequente. Como dizia São João, quem diz que está livre de pecado, mente (Cf. 1Jo 1,8). Lembremos também o que dizia São Paulo sobre a importância de receber o Corpo de Cristo devidamente preparado (Cf. 1Cor 11,27).

Que a consciência da própria fragilidade e o desejo de receber Cristo em nossos corações nos levem, cada dia mais, a valorizar o Sacramento da Reconciliação em nossa caminhada de vida cristã!

*Vale a pena acrescentar que, no que se refere ao ato de contrição perfeita, é impossível ter plena certeza de tê-lo realizado. Nesse sentido, sempre que possível, o melhor é buscar o perdão sacramental, no qual Deus, por meio do seu ministro, perdoa os nossos pecados com toda certeza.

Escrito por
Martín Ugarteche
Martín Ugarteche Fernández

Peruano, membro do Sodalício de Vida Cristã. No Brasil, desenvolveu diversos projetos de evangelização da cultura, como o Concurso Literário Histórias de Natal e a Exposição Fotográfica Vida em Movimento. Doutor em Filosofia, por muitos anos foi professor. Atualmente reside em Roma, onde é responsável de uma das comunidades do Sodalício na Itália e faz parte da equipe de formação. Lançou um curso on-line de filosofia cristã, que é oferecido pelo Centro de Estudos Católicos na sua plataforma digital.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Redação A12, em Espiritualidade

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...