Por Cankin Ma Lam Em Espiritualidade Atualizada em 27 JUL 2020 - 09H52

Quais as disposições interiores para o “novo normal”?

perfectlab/ Shutterstock
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Embrulhadas em papel e guardadas numa caixa. Desmontadas e amontoadas. Cada uma tirada das nossas salas. As caixas, guardadas até o ano seguinte.
A magia no ambiente parece ter acabado.

Mais ou menos assim pode ser descrita a sensação após acabar o Natal. Liturgicamente chamamos Tempo Comum ao que vem depois dele. Observe-se que as cores e os ornamentos nas capelas também são trocados.

Mudança nos tempos e nas etapas. Parece que nossa vida é feita por ciclos que vêm e vão. No início da quarentena, milhões de perguntas nos circundaram. Hoje, vários elementos ficam mais claros enquanto outros precisam ir se desvelando.

Vários nos preparamos para um “novo normal”, cada um segundo sua condição. Retomando aos poucos o transporte público, os horários de trabalho, os encontros com entes queridos e, com a graça de Deus, a participação nos Sacramentos.

Shutterstock.
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A imagem inicial, de
guardar as coisas de Natal (presépio, árvore, enfeites) pode parecer o contrário do que vivenciamos agora. Por uma parte, porque os últimos meses não se caracterizaram por ser particularmente alegres ou revigorantes. Por outra, porque a situação não será resolvida guardando até o ano seguinte os enfeites da temporada.

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Em todo o caso, o elemento para o qual quero chamar a atenção é a percepção do tempo. Seja na passagem do Natal ao Tempo Comum, seja da quarentena à retomada dos ritmos das nossas cidades, a mesma pergunta pode ser feita: Qual o sentido do tempo? Que valor dar às épocas/temporadas difíceis ou menos alegres?

Seguindo a explicação do Catecismo sobre o Quando celebrar, pode ser afirmado que “o ano litúrgico é o desenrolar dos diferentes aspectos do único mistério pascal” (Catecismo, 1171). Entenda-se por ano litúrgico não apenas um calendário que dá uma lista de celebrações religiosas, mas o mistério da Encarnação pelo qual o Deus Vivo penetra e transforma o tempo. Com Cristo, o tempo não é mais uma coisa que passa e se acaba; o tempo é Ele mesmo vindo a encher tudo com seu Mistério.

Nosso olhar para os tempos alegres e tristes, os tempos altos e baixos, os tempos de quarentena e de “normalidade”, nosso olhar sobre tempo deve ser informado pelo acontecimento salvífico da Encarnação de Cristo e da sua Páscoa. Pois Nele “o fim da história é antecipado, pregustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo” (Catecismo, 1168).

Quais as expressões necessárias para nossa espiritualidade hoje, num “novo normal”? Difícil dizer ao certo. Cada um encontrará e reencontrará muitas coisas, ressignificará outras e deixará de lado outras tantas.

Qual é a forma para o “tempo novo” que encaramos? É Cristo.

Na medida em que ele estiver cheio de Cristo, iremos na direção correta. Deixemos que sua Vida penetre os nossos afazeres do dia a dia. Talvez da mesma forma que Ele encheu de cores, sons e cheiros os últimos dias de dezembro, com o mistério do seu Nascimento...

Escrito por
Cankin Ma 2020 (arquivo pessoal)
Cankin Ma Lam

Nascido no Equador, filho de pai chinês é apóstolo de plena disponibilidade no Sodalício de Vida Cristã. Atualmente faz caminho ao sacerdócio e estuda teologia na Universidade Católica de Petrópolis.

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