A Quaresma é o período do ano litúrgico em que se celebra um fato especial: a Ressurreição de Cristo e a libertação da humanidade do pecado e da morte, para entrar na vida da graça. Por isso, o tempo quaresmal é uma viagem de regresso a Deus.
Neste tempo favorável, somos chamados a reencontrar as rotas da nossa vida. Mas a pergunta é: Vivo uma Quaresma com sentido e interioridade? Ou vivo uma Quaresma de status e rotineira? É isso que somos convidados a refletir.
A humildade deve ser o primeiro sentido da nossa caminhada quaresmal, pois só quem é humilde se inclina para receber as Cinzas e reconhece que veio do pó e ao pó voltará. Estamos no mundo para caminhar da cinza à vida e, por isso, nossos sacrifícios e jejuns devem agradar a Deus, e não aos homens.
É de conhecimento geral de que, a cada ano, durante as 5 semanas da Quaresma, façamos algum tipo de sacrifício, como não tomar refrigerante, não comer chocolate, não comer carne, etc.
Mas qual é o valor desses sacrifícios, se o meu coração está tomado pelo ódio, pelo orgulho, pela mentira, pela vaidade? Que sentido têm os meus sacrifícios e jejuns, se os faço só para que as pessoas vejam que estou fazendo? Nenhum!
Por isso a palavra de Deus nos fala que "quando jejuardes não demonstre aos homens, mas sim ao Pai que está oculto, pois somente o Pai te dará a recompensa" (cf. Mt 6, 16-18). Lembremos que o jejum não se limita somente a alimentos; na Quaresma somos convidados a jejuar daquilo que nos causa dependência!
Somos chamados também neste tempo a praticar a caridade, que nos liberta do pior tipo de escravidão: a escravidão do 'eu'. O Papa Francisco nos fala que "se a oração for verdadeira, não pode deixar de se traduzir em caridade". Somos chamados a fazer o bem sem fingimento, pois o Senhor não quer que nós façamos somente obras de caridade. Ele quer que nós façamos essas obras sem falsidade nem hipocrisia, porque a hipocrisia é a imundície que Jesus nos pede para remover.
Leia Mais15 simples atos de caridade de que costumamos esquecerPor isso, "quando fizermos caridade, não sejamos como os hipócritas, que fazem caridade por aparência, para serem bem vistos e elogiados"; a aparência é uma doença espiritual. A caridade feita sem holofotes e sem status nos traz paz ao coração e agrada ao Pai, que vê o que está oculto e nos dá a recompensa.
Da mesma forma, não adianta todos os anos vivermos uma Quaresma rotineira, fazendo jejuns e realizando caridade externamente. De fato, só iremos viver uma verdadeira Quaresma quando rasgarmos o coração, e não as vestes.
Diante desses esclarecimentos, somos chamados a viver uma Quaresma com um verdadeiro sentindo e propósito. Com o sentido de realizar jejuns e sacrifícios para agradar a Deus e com o propósito de uma vida nova, pois a Quaresma é um tempo que o Senhor nos deu para voltarmos a viver, sermos curados interiormente e caminharmos para a Páscoa.
Que Deus nos dê força e coragem para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma, e que a penitência nos fortaleça no combate contra o espirito do mal.
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