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História da Igreja

Conclave, entre tradição e modernidade

A instituição foi criada para evitar o prolongamento da Sé vacante. É necessária uma maioria qualificada de dois terços dos votos para eleger o Pontífice.

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

07 MAI 2025 - 09H21 (Atualizada em 07 MAI 2025 - 13H04)

A partir deste dia 07 de maio, os olhos do mundo mais uma vez estão voltados para Roma, acompanhando o conclave que elegerá o sucessor do Papa Francisco.

Este será o 76º conclave na história da Igreja e o 26º realizado sob os auspícios da cena do Juízo Final de Michelangelo, na Capela Sistina, de Roma.

A iminência de um conclave

A morte e a renúncia são as formas que exigem a sucessão de um Papa. No caso da morte, existe um procedimento que vai da confirmação médica do ocorrido com o Papa até a eleição do novo pontífice.

Depois da confirmação de sua morte, os cardeais são convidados para o funeral, incluindo aqueles que são votantes para a eleição do novo pontífice. O período compreendido entre a morte ou renúncia de um papa e a eleição de seu sucessor é chamado de Sede Vacante, mesma coisa que “assento vago”, numa tradução popular.

Depois das cerimônias relacionadas com o sepultamento ou com a renúncia, os cardeais eleitores, que são os que têm menos de 80 anos, reúnem-se em conclave para a eleição do novo papa até 15 dias depois da vacância da Sé Apostólica, embora o Colégio cardinalício possa estabelecer outra data, que não pode ser adiada por mais de 20 dias a partir da vacância.

O local habitual de reunião do conclave é a Capela Sistina, dentro do Vaticano. No século XIX, porém, diversos conclaves foram feitos no Palácio do Quirinal, em Roma. O último que aconteceu fora de Roma foi em Veneza, em março de 1800, após a morte de Pio VI, uma vez que Roma estava ocupada pelas tropas de Napoleão Bonaparte.

A eleição se faz por votação, escrutínio após escrutínio, através de voto individual e secreto dos cardeais eleitores, e o papa só é eleito com dois terços dos votos. Duas votações devem ser feitas a cada dia, mais uma votação na noite em que o conclave começar.

A lei atual prevê também que, após 34 escrutínios em que não tenha ocorrido eleição, os cardeais escolherão entre os dois nomes que receberam mais votos no último escrutínio, mantendo-se, no entanto, mesmo no segundo turno, a regra da maioria de dois terços necessária para eleger o novo pastor da Igreja Católica.

Depois de cada eleição, as cédulas são queimadas. A tradição indica que os cardeais fazem com que a fumaça seja preta se o papa não foi eleito, ou branca se o novo papa foi escolhido. A fumaça preta ou branca pode ser vista pelos fiéis reunidos na Praça de São Pedro.

Quando acontece a escolha e o eleito aceita a missão, imediatamente revela por qual nome deseja ser chamado. Depois do juramento de fidelidade dos cardeais, acontece, então, o anúncio do nome do novo pontífice com a famosa frase: “Habemus Papam!” (Nós temos um Papa!).

Nessa hora a Praça de São Pedro, no Vaticano, já estará fervilhando de gente e a cidade de Roma e o mundo conhecerão, então, o novo sucessor de Pedro e representante de Cristo.

Reprodução/ Vatican News
Reprodução/ Vatican News

Curiosidades

A história conta que nem sempre os conclaves foram pacíficos e, mesmo havendo silêncio e desconhecimento da documentação sobre cada um deles, é possível conhecer alguns fatos ou curiosidades.



O mais longo e o mais curto. O mais longo conclave da história foi justamente o primeiro, que elegeu o Papa Gregório X. Nele, 18 cardeais se reuniram na cidade italiana de Viterbo.

Durante o longo período de quase 3 anos, a população, exasperada com a demora, trancou os cardeais no Palácio. As portas foram fechadas com tijolos e o telhado removido.

Por fim, Gregório X, arquidiácono de Liège, na Bélgica, que na época se encontrava na Terra Santa, foi chamado e eleito.

O conclave mais curto, por sua vez, foi o que escolheu o Papa Júlio II, em 1503, que durou não mais do que algumas horas.


Wikimedia Commons
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Papa eleito no dia de seu aniversário. O conclave para a eleição do Papa Pio XII durou apenas dois dias e o novo Papa foi eleito na terceira votação. Nunca, desde 1623, um conclave elegeu tão rapidamente um novo Pontífice.

No dia de seu 63º aniversário, o Cardeal Eugenio Pacelli, que era Secretário de Estado do papa anterior, foi eleito. Após escolher o nome de Pio XII, surgiu no balcão da Basílica de São Pedro apenas treze minutos depois de ter sido anunciada a sua ascensão ao posto mais alto da hierarquia da Igreja Católica.


German Vizulis/ Shutterstock
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Eleição de Pio X. No ano de 1896, Pio X havia se tornado patriarca de Veneza e, em 04 de agosto de 1903, foi eleito papa, em um conclave composto por apenas 62 cardeais. Foi ele que acabou com o chamado “Direito de Exclusão” que possibilitava a intromissão de reis e imperadores no andamento do conclave.

Wikipedia
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Papa João XXIII

Eleição do “Papa Bom”. O Cardeal-Patriarca de Veneza, Angelo Giuseppe Roncalli, de 76 anos.

Para surpresa geral, foi eleito pelo Colégio de Cardeais, sucedendo o longo pontificado do Papa Pio XII, adotando o nome de João XXIII.

Depois de dois dias e meio de votações negativas, os 51 cardeais participantes do conclave chegaram a um acordo para eleger Papa um prelado de idade avançada.

Ele pertencia ao chamado “Grupo Pastoral” da Igreja, oposto ao “Grupo Político”, que desejava um papa de impacto decisivo nos assuntos mundiais.


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A eleição de Paulo VI. O Cardeal Montini, de Milão, já deveria ter sido eleito no conclave que elegeu João XXII, mas foi escolhido como seu sucessor. Foi ele que criou a lei pela qual os bispos devem se aposentar aos 75 anos e os cardeais com mais de 80 não devem participar de conclaves.

Ele também aumentou o número de cardeais, para tornar mais representativa a administração central da Igreja e instituiu o Sínodo dos Bispos, assembleia que se reuniria regularmente, a partir de então. Paulo VI era também fervoroso defensor da colegialidade episcopal, tendo o papa como sinal de coparticipação.

Vatican News/ Reprodução
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A eleição do “papa sorriso”. Em agosto de 1978, João Paulo I foi eleito como Papa. No entanto, faleceu trinta e três dias depois, obrigando o Vaticano a organizar um novo conclave. Ele foi o primeiro a adotar um nome duplo, homenageando os dois últimos antecessores, Paulo VI e João XXIII.

Foi também o primeiro a nascer no século XX, além do primeiro, desde Clemente V (1305-1314), a recusar uma coroação formal, alegando razões de humildade. Após três escrutínios, no 4º dia do conclave, os 111 cardeais escolheram o 263º sucessor de São Pedro, o Cardeal Albino Luciani, Patriarca de Veneza, de 65 anos. Ele superou o ultraconservador Giuseppe Siri, cardeal de Gênova, até então visto como favorito.

Wikipedia
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Dois conclaves num só ano. Com a morte repentina do Papa João Paulo I, apenas 33 dias após ser eleito, um novo conclave foi convocado, no mesmo ano. No dia 16 de outubro de 1978, a fumaça branca que saiu pela chaminé indicava que, após dois dias de reclusão e oito rodadas de votação, os cardeais haviam eleito o 264º sucessor de São Pedro.

Um cardeal proclama “Habemus papam” e anuncia o nome do novo papa à multidão concentrada na Praça São Pedro. Após instantes de silêncio, o grito ecoa pelos ares: “É il Polacco!”. A surpresa foi enorme. O eleito tem apenas 58 anos e não era italiano. O último não italiano havia sido o holandês Adrian Florisce, papa Adriano VI, em 1522. O novo papa era o arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyla.

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Conclave sem surpresa. Era o dia 19 de abril de 2005: Após um conclave que durou pouco mais de 24 horas, a fumaça branca apareceu no teto da Capela Sistina, e o tradicional “Habemus Papam” anunciou aos fiéis que o Cardeal Joseph Ratzinger havia sido eleito para suceder a João Paulo II na Cátedra de Pedro, sob o nome de Bento XVI.

Sua eleição não foi surpresa e ele se tornou o 265º Papa da Igreja Católica, mas a grande surpresa veio com sua renúncia, após 8 anos de pontificado, coisa que não acontecia há mais de 500 anos.

Reprodução/ Vatican News
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Depois dele veio o feliz pontificado de Francisco e, surpresa, era o cardeal Jorge Mario Bergoglio, primeiro Papa argentino e primeiro latino-americano.


.:: Acompanhe a cobertura completa do conclave em a12.com/santo padre e pela Rede Aparecida de Comunicação

Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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