Ao longo da história, guerras e batalhas tiveram como justificativa uma motivação religiosa. Aos poucos foi se desenvolvendo o conceito de Guerra Santa. Alguns personagens considerados santos(as) pela Igreja se destacaram como combatentes. Um dos exemplos mais contundentes é Santa Joana d’Arc, considerada “a heroína de França”.
O conceito de Guerra Santa não é exclusivo da Igreja Católica, fazendo parte do ideário de outras religiões. O islamismo ainda hoje chega a propor a “jihad”, como luta e empenho de cada pessoa e de cada nação pelo seu aperfeiçoamento, inclusive com a luta armada contra os inimigos da religião, se preciso for.

Alguns elementos existentes na Igreja Católica justificavam a Guerra Santa com uma fundamentação teológica e ideológica usada pelos que a defendiam.
Santo Agostinho de Hipona considerava lícita a guerra contra o agressor injusto e também a intervenção armada contra os inimigos da Igreja.
Na liturgia da Igreja, no século VII, existia uma cerimônia de benção dos soldados e de suas armas quando partiram para o campo de batalha, e se celebrava uma missa pelo rei em tempos de guerra.
Com o tempo surgiriam os santos protetores da guerra e também a cerimônia de consagração dos cavaleiros, porque o ideal de cavalaria, tão presente na Idade Média, previa este espírito religioso com a defesa dos órfãos, viúvas e promoção dos valores da fé e da religião católica. Cada cavaleiro era um soldado de Deus, a serviço da Igreja.
Nos séculos posteriores a teologia passa a justificar a guerra contra os infiéis, hereges, cismáticos e pagãos, ganhando um ideal de cruzada, ou seja, se a guerra é santa, todo cristão devia se bater contra os inimigos da Igreja doando sua própria vida.
A pessoa, rei ou nação que se colocasse contra os princípios da fé cristã ou que ameaçasse a unidade da Igreja, automaticamente passava a ser considerado infiel, devendo ser colocado fora da Igreja e da sociedade que era, oficialmente, uma sociedade cristã. Neste tempo, a definição da Igreja como “militante” explicitava o significado literal do termo, pois a Igreja de verdade é aquela que luta!

No ano de 1095, o Papa convocou a primeira cruzada com a finalidade de libertar a Terra Santa das mãos dos infiéis e, ao todo, seriam realizadas sete cruzadas oficiais e outras tantas sem esta conotação.
As cruzadas se tornam uma Guerra Santa, pregada e dirigida pelo papa através de seus enviados, tendo um caráter supranacional, visando defender a fé e a unidade da Igreja.
O papa diretamente ou através de seus legados concedia indulgências especiais e benefícios aos que participassem. O seu estandarte era levado pelo seu representante mesmo nos combates.
A cruzada era universal, a guerra Santa não, sendo mais restrita. Muitas guerras santas receberam o apoio do papa, mas não foram convocadas por ele. A cruzada se aliava também ao espírito missionário de dilatar o Reino de Deus, com características temporais.
A ideia da cruzada também foi de encontro à piedade e religiosidade da Idade Média, pois morrer por Cristo e pela Igreja era a suprema honra e garantia de salvação eterna.
As cruzadas não conseguiram cumprir o seu objetivo inicial, mas o conceito se difundiu, influenciando nas descobertas e colonização dos continentes periféricos do mundo.
As Guerras Santas da Idade Média tinham como objetivo a defesa do cristianismo, motivadas também por outros fatores que foram sendo acrescentados como o desejo de conquistar novas terras, conquistar fama e honrarias, buscar riquezas e expandir o poder político e religioso.
Depois das cruzadas ao Oriente aconteceu a cruzada contra os cátaros ou albigenses e a Reconquista da Península Ibérica aos mouros ganha esta característica. A Reconquista foi uma guerra de longa duração entre cristãos e muçulmanos, que culminou com a sua expulsão e a formação dos reinos cristãos de Portugal e Espanha.

As guerras santas na Idade Média, além de serem extremamente sangrentas, resultando em milhares de mortes e destruição de cidades e vilas, foram responsáveis pela geração de preconceitos e conflitos entre religiões que ainda hoje persistem.
Uma guerra pode ser considerada santa?
“Histórias humanas de redenção e fraternidade das manifestações esportivas podem ser um canal diplomático original e um antídoto para pôr fim à violência e à guerra”
Papa Francisco
Muitos usam argumentos filosóficos e teológicos para justificar afirmando que uma guerra é santa se a causa for justa como a defesa da família, da pátria ou recuperação de algo roubado.
Entre os séculos IX ao XI as guerras santas se multiplicam na Europa e alguns papas como Leão IV e João VIII, prometem a vida eterna a quem delas participarem.
Nos séculos X e XI se estabeleceu a chamada “Paz de Deus”, trégua entre os beligerantes, pensando na defesa das crianças, mulheres e idosos e também dos que eram injustamente condenados. Por ela, coisas, lugares ou pessoas se tornam permanentemente imunes.
A Trégua de Deus se limitava aos tempos de guerra ou era usada para coibir a violência em certos tempos, o que sem dúvida foi um avanço significativo.
E não podemos nos esquecer que a guerra santa tem um caráter simbólico usado por líderes políticos populistas, como vimos há poucos anos no Brasil, propondo uma cruzada contra os chamados “inimigos da pátria, da família e da propriedade”.
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No pensamento da Igreja, a guerra é sempre um erro, devendo ser evitada a todo custo, pois como afirmou o Papa Francisco, “numa guerra não há vencidos ou vencedores. Todos perdem!”
Nestes últimos dias o Papa tem se batido na defesa da chamada “Trégua olímpica”, ou seja, a cessação dos conflitos em vista das Olimpíadas/2024 que acontecerão a partir de julho na cidade de Paris. Mas como uma guerra sempre envolve muitos interesses, as pessoas e países dificilmente de dispõem a ouvir os apelos do sumo-pontífice.
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