Irmã Genoveva: a 'Madre Teresa' do Brasil

Irmã Genoveva, mais conhecida como Veva, viveu 60 anos com os Tapirapé, povo Tupi-Guarani, habitante da região da serra do Urubu Branco, no Mato Grosso. Ela e suas companheiras viveram uma experiência "heroica". 

A missionária chegou ao Brasil em 1952, ao vilarejo de Urubu Branco, junto com outras religiosas. Veio com a missão de viver entre os Apyãwa da tribo Tapirapé. A experiência exigia desprendimento para viver o modo de vida indígena.

Viviam na tribo 43 indígenas. Ao chegar a tribo, o cacique Marcos disse às religiosas que tudo naquele lugar tinha valor, menos eles. “A terra vale, os peixes valem, a madeira vale, somente os Apyãwa não valem”, dizia quase chorando.

As religiosas então aprenderam a língua, os costumes e a fé local. A dedicação e o amor das freiras reforçou a auto-estima do povo Apyãwa e conseguiu unir os homens Tapirapé e as mulheres Karajá para garantir a multiplicação do povo. 

Aos 90 anos, em 2013, quando Irmã Genoveva morreu, o vilarejo Tapirapé contava cerca de mil indígenas. 

Tida como um membro da tribo, a religiosa foi enterrada na casa onde vivia, seguindo o ritual Apyãwa. Na época, o cacique exaltou o respeito com o qual o seu povo foi tratado pelas religiosas ao longo de sessenta anos de convivência. 

“Nós Apyãwa devemos a nossa sobrevivência a estas freiras”, disse o cacique.

Irmã Veva se tornou um monumento de coerência, silêncio, humildade e respeito pelo diferente. 

A exemplo de Madre Teresa na Índia, que deixou a comunidade religiosa para viver no meio do povo, as Irmãzinhas de Jesus, entre os índios Tapirapé no noroeste do Mato Grosso, são exemplos de quem se aproxima do diferente não para falar do amor de Deus, mas para ser aquele amor, para conviver, conhecer e valorizar a cultura e religião diferente.