No final do Século XIX e início do Século XX, o mundo vivia grandes e importantes transformações. Num processo lento em diversos países, a vergonha da escravidão era abolida, principalmente nas Américas, onde o Brasil figurou como a última nação a declarar livres os homens e mulheres, depois de quase 300 anos de regime escravagista.
Na Inglaterra, máquinas surgiam como o trem e as engrenagens das fábricas, surgindo o que conhecemos como Revolução Industrial, que em pouco tempo se espalhou para outros países. Era uma nova realidade, e a Vida Religiosa acompanhava as mudanças.
Este era também um contexto de injustiças sociais: os trabalhadores explorados encontraram apoio em associações. Também a Igreja deu sua contribuição. Foi, em grande parte, como denúncia à exploração para com os trabalhadores, que o Papa Leão XIII escreveu, em 1891, a Carta Encíclica “Rerum Novarum”, acompanhando as mudanças no mundo do trabalho e oferecendo luz a um tempo ao mesmo tempo novo e obscuro.
Os religiosos e religiosas deram assistência aos trabalhadores e suas famílias, em todos os lugares. Assim, já no século XX fundam-se inúmeras congregações e institutos religiosos no meio do trabalho por todo o mundo, mas também com atuação diversa e com missões espalhadas pela América, África, Ásia e Oceania principalmente. Esta propagação já havia sido iniciada no século anterior e ganhou grande força a partir de 1900.
Lembremos que estas missões em terras distantes já eram uma prática desde as eras das navegações marítimas, sendo os Jesuítas os grandes protagonistas. Praticamente todas essas congregações eram de origem europeia e, com elas, vieram novas invocações e devoções religiosas, como o Sagrado Coração de Jesus.
Também nas duas grandes guerras, os religiosos e religiosas tiveram relevância, sendo que alguns deles deram suas vidas para que muitos outros pudessem viver. Denunciaram um tempo perverso de morte em muitas regiões, nas quais regimes totalitários esmagavam a vida humana.
Aliás, os religiosos e religiosas devem ficar do lado dos que sofrem e, com eles, também sofrem e são perseguidos. Durante a segunda Guerra, cerca de 150 mosteiros, conventos e casas de institutos religiosos foram utilizados como esconderijos de judeus, somente em Roma.
A pedido do Papa Pio XII, os padres da Congregação dos Palotinos formaram uma incrível rede clandestina para salvar os judeus de toda a Europa, retirando-os até lugares seguros, do outro lado do Atlântico, como Argentina e Brasil. A eles eram oferecidos documentos falsos, emitidos pela Santa Sé.
Mas além dos palotinos, monges e monjas das mais diversas ordens e congregações esconderam e até vestiram homens e mulheres judeus com hábitos religiosos, fazendo-os viver como monges e monjas, rezando e acompanhando toda a jornada diária monástica durante os dias que lá tiveram que permanecer.
O beneditino Plácido Nicolini liderou uma rede de socorro em Assis. O jesuíta Raffaele de Ghantuz Cubbe escondeu crianças judias entre os alunos do colégio onde era reitor, e as irmãs Emerenzia Bolledi e Ferdinanda Corsetti, da Congregação de São José de Chambèry, esconderam ao menos 30 jovens judias e várias famílias no convento.
Ações do tipo foram muitas e ajudaram a salvar mais de 4.500 judeus em Roma. Para além da Cidade Eterna, o empenho corajoso do Papa Pio XII, do Vaticano e de vários religiosos e religiosas, permitiu salvar aproximadamente 897 mil judeus durante a guerra.
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