Igreja

"Tarde Te amei!": A conversão de Santo Agostinho

Doutor da Igreja mostra que Deus é misericordioso e a todo o tempo nos propõe uma vida plena

Escrito por Alberto Andrade

28 AGO 2023 - 14H46 (Atualizada em 23 ABR 2024 - 15H53)

Agostinianos

Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio”.

Autor desta frase, um dos intercessores mais queridos da Igreja tem sua conversão celebrada neste dia 24 de abril! Na página do Santo do Dia aqui do A12, você conhece com detalhes a vida de Santo Agostinho, Doutor da Igreja e um mestre como filósofo, teólogo, retórico, místico e poeta.

Mas aqui falaremos diretamente do processo de conversão do santo, passando pela incessante oração de sua mãe, Santa Mônica, do estudo da palavra de Deus, o contato com Santo Ambrósio, a profunda desolação de seus pecados e pela experiência mística com Nosso Senhor.

Conversão a partir da filosofia

No livro Confissões, uma de suas obras mais lidas, percebemos como a conversão de Agostinho não tinha sido improvisada nem plenamente realizada desde o início, mas pode antes ser definida um verdadeiro caminho, que permanece um modelo para cada um de nós.

Agostinho era entregue às paixões da carne, como bebedeira e a vida boêmia, ainda mais na questão da sexualidade. Ele, ainda jovem, teve um filho chamado Adeodato e, pelas regras sociais da época, não podia se casar com a mãe da criança. Ele até tentou manter distância da mulher (por causa de sua criação cristã), mas não podendo manter a continência, vivia em concubinato com ela.

Por muitos anos, Santa Mônica orou para que o coração e a mente de Agostinho se abrissem e para que ele pudesse ter um autêntico encontro com Cristo e, assim, ser reformado e reorientado para a vontade de Deus.

O Senhor começou a agir na vida do jovem, quando Agostinho começou a ler um livro chamado Hortênsio, uma introdução à filosofia (estudo de questões gerais e fundamentais sobre a nossa existência).

“Mudou minha maneira de pensar, os meus gostos e os meus sentimentos. De repente, pareceu-me que tudo era vazio e inútil, e, de uma maneira em mim inexplicável, comecei a desejar de todo o coração a verdadeira sabedoria”, disse o santo, num trecho do livro.

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Influência da Palavra de Deus

Agostinho era um rapaz muito talentoso e já na adolescência se viu encantado com os discursos de um orador famoso e quis se aprofundar na arte da oratória e da retórica. Em Milão, na Itália, ele passou a frequentar as Missas de Santo Ambrósio devido à sua fama de ótimo orador. 

Desta forma, se deixou conquistar não só pela beleza do discurso do Bispo, mas pela mensagem em si: a força do Evangelho rompe as barreiras que o impediam de ver a Deus.

Toque da graça

Ainda antes do seu batismo, ele estava caminhando aflito e desolado em um jardim, aconteceu algo inesperado que o deixou atônito e, tirando todas as dúvidas, ele finalmente chegaria à sua conversão total:

“Joguei-me debaixo de uma figueira e dei rédea solta às minhas lágrimas. Não como as mesmas palavras, mas como o mesmo sentido, disse a Deus muitas coisas como esta: Senhor, até quando? Até quando, Senhor, estarás irado?

Não queiras mais lembrar-Te das minhas maldades passadas! Enquanto dizia isto e chorava como amaríssimo arrependimento do meu coração, ouvi subitamente uma voz da casa vizinha, não sei se de menino ou menina, que cantarolava e repetia muitas vezes: 'Toma e lê, toma e lê'”.

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Contendo as lágrimas, ele se levantou, interpretando essa voz como uma ordem divina para abrir as Sagradas Escrituras e seus olhos caíram na Carta de São Paulo aos Romanos, que diz:

“Vivamos honestamente como em pleno dia: nada de orgias, nem de bebedeiras, nada de impureza, nem de imoralidade, nada de brigas, nem de inveja. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não vos deixeis levar pelas preocupações da carne para satisfazer seus caprichos”. (Rm 13, 13-14). 

Foi aí que Deus o tocou com a sua Graça:

“Não quis ler mais, nem era necessário. Quando cheguei ao fim da frase, uma espécie de luz de certeza se insinuou em meu coração, dissipando todas as trevas de dúvida”. (Confissões, VIII, 12)

No ano de 386, então com 32 anos de idade, Agostinho, seu filho Adeodato, sua mãe Mônica e um grupo de amigos passaram a viver em uma pequena propriedade chamada Cassicíado, localizada perto de Milão. Eles partilhavam as tarefas do campo e da casa, estudavam e oravam juntos. Naquele lugar, Agostinho abraçou a fé católica e se converteu. Um ano mais tarde, na Vigília Pascal da noite de 24 para 25 de abril de 387, Aurélio Agostinho foi batizado na Catedral de Milão pelo bispo Ambrósio. Foram batizados também seu filho Adeodato e o fiel amigo Alípio.

A conversão de Agostinho foi tão profunda que ele deixou completamente seu antigo modo de ser e inaugurou a etapa de viver segundo o Evangelho. “Fomos batizados e todo o medo da vida que tivemos até então deixou de existir em nós”, disse o santo em seu livro “Confissões”

Este momento ímpar na vida de Santo Agostinho pode ser a nossa situação hoje em dia, se não fosse Deus e seu infinito amor. A partir deste testemunho e da intercessão do Doutor da Igreja, que sempre esteja aceso em nossos corações o desejo em abraçar a VerdadeNão perca a chance de se encontrar com Deus.
Santo Agostinho, rogai por nós!


Padre Queimado reflete sobre a conversão de Santo Agostinho


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