Como é bem-sabido de todos, na atualidade acontecem conflitos armados em mais de 40 lugares do mundo, mas, sem dúvida alguma, um dos conflitos mais cruéis acontece no Sudão, país localizado no noroeste da África.
Ataques contra civis, deslocamentos em massa da população, agressões sexuais contra mulheres e crianças, deterioração da assistência no campo da saúde e da educação, colapso dos serviços básicos continuam a assolar o país marcado por graves violações dos direitos humanos.
Os ataques vêm se intensificando nos últimos tempos e as violações se tornam sistemáticas, ligadas a questões étnicas, políticas, religiosas e geográficas.
O Sudão é o 3º maior país da África em área geográfica, atrás apenas da Nigéria e da República Democrática do Congo, com população de aproximadamente 50 milhões de habitantes.
Na antiguidade floresceram duas grandes civilizações, a dos núbios e a de Kush, onde hoje existe o Sudão. Alguns faraós originários da Núbia governaram o Egito durante a 25ª dinastia, ficando conhecidos como “faraós negros”. O primeiro grande faraó núbio a unificar o Egito foi Piiê, que iniciou a conquista durante o século VIII a.C. sendo sucedido por outros. Depois, a Núbia perdeu a sua autonomia, se tornando uma das províncias do Egito.
No século XVIII, os turcos muçulmanos aproveitaram a rivalidade entre as tribos e dominaram a região até 1898, quando chegaram os britânicos que incluíram o Sudão em seu império. A dominação britânica durou até 1955, quando o país alcançou a independência com a proclamação da República do Sudão.
A independência, porém, não trouxe a paz almejada e o país passou a viver em grande instabilidade com tensões políticas, étnicas e religiosas. Em 2011, o Sudão do Sul se separou, criando um país independente. Mas os conflitos e a crise civil continuam sendo uma constante na região até a atualidade.
Dor e sofrimento
A maior parte dos ataques é promovida pelas Forças de Apoio Rápido (RSF), nome da sigla em inglês, do grupo paramilitar que trava uma sangrenta guerra civil contra as Forças Armadas Sudanesas comandadas pelo Chefe de Estado que domina o poder após um golpe de estado.
Desde 2023, o país mergulhou numa guerra civil e os combates e ataques já causaram cerca de 12 milhões de deslocados entre os 50 milhões de habitantes e pelo menos 150 mil mortes, numa das piores crises humanitárias do século XXI que nem a ação da ONU consegue resolver.
O conflito repercute, sobretudo, sobre as crianças sem direito à educação, vítimas de abuso sexual e recrutadas como soldados por parte de grupos armados.
Conforme relatório da ONU, 55% das escolas estão inacessíveis por terem sido destruídas, danificadas ou transformadas em abrigos para os deslocados internos. O número de professores diminuiu muito e os materiais didáticos também são escassos.
Apesar da Constituição afirmar que o Sudão é um país plurirreligioso, na prática, o governo trata o Islamismo como a religião de estado. Com isso, as demais religiões e igrejas são sempre discriminadas, pois o fundamentalismo islâmico é um dos ingredientes do conflito.
Da população sudanesa, 84% pratica o islamismo e 5,4% se declara como cristãos, sendo o rito católico o mais expressivo.
A Igreja se organiza em duas unidades, a Arquidiocese de Cartum e a Diocese de El Obeid, além de um território dependente do patriarcado de rito siríaco. Antes da guerra, havia 104 paróquias, atendidas por 188 padres diocesanos e 123 religiosos.
Porém, o conflito interno e a crise humanitária afetam muito a capacidade de atuação dos cristãos, levando à dispersão de fiéis e religiosos. Entretanto, a Igreja procura manter as atividades eclesiásticas para o bem-estar dos seus fiéis. Entre suas principais atividades destaca-se o trabalho no campo da educação. Em 2020, havia 206 escolas primárias e 22 secundárias do país.
Repetidas vezes, o Papa Francisco havia expressado sua preocupação com a guerra e com a crise humanitária no país, apelando à comunidade internacional para que cessasse as hostilidades, iniciando negociações e fornecendo ajuda à população. Ele também condenou o fornecimento de armas ao país, enfatizando a necessidade de proteger os civis, abrindo corredores para a assistência humanitária.
Em seu pontificado, encorajou muito os líderes locais a priorizarem a paz e a dignidade das pessoas. E agora o Papa Leão segue no mesmo caminho, incentivando o diálogo entre as nações e a construção da paz, como único caminho para se resolver os conflitos onde quer que aconteçam.
Em 2019, ao receber os líderes do Sudão do Sul no Vaticano, Papa Francisco emocionou o mundo e, num gesto sem precedentes, ajoelhou-se e beijou os seus pés, apelando para que eles não voltassem a travar uma guerra civil pelo poder. Francisco pediu que respeitassem o cessar-fogo que assinaram e que se comprometessem a formar um governo de união.
A Igreja apela pelo entendimento e continua rezando pela paz, como únicos caminhos de solução dos conflitos, seja no Sudão, como em qualquer outra parte do mundo.
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