“Há quem busque soluções na guerra, que frequentemente 'se alimenta com a perversão das relações, com as ambições hegemônicas, os abusos de poder, com o medo do outro e a diferença vista como obstáculo'. A guerra não é um fantasma do passado, mas tornou-se uma ameaça constante. O mundo encontra cada vez mais dificuldades no lento caminho da paz que empreendeu e começava a dar alguns frutos”
Papa Francisco, Fratelli Tutti
O Oriente Médio há muito tempo é um “barril de pólvora” e quando se pensa que a paz possa estar voltando à região, conflitos “meio que adormecidos” são retomados. Nessa circunstância, se inclui a recente briga entre Israel e Irã, que deixa o mundo em polvorosa com o temor de que o conflito possa crescer, ultrapassando os limites do Oriente Médio, alcançando outras regiões.
Essa preocupação cresce com a entrada dos Estados Unidos no conflito, e pelo bombardeio de várias instalações militares do Irã. De imediato, todos já estão sofrendo as consequências, pois a crise já fez o preço do petróleo aumentar no mercado mundial e a aviação precisou modificar as rotas de milhares de voos que passavam sobre os países envolvidos.
Sem falar nos milhares de pessoas estrangeiras que estão de prontidão caso seja preciso retirá-las às pressas dos países em guerra.
O Irã está ameaçando fechar o Estreito de Ormuz, faixa de mar de apenas 34 km, entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, por onde passam cerca de 20% do gás e petróleo consumidos no mundo.
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As razões do conflito, as consequências que recaem não apenas sobre os países envolvidos, mas sobre toda a humanidade e a não utilização da via diplomática para resolver as pendências são questionamentos que todos se fazem.
Pergunta-se também porque os Estados Unidos continuam apoiando Israel, mesmo diante das “barbaridades” que faz com os povos vizinhos, especialmente em relação aos palestinos, quase que repetindo aquilo que sofreu no holocausto da Segunda Guerra Mundial.
A história do povo judeu pode ser explicada como uma história de lutas e de conflitos que começou no longínquo passado, quando o Patriarca Abraão conduzia sua tribo entre os povos existentes na região de Ur, da Caldeia, onde hoje está o moderno Iraque.
Na Era dos Patriarcas, o povo precisou lutar muito para garantir sua sobrevivência e nem mesmo a entrada na Terra Prometida, depois da volta do Egito, significou um tempo de paz.
Trazendo para os nossos dias, a situação se complicou ainda mais a partir de 1948, quando, com o beneplácito da ONU, se constituiu o Novo Estado de Israel. Em novembro de 1947, em sessão presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, a ONU votou a divisão da Palestina em dois Estados: um judeu e outro árabe. O plano foi aceito pelos dirigentes sionistas, mas não pelos líderes árabes. Ai, a confusão estava armada, sendo o princípio de tudo o que se vê hoje em dia.
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Em 14 de maio de 1948, numa cerimônia que durou apenas 32 minutos, David Ben-Gurion, presidente do Conselho Nacional Judeu, considerado o “pai do novo estado de Israel”, proclamou o seu nascimento no Museu de Arte de Tel Aviv, cidade que havia sido fundada em 1909, no momento em que expirava o mandato britânico sobre a região.
Logo na sequência, no mesmo ano de 1948, o país teve que enfrentar a chamada “Guerra da Independência” contra os vizinhos que atacaram o território recém-delimitado. Israel venceu, mas a guerra nunca mais terminou.
Em junho de 1967, veio a “Guerra dos Seis Dias”, com Israel combatendo e vencendo os vizinhos Egito, Jordânia e Síria de forma relâmpago; em 1973, na “Guerra do Yom Kippur” os judeus voltaram a vencer os seus vizinhos; em 1985, Israel se bateu contra o Líbano, com os conflitos durando até o ano 2000.
Além disso, nesse período foram muitos os conflitos contra os vizinhos, sobretudo na Faixa de Gaza e Cisjordânia ocupadas pelos palestinos e no sul do Líbano.
Em todos os conflitos, Israel recebeu o apoio dos Estados Unidos, o que lhe garante os melhores equipamentos militares, alguns dos quais somente a ele são destinados. Além disso, graças a um intenso treinamento e a uma forte doutrinação, as forças armadas de Israel se colocam entre as mais bem preparadas do mundo e o seu serviço de inteligência, cuja ação secreta é determinante em cada conflito, também se coloca entre os mais eficientes do mundo.
“A guerra não resolve os problemas, antes amplifica-os e produz na história dos povos feridas profundas, que para sarar levam gerações. Nenhuma vitória armada poderá compensar a dor das mães, nem o medo das crianças, nem o futuro roubado. Que a diplomacia faça silenciar as armas! E que as Nações desenhem o seu futuro não com violência e conflitos sangrentos, mas com obras de paz!”
Papa Leão XIV
Como os Estados Unidos são os principais aliados dos judeus, estão também sujeitos ao ódio mortal dos países e grupos declarados como inimigos do Estado de Israel. Por essa razão é que o Irã foi incluído no chamado “eixo do mal”, junto com mais alguns países.
O Irã já viveu um período glorioso, sendo uma das principais civilizações da antiguidade através dos Medos e persas, que chegaram a se rivalizar com os macedônios de Alexandre Magno.
Depois perdeu também sua liberdade, sendo subjugados sucessivamente até que os muçulmanos ocuparam a região. Por muito tempo, o país foi governado por uma monarquia, sendo aliado dos Estados Unidos.
Em 1979, aconteceu a Revolução Islâmica que derrubou a monarquia. O país passou a viver como uma “República Teocrática” muito rígida, onde as liberdades individuais são cerceadas, com um corpo de clérigos, comandados pelos “aiatolás” governando o país.
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Mesmo não sendo árabe como a maioria dos vizinhos de Israel, o Irã é considerado inimigo mortal porque deseja o seu extermínio e patrocina grupos inimigos de Israel. Esse argumento está sendo usado pelos judeus para atacarem as instalações nucleares do Irã que, “supostamente” se voltariam contra Israel.
O apoio dos Estados Unidos a Israel, por sua vez, tem diferentes razões, sobretudo, econômicas. Estima-se que aproximadamente 7,5 milhões de judeus vivam nos Estados Unidos, representando 2,4% de sua população.
Sabe-se que ele detém o controle direto e indireto de 1/3 da economia norte-americana, inclusive parte considerável da indústria bélica que ganha muito com a guerra. Eles deram um grande contributo na colonização da América do Norte e na organização de sua poderosa economia e, sem eles, potentes conglomerados multinacionais não existiriam.
Esses grupos econômicos têm uma influência muito forte no processo eleitoral, quando apoiam esse ou aquele candidato.
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Por outro lado, o preconceito contra os judeus é histórico. Se no passado eles eram acusados de terem sido os “mandantes” da morte de Jesus Cristo, sofrendo variadas formas de discriminação, no presente seu poderio econômico, a violência e a constante luta contra os seus vizinhos justificada pela necessidade de “autodefesa”, faz com que a aceitação do atual Estado de Israel diminua cada vez mais.
Pesquisas indicam que o sentimento antissemitista cresce em todo o mundo, atingindo níveis elevados na atualidade. Os judeus continuam sendo sujeitos de discriminação mais branda na forma de “piadinhas” e brincadeiras que são feitas sobre eles, mas também em formas mais graves, como os atentados que volta e meia acontecem. Por essas razões, continuam a ser objeto de um ódio mortal em várias partes do mundo.
A Igreja católica se faz porta-voz daqueles que desejam a paz em toda a região, propondo a solução dos conflitos pela diplomacia e pelo diálogo, mas parece que a paz nunca vai acontecer e a violência só tende a crescer.
Unimo-nos à voz do Papa Leão XIV, rezando pela paz, para cessarem os conflitos, como nas palavras que ele dirigiu ao mundo no recente Jubileu do Esporte:
“Irmãos e irmãs, encorajo-os a praticarem este estilo de vida conscientemente, opondo-se a toda forma de violência e opressão. O mundo hoje precisa muito disso! Há muitos conflitos armados!”
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