Na atualidade, estamos acompanhando com preocupação as dificuldades de relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil por causa de questões que vão muito além do econômico e do comercial.
A sobretaxa que o país do norte impôs ao Brasil, aumentando em mais de 40% aquilo que normalmente já era cobrado sobre uma gama de produtos, é apenas a ponta do iceberg de uma questão muito mais profunda.
Os Estados Unidos se tornaram um país independente a partir de 1776, quando se deu a Independência das 13 colônias da América do Norte.
A partir de então, foram aumentando o seu território, ao ponto de hoje serem o 3º maior país do mundo em área geográfica, com cerca de 01 milhão de km² a mais que o Brasil; foram impondo o seu domínio em todo o continente, a começar pelos países vizinhos como o México, se tornando a grande potência do mundo especialmente após as duas grandes guerras mundiais.
Ao longo de nossa história, presenciamos diversos episódios que demonstram a tentativa de submeter o Brasil aos Estados Unidos. Para eles, é inadmissível ter uma relação de igualdade com o Brasil, não aceitando nossa autonomia e autodeterminação.
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Um dos primeiros episódios do “interesse amigável” dos Estados Unidos para com o Brasil aconteceu durante a Revolta de Pernambuco de 1817. O cônsul americano em Recife, Joseph Ray, apoiou publicamente os revolucionários pernambucanos que buscavam a independência em relação ao Reino Unido Português, com a criação de uma República no Nordeste, aos moldes dos Estados Unidos.
O cônsul abriu sua casa aos líderes rebeldes que, durante os três meses que duraram a revolução, adquiriram armamentos e munições nos Estados Unidos. Porém, com o fracasso da revolta após forte repressão das tropas imperiais, o governo americano de James Monroe alegou não ter apoiado os revoltosos, evitando constrangimentos com a Corte do recém aclamado Dom João VI.
Mais tarde, o mesmo cônsul americano chegou a ser preso em Pernambuco em 1819 e em 1823, por causa do apoio dado à Confederação do Equador contra o Imperador Dom Pedro I.
Em ambos os casos, o apoio não veio por acaso e nem de “forma gratuita” porque muitos políticos americanos acreditavam que a existência de um rei português no Brasil era contrária à independência do continente americano, sendo quase que uma “obrigação moral” apoiar os movimentos separatistas no Brasil.
Depois do processo de independência, o Brasil precisava do reconhecimento internacional, contando, sobretudo, com o apoio de países ‘interessantes’ como a Inglaterra e os Estados Unidos para consolidar a independência.
Os Estados Unidos foram, depois da Argentina e Inglaterra, os que fizeram o reconhecimento formal do Brasil como nação soberana em 1824, influenciados pela Doutrina Monroe que havia sido criada pelo presidente James Monroe em 1823.
Sintetizada na frase “A América para os americanos”, essa doutrina defendia o direito à soberania das nações, sendo contrária a qualquer intervenção europeia no continente americano. No entanto, por trás da doutrina de não intervenção e de não colonização, havia o interesse americano em diminuir a influência inglesa, até então a maior potência do mundo.
O império colonial britânico não tinha fim. Com o reconhecimento, os norte-americanos visavam alcançar vantagens comerciais e influência em outros campos. Nada se faz “de graça”!
Em 1943, o Brasil e os Estados Unidos estreitaram de vez os laços. No final de janeiro daquele ano, em Natal (RN), o presidente Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt, presidente americano, se encontraram, fechando diversos acordos entre as duas nações.
A reunião ficou conhecida como Conferência do Potengi, em referência ao rio Potengi, que margeia parte da capital potiguar. Por causa desses acordos, as primeiras tropas brasileiras embarcaram para lutar na Itália em junho de 1944, quando a Segunda Guerra já caminhava para o final.
Até então Getúlio Vargas esteve numa posição dúbia em relação na política externa, relacionando-se com alemães e italianos, mas também havia se encontrando com Roosevelt no Rio de Janeiro, em 1936.
A partir do encontro de Potengi, no final daquela manhã de janeiro de 1943, saiu dizendo que “o Brasil deveria se preparar para uma guerra ainda longa e para as consequências que isso traria”.
Por outro lado, o encontro rendeu ao Brasil alguns acordos comerciais como o financiamento para a construção da siderúrgica de Volta Redonda (RJ), suporte para o desenvolvimento da indústria brasileira nas décadas seguintes.
A ligação ajudou também a disseminar no país hábitos e gostos americanos com uma verdadeira “dominação” na música, na moda, na alimentação e na vivência cotidiana. A partir dos anos de 1960, os hábitos americanos substituiriam de vez aos hábitos europeus predominantes até então e isso perdura até hoje.
Graças à farta documentação já encontrada, sabe-se hoje que os Estados Unidos colaboraram com a entrada dos militares no poder em 1964, fornecendo apoio financeiro, logístico e treinamento das forças policiais e militares, como parte do esforço de contenção do comunismo no país.
Em 1976, foi revelado o conteúdo de uma comunicação entre o embaixador americano no Brasil entre 1961 e 1966 e o seu governo, revelando esse apoio, sobretudo, através de uma operação que ficou conhecida como “Brother Sam” que previa, inclusive, o uso da Marinha e da Força Aérea dos EUA para apoiar os golpistas, garantindo suprimentos e armas aos oposicionistas caso a derrubada de João Goulart falhasse, inclusive com a retirada de alguns deles de nosso país. Mais tarde, esse apoio foi sendo gradualmente abandonado por diferentes administrações americanas.
Graças ao apoio logístico, beneficiando meios de comunicação e empresas “aliadas”, inclusive com “empréstimos subsidiados”, a influência americana foi se estendendo a outros setores, como no campo religioso, com o patrocínio da entrada do pentecostalismo de raízes norte-americanas no Brasil para se contrapor à influência da Igreja Católica, fundada na vida de comunidades e proximidade com o povo.
O apoio norte-americano veio acompanhado de um quase “exclusivismo comercial”, com a absurda elevação da dívida internacional de nosso país, com a inundação de produtos procedentes de lá, pela influência intelectual, cultural e ideológica, como se vê até nos dias atuais.
Por isso, é passível de se compreender o conflito atual em suas raízes históricas e ideológicas.
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