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A Igreja Católica nos Estados Unidos

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

10 JUN 2025 - 14H37 (Atualizada em 10 JUN 2025 - 16H15)

Wangkun Jia/Adobe Stock

A eleição de um cardeal norte-americano como Papa no dia 08 de maio, fez crescer a curiosidade e o interesse de muitos sobre a presença e organização da Igreja Católica nos Estados Unidos. Apesar de ter passado a maior parte de sua vida fora de sua terra natal, o Papa Leão XIV nasceu no grande país do norte, sendo natural que venha agora essa curiosidade e a busca de informações.

História e tradição religiosa

Assim como acontece em relação à América-Latina, também na América do Norte a presença católica está associada ao descobrimento e colonização, principalmente pelos espanhóis, a partir de 1492, quando Cristóvão Colombo conquistou ou “descobriu” a América, iniciando o processo de exploração das riquezas, especialmente dos metais preciosos e subjugando os povos originários.

Paralelo à exploração e colonização avançava também a montagem da estrutura organizacional da Igreja no país, com a criação de missões, paróquias e futuras dioceses.

Leia MaisRedentoristas dos Estados Unidos defendem abordagem justa à migraçãoAssim como também aconteceu na América Latina, a primeira evangelização foi realizada pelas congregações religiosas vindas da Europa, destacando-se a presença das quatro grandes ordens: Franciscanos, dominicanos, carmelitas e mercedários.

Depois deles chegariam também os jesuítas e outras ordens religiosas. Em 1542, por exemplo, se estabeleceu a primeira Missão católica nos Estados Unidos. Cada missão pensava na evangelização do povo nativo e dos colonos que chegavam, vindos de vários países.

Por esta razão é que também nos Estados Unidos existem cidades e acidentes geográficos que receberam nomes ligados ao cristianismo, como por exemplo, a cidade de Sacramento que fica na Califórnia, sendo este um dos estados com maior número de católicos no país.

A Arquidiocese de Baltimore, localizada na costa leste, foi a primeira diocese estabelecida no país, recebendo seu status oficial na década de 1850, o que confere a seu arcebispo as responsabilidades de líder católico do país, ainda que lá não exista a tradição de se ter uma Igreja primaz como em outros lugares.

Imigrantes fortalecem o catolicismo

O crescimento do catolicismo nos Estados Unidos se acelerou com o alto número de imigrantes que chegaram oriundos de países historicamente católicos como Irlanda, Itália e França. Consequentemente, a região com a maior concentração de católicos é o Nordeste, que apesar de ter sido colonizada pelos puritanos protestantes, recebeu grande número de imigrantes católicos a partir da segunda metade do século XIX. 

Esses imigrantes adotaram um costume existente na Europa de construir, ao lado das igrejas, capelas e oratórios, uma escola confessional, fazendo com que o catolicismo rapidamente se espalhasse.

À medida que o número de católicos aumentou, construíram um vasto sistema de escolas (das escolas primárias às universidades), hospitais e outras obras sociais. A primeira universidade católica dos EUA, a Universidade de Georgetown, foi fundada em 1789.

Desde então, a igreja católica fundou centenas de outras faculdades e universidades, além de milhares de escolas primárias e secundárias. Escolas como a Universidade de Notre-Dame são classificadas melhor em seu estado (Indiana), enquanto a Universidade de Georgetown é classificada melhor no Distrito de Columbia. Outras 12 universidades católicas também estão classificadas entre as 100 melhores universidades dos EUA.

A chegada dos imigrantes latino-americanos, sobretudo, a partir do final do século XIX e começo do século XX, fez com que a Igreja assumisse outro colorido.

Zack Frank/Shutterstock
Zack Frank/Shutterstock

Missão e organização na atualidade

A Igreja Católica é a maior denominação cristã dos Estados Unidos, com mais de 80 milhões de membros, se considerarmos as confissões protestantes em separado, mas torna-se a segunda maior religião se for feita a consideração de todas as denominações do protestantismo em conjunto.

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País que constitucionalmente vive o pluralismo religioso, os Estados Unidos são o país do mundo com o maior número de protestantes, com 163 milhões de pessoas. Porém, as mais de 375 mil igrejas protestantes que lá existem também vivem uma crise e muitas delas já não conseguem recursos para sequer pagar um pastor em tempo integral.

O número médio de fiéis por igreja está por volta de 400 pessoas.

Da população total de 340 milhões de habitantes da nação, um quarto (24%) se considera católico, tornando a Igreja Católica a maior comunidade de fé, uma vez que as categorias protestantes, ou “cristãos” consistem em muitas denominações diferentes.

A Igreja Católica com seus milhões de membros faz dos Estados Unidos o quarto país de maior população católica do mundo em números absolutos, atrás apenas do Brasil, do México e das Filipinas, respectivamente.

Como acontece também em outros lugares, nos Estados Unidos, nos últimos 50 anos, a Igreja passou por muitas mudanças, sobretudo, com a diminuição de seus membros, redução do número e do alcance das escolas paroquiais, diminuição da frequência aos sacramentos e crise vocacional, com a diminuição do número de religiosos no país. Aos poucos, porém, percebe-se uma pequena retomada no crescimento dos católicos no país, sobretudo, com a maior adesão da juventude. Na páscoa deste ano apenas duas dioceses batizaram mais de 15 mil adultos.

A Conferência Episcopal dos Estados Unidos é formada por 144 dioceses, 33 arquidioceses e outras circunscrições. Quatro cardeais participaram do conclave que elegeu o Papa Leão XIV e 439 bispos ativos e eméritos cumprem a sua missão, ajudando o povo cristão a caminhar.

Uma Igreja forte no país que também sofre com os desafios da contemporaneidade, mas que trabalha para superar os seus desafios, podendo contar, inclusive, com duas províncias redentoristas, pois desde a primeira metade do século XIX a Congregação fundada por Santo Afonso de Ligório se faz presente no país.

Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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