Por Redação A12 Em Santo Padre Atualizada em 28 FEV 2020 - 14H10

Papa fecha Porta Santa e encerra o Ano da Misericórdia

Francisco pede a fiéis para não fechar jamais as portas da reconciliação e do perdão

O Papa Francisco fechou neste domingo (20), a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, encerrando, assim, o Jubileu da Misericórdia, iniciado em 8 de dezembro de 2015.

O Santo Padre presidiu a Santa Missa na Solenidade de Cristo Rei do Universo, concelebrando com os novos cardeais, criados ontem em Consistório, entre eles, o Arcebispo de Brasília (DF), Dom Sérgio da Rocha.

::  Dom Sergio da Rocha é um dos novos cardeais da Igreja

“A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo coroa o ano litúrgico e este Ano Santo da Misericórdia. Na verdade, o Evangelho apresenta a realeza de Jesus no auge da sua obra salvadora e fá-lo duma maneira surpreendente. «O Messias de Deus, o Eleito, (…) o Rei» (Lc 23, 35.37) aparece sem poder nem glória: está na cruz, onde parece mais um vencido do que um vencedor. A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um cetro, mas põem-Lhe uma cana na mão; não usa vestidos sumptuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos trespassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas”, afirmou o Santo Padre em suas primeiras palavras durante homilia.

Francisco ainda falou que seria pouco crer que Jesus é Rei do universo e centro da história, sem fazê-Lo tornar-Se Senhor da nossa vida: “tudo aquilo será vão, se não O acolhermos pessoalmente e se não acolhermos também o seu modo de reinar. Nisto, ajudam-nos os personagens presentes no Evangelho de hoje. Além de Jesus, aparecem três tipos de figuras: o povo que olha, o grupo que está aos pés da cruz e um malfeitor crucificado ao lado de Jesus”.

O Papa falou sobre o povo que permaneceu observando de longe. O Santo Padre trouxe o exemplo de circunstâncias da vida que podemos também nós ser tentados a manter a distância da realeza de Jesus.

“Prefere-se ficar à janela, alhear-se, em vez de se avizinhar e fazer-se próximo. Mas o povo santo, que tem Jesus como Rei, é chamado a seguir o seu caminho de amor concreto; a interrogar-se, diariamente, cada um para si: «Que me pede o amor, para onde me impele? Que resposta dou a Jesus com a minha vida?»”.

Em seu segundo exemplo, o Papa falou sobre os chefes do povo, os soldados e um dos malfeitores. Todos eles escarnecem de Jesus, dirigindo-Lhe a mesma provocação: «Salve-Se a Si mesmo» (cf. Lc 23, 35.37.39). É uma tentação pior do que a do povo.

O Santo Padre citou então o malfeitor que invoca Jesus dizendo: «Jesus, lembra-Te de mim, quando estiveres no teu Reino» (Lc 23, 42). Com a simples contemplação de Jesus, ele acreditou no seu Reino. E não se fechou em si mesmo, mas, com os seus erros, os seus pecados e os seus problemas, dirigiu-se a Jesus. Pediu para ser lembrado, e saboreou a misericórdia de Deus: «Hoje estarás comigo no Paraíso» (Lc 23, 43).

Francisco finalizou sua homilia convidando os fiéis a pedir o dom desta memória aberta e viva. “Peçamos a graça de não fechar jamais as portas da reconciliação e do perdão, mas saber ultrapassar o mal e as divergências, abrindo todas as vias possíveis de esperança. Assim como Deus acredita em nós próprios, infinitamente para além dos nossos méritos, assim também nós somos chamados a infundir esperança e a dar uma oportunidade aos outros. Com efeito, embora se feche a Porta Santa, continua sempre escancarada para nós a verdadeira porta da misericórdia que é o Coração de Cristo. Do lado trespassado do Ressuscitado jorram até ao fim dos tempos a misericórdia, a consolação e a esperança”.

A Porta Santa

A clausura da porta, que apenas se abre nos Anos Santos (29 até hoje, na história da Igreja Católica), decorreu antes da Missa a que o Papa preside na Praça de São Pedro.

O primeiro gesto do Jubileu da Misericórdia aconteceu com a abertura da Porta da Misericórdia em Bangui, a 29 de novembro de 2015, na visita de Francisco à República Centro-Africana; a Porta Santa do Vaticano foi aberta a 8 de dezembro.

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Francisco promoveu catequeses especiais, em audiências jubilares aos sábados, acolheu visitas de presos, sem-abrigo ou doentes, entre outros, para jubileus particulares, e recordou a importância das obras de misericórdia, corporais e espirituais, que a Igreja Católica propõe aos seus fiéis.

O próprio Papa levou a cabo iniciativas “surpresa” nas chamadas “sextas-feiras da Misericórdia”, nas quais visitou, entre outros, doentes em estado vegetativo, uma comunidade de toxicodependentes, pessoas com deficiências mentais graves, padres, mulheres “libertadas de redes de prostituição”, bebés prematuros ou uma ‘Aldeia SOS’ para crianças.

Francisco presidiu na Polónia à Jornada Mundial da Juventude, tendo passado em silêncio pelos campos de concentração nazis de Auschwitz-Birkenau.

Milhões de pessoas passaram por Roma para atravessar a Porta Santa, em peregrinação e para as várias celebrações presididas pelo Papa, com destaque para a canonização de Madre Teresa de Calcutá, a 4 de setembro.

Ao longo do Jubileu, Francisco visitou refugiados na ilha grega de Lesbos com o patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu; encontrou-se em Cuba com o patriarca ortodoxo de Moscovo, Cirilo; e participou na comemoração conjunta dos 500 anos da reforma luterana, na Suécia.

O Papa sublinha que este percurso ecuménico “já vem de longe” e é um caminho que se “intensifica” com o passar do tempo.

 

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