Por Eduardo Lopes Caridade Em Palavra do Associado Atualizada em 21 SET 2018 - 16H52

Maria nos Exercícios Espirituais

Thiago Leon
Thiago Leon

“Maria aparece como Nossa Senhora, não só por ser de nossa raça, mas porque Ela é o nosso sim à salvação operada pelo Pai por meio de seu Filho” (Pe. Peter Hans Kolvenbach,SJ).

Uma boa experiência dos Exercícios Espirituais (EE), é a proposta de viver marianamente na vida corrente, pois a “ação da Igreja no mundo é como um prolongamento da solicitude de Maria” (Marialis Cultus 28,2). Sempre pronta a servir, movida de misericórdia, atenta às necessidades do mundo, inclinando-se para ajudar como em Caná. Maria, não desanima, pois está centrada na firmeza da fé e, por isso, se compromete com seu povo quando canta no Magnificat.

Na Anunciação, Maria reflete, dialoga e decide com pleno conhecimento de causa (cf. Lc 1,38). “Aparece como autêntica parceira de Deus” (cf. Clodovis Boff, Mariologia Social, 415). A diferença é que nela a Graça atuava de modo pleno, em unidade com uma vontade igualmente plena.

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Viver marianamente é uma proposta de vida, com olhos fixos em Jesus, tal qual nos propõem os Execícios Espirituais, pois, ao contemplarmos Maria, concebida sem pecado original, somos ajudados a encarar de frente nossos pecados; ao contemplarmos o “Sim” de Maria, nos encoraja o nosso consentimento generoso ao amor de Deus; ao contemplarmos a solidão de Maria, ganhamos força em nossa fé e, ao contemplar aquela que acreditou, somos contagiados com sua alegria para vivermos na esperança, onde em tudo podemos amar e servir.

Podemos dizer que Maria não é só objeto de contemplação; ela atua dentro da própria contemplação, onde observamos a plenitude da graça, não só do Pai ao Filho, que vem do “alto”, mas também numa filha que vem “de baixo”, tão humana como nós.

Somos peregrinos, empreendendo nossa marcha rumo à glória, pois, se a graça desce a nós pelo “Sim” de Maria, nossa subida à alegria pascal derramada sobre nós se efetua pela mediação de Maria, que não é concorrente com a do “único mediador” (1Tm 2,5), mas introduz a mediação do Filho.

Para Santo Inácio, Nossa Senhora é “parte” e “porta” da graça. Pois, o objetivo central dos EE é a Eleição, que é a tomada de consciência da vontade de Deus sobre aquele que faz o exercício, ou seja, o exercitante. E, antes que o exercitante contemple a vida pública de Jesus, é proposta a Jornada Inaciana, que se trata de uma introdução ao discernimento que culminará com a Eleição. Nesses exercícios, é proposto que se faça duas vezes e que se façam duas repetições do mesmo, terminando sempre com três colóquios: a Nossa Senhora, ao Filho e ao Pai (EE 168). À Mãe sempre pedimos que alcance de seu Filho a graça.

Como peregrinos, seguimos a experiência cada vez mais contemplativos na ação, pois “Na rota que conduz à libertação cristã e serviço a Deus e à Igreja, Maria é, especialmente, Nossa Senhora, que acima de todo esforço humano de conversão, de discernimento, de configuração à Cruz e à Glória, assume diariamente, por sua intercessão, a liberdade do exercitante para que essa intercessão converta-se em graça filial” (cf. René La Fontaine SJ, Revista ITAICI, nº 94 – dezembro/2013, p.77).

Na vida cotidiana, “viver marianamente” é o melhor “Exercício Espiritual”.

Eduardo Lopes Caridade
Associado da Academia Marial



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