Por Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. Em Liturgia Atualizada em 09 MAR 2020 - 11H22

'Hino à vida: Luzes e sombras'

Iniciamos um tempo novo, com esperanças novas. Vimos neste ano maior respeito pela justiça e pelo bem público. Nem tudo será resolvido. A mudança de mentalidade já é um grande passo.

 

girassol liturgia

"O Papa acentua o respeito pela pessoa 
humana. Anota que devemos dizer 'não a 
uma economia da exclusão e da desigualdade
social'" (53).

Continuamos o estudo do documento Evangelii Gaudium do Papa Francisco (Deus lhe dê vida longa e fecunda). Entramos agora na reflexão na qual enumera muitos problemas.

O fato de mostrar os problemas, não é condenar, mas orientar para que vivamos os preciosos dons que Deus nos concede através das pessoas. Por isso reconhece os benefícios do progresso que, com sucesso, “contribuem para o bem estar, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação, e da comunicação”.

Lembra também os avanços no progresso científico, na tecnologia e na informação. Por outro lado enumera entre os desafios de nosso tempo que grande parte dos homens e das mulheres vive precariamente.

Aumentam as doenças, o medo, o desespero, a violência e a desigualdade social. Mesmo as nações ricas não escapam de sofrimentos. Vimos o que aconteceu nas duas grandes guerras mundiais e nas guerras localizadas que não terminam. Pior agora com o aumento do radicalismo de grupos religiosos.

Quem sofre? Todos, sobretudo os pequenos e mais frágeis. Esses males têm sua origem na desigualdade social. O Papa acentua o respeito pela pessoa humana. Anota que devemos dizer “não a uma economia da exclusão e da desigualdade social” (53).

Com tristeza diz: “Não é possível que a morte de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto é notícia a descida de dois pontos na bolsa de valores. Isto é exclusão”. Lembremos a parábola do rico e do pobre Lázaro. Se a pessoa não é valor fundamental, a que servem as outras coisas?

Ninguém fique por fora

“Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, as grandes massas da população são excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectiva, num beco sem saída... o ser humano é descartável”.

É a exclusão. Não há crescimento para todos, quando só alguns crescem. Lendo a história vemos que há sempre um grupo de poder e de dinheiro e o resto se arrasta.

 

"Quase sem nos da conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheis, já não choramos à vista dos dramas dos outros nem nos interessamos por cuidar deles" (54).

As desgraças do povo são notícias até terminar o noticiário. Passam os dias, a notícia sai do ar, mas os sofrimentos continuam. O sofrimento virou espetáculo. Quem não sente dor por esses males já deixou de ser humano.

O Pontífice usa um termo novo: “Globalização da indiferença”. Diz ainda: “Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista dos dramas dos outros nem nos interessamos por cuidar deles” (54). Lembramos que Caim disse: “Acaso sou guarda de meu irmão?” (Gn 4,9). Jesus pensou e agiu diferente. É a mudança.

O troco virou patrão

Aceitamos o domínio do dinheiro sobre nós e sobre a sociedade. Os problemas do mundo não são financeiros. São antropológicos diz o Papa: “Negam a primazia do ser humano”(55).

Não é necessário colocar Deus como centro, pois ao se respeitar o ser humano, já está adorando a Deus. Dizia Santo Irineu: “A glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus” (S. Irineu – Sec. II). Estamos criando novos bezerros de ouro. Já é uma boiada.

“É uma ditadura da economia sem rosto, sem um objetivo verdadeiramente humano” (55). Vemos que o mal invade todos os segmentos da sociedade. O que era um serviço ao bem de todos se tornou o dono, o patrão e o escravizador. Jesus ensinou a usar bem o dinheiro para o bem dos outros e assim conquistar o Reino (Lc 16,9).

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