Por Luiz Raphael Tonon Em Artigos

A noiva de São Geraldo

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São Geraldo Maria Majella, nasceu no século XVIII, na região da Basilicata. Ainda pequeno, todos se surpreendiam com seu interesse pelas coisas de Deus, tanto que a mãe será a primeira a notar que seu pequeno filho, de tempos em tempos desaparecia do meio dos irmãos e amigos de mesma idade. Desconfiada do que poderia aprontar seu filhinho, rapidamente descobriu que entre brincadeiras diversas o jovem Geraldo se retirava a uma velha capela onde se venerava uma piedosa imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus ao colo. O pequenino ali rezava, olhava, admirava e de vez em quando afagava o Menino no colo da Virgem. Diante de tão terna imagem, a mãe não poderia censurar-lhe suas escapadelas às brincadeiras para tratar com amigos tão ilustres e sumamente bons.

Numa dessas ocasiões testemunhas que viram o pequeno Geraldo em seus colóquios com a Virgem e o Menino darão testemunho do extraordinário que viram e o próprio Geraldo o confirmaria mais tarde: em várias ocasiões o Menino tomava vida, tal como sua Mãe e falavam diretamente ao jovem interlocutor e não raro, o Menino da Virgem descia para brincar com o menino de Dona Benedetta Majella. Como amigos que eram entretinham-se e o Menino Jesus, ao descer dava-lhe um pequeno pãozinho branco ainda quentinho que Geraldo comia com satisfação.

Na adolescência tudo mudou, o jovem precisou trabalhar fora para ajudar nos gastos de casa, por isso foi entregue aos cuidados do Mestre Panutto, um renomado alfaiate da região para aprender o ofício. Por sua bondade e inocência Geraldo era maltratado pelos colegas. No início não ganhava dinheiro nenhum, mas depois passou a receber pequenas somas de dinheiro que entregava, sem nada pegar para si, à sua mãe. No fundo, mesmo em meio aos sofrimentos da adolescência, a amizade com o Menino e com a Virgem continuava a alimentar sua fé, esperança e amor, sobretudo pelos que o faziam sofrer.

 

 “Ela é minha noiva! Serei religioso, vamos viver sempre juntos!”.

Já na época de emancipar-se de seu mestre-alfaiate não se sentia satisfeito com a possibilidade de abrir seu próprio negócio. Seu desejo mais íntimo era tornar-se religioso. Procurou os capuchinhos, onde seu tio era superior, mas foi dispensado por sua fragilidade física. Depois conheceu os Missionários Redentoristas que pregaram as Santas Missões na sua cidade Natal, Muro, mas estes, também o recusaram, mas já não importava. Ele já estava decidido: seguiria o Redentor a qualquer custo! No fim das Santas Missões, após a missa de sábado em honra de Nossa Senhora, o jovem Geraldo juntou suas economias, comprou um anel de noivado com ouro e brilhantes e correu para a igreja principal de sua cidade; dirigindo-se ao altar de Nossa Senhora, espremeu-se entre os muitos devotos e diante da multidão estupefata subiu no tampo do altar, sacou seu anel e o colocou no dedo da imagem de Nossa Senhora. Depois, deu-lhe um profundo beijo na testa e ao descer do altar justificou-se: “Ela é minha noiva! Serei religioso, vamos viver sempre juntos!”. Esta é a santa loucura dos que amam à Deus acima de tudo.

 

Luiz Raphael Tonon é professor de História e Filosofia, gestor do Núcleo de Teologia do IFE Campinas e leigo consagrado da comunidade Católica Pantokrator (raphaeltonon@ife.org.br).

 

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