Por Walter Gabriel de Paula Castro Em Artigos

MEDITAÇÃO DO TERÇO SEGUNDO OS MISTÉRIOS MARIANOS (Primeira Parte)

 

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 Iniciaremos a partir de hoje a publicação do Opúsculo “Meditação do Terço segundo os Mistérios Marianos”, de autoria do associado da Academia Marial, Walter Gabriel de Paula Castro.

A obra obteve a aprovação eclesiástica de Dom Diamantino P. de Carvalho, Bispo da Diocese de Campanha – MG.

Hoje, apresentaremos o primeiro e o segundo mistério:

 PRIMEIRO MISTÉRIO – IMACULADA CONCEIÇÃO

Em 1830 Nossa Senhora apareceu a Catarina Labouré e mandou cunhar uma medalha com sua imagem e a inscrição “Ó Maria Concebida sem Pecado, r.p.n.”. Pio IX, em 1854, proclamou o dogma da Imaculada Conceição de Maria, e, em 1858, Bernardete Soubirou perguntou à Senhora que lhe aparecia quem era e teve como resposta: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Essas aparições em Lourdes foram confirmadas por milagres e a Igreja as proclamou verdadeiras aparições de Nossa Senhora.

Maria ser concebida imaculada significa que ela, desde o momento da sua concepção, isto é, desde o início de sua existência, foi preservada da mancha, da mácula do pecado original. Ela nunca existiu sem a amizade de Deus. A ideia da amizade rompida entre o Criador e sua criatura, o homem, pela desobediência grave, implica na existência de uma relação de filiação entre o Criador, infinitamente bom, e sua obra, o homem, participante do bem da liberdade marcada pela responsabilidade de seus atos. A escolha de fazer a sua vontade em vez da vontade de Deus feita pelos primeiros pais, é chamada de pecado original porque sua conseqüência foi a perda da amizade de Deus, da graça, e a expulsão daquela situação privilegiada. Todos os seus descendentes foram concebidos fora do paraíso, fora da graça de Deus, sem Sua amizade. Na própria sentença de expulsão do Éden estava prevista a vinda de Jesus e também a inimizade entre Satanás e a MULHER: Porei a inimizade entre ti e a mulher, Maria, e entre a sua descendência e a dela, Cristo. Se se referisse a Eva e sua descendência, Adão estaria excluído dessa inimizade. Prevista estava, portanto, a vinda dessa MULHER inimiga de Lúcifer e de seus anjos decaídos.

O monge beneditino brasileiro Frei Mateus da Encarnação Pina (1687-1764) lança uma luz para compreendermos como Maria foi preservada do pecado original (Apud D. Cirilo F. Gomes em “Amor Forte como a Morte”, Ed. Lúmen Christi, 1983):

“Tertuliano dizia: se Adão era a figura de Cristo, o sono de Adão era figura da morte de Cristo, de modo que da chaga do seu lado se tirasse a verdadeira grande Mãe dos vivos. Moisés Barcefas, bispo sírio no século X, cita a versão caldaica de Prov 8,30: Ainda não tinham existido os abismos e eu, já concebida, estava no seu lado.

Na mente divina o ser da Mãe de Deus era só representado, e lá se representava pura e preservada de culpa quando se concebia, por virtude do lado de Cristo, aberto para sua especial redenção e preservação, assim como para Eva se abriu o lado de Adão.

Já tinha Cristo expirado quando a lança lhe rompeu o lado e trespassou o coração. Já não podia merecer quando recebeu esta ferida; mas pode haver chaga de Cristo que não seja meritória para nós? Claro que não! Teve merecimento quando foi prevista, aceita, oferecida ao Pai. Assim em Maria Santíssima a culpa foi só prevista, o amor do Filho decretou remi-la e preservá-la dessa culpa que previu.

Todas as chagas de Cristo foram de sentimento e dor, só a chaga do lado, não. Porque as chagas, os sofrimentos, se aplicavam como remédio para as culpas dos homens que O ofenderam, mas a do lado foi especialmente oferecida para a redenção de uma culpa em quem não chegou a ofendê-lo, porque não cometeu nem contraiu a culpa original”.

Para nós resta uma outra riqueza insuspeitada em outros tempos: A Imaculada Conceição de Maria tem consequência lógica no combate a uma heresia de nossos tempos, o aborto.

O que pode ser sujeito de mácula, mancha moral? Pau, pedra, bichos? Não, só homens.

Se Maria, que é tão ser humano como qualquer outro nascido de mulher, foi imaculada desde sua concepção, significa que desde a sua concepção era gente, era ser humano; assim também todos nós, desde o momento de nossa concepção somos gente, homens ou mulheres, logo, se houver a eliminação de um ser humano concebido há a eliminação da vida humana, há um homicídio.

É a conclusão lógica do dogma da Imaculada Conceição.

SEGUNDO MISTÉRIO – MÃE DE DEUS

Para dar cumprimento à promessa da vinda do Salvador, Deus enviou o anjo Gabriel a uma jovem israelita com uma mensagem extraordinária: você, por obra do Espírito Santo, vai conceber e dar à luz um filho a quem dará o nome de Jesus – Javé Salvador.

O nome deveria representar a essência de quem o recebe. No Antigo Testamento Deus diz o seu nome “Sou aquele que sou. Eu sou mandou dizer…” (Ex 3,14). Jacó recebeu o nome de Israel – Forte contra Deus (Gn 32,28).

No Novo Testamento Simão recebeu o nome de Pedro – pedra (Jo 1, 42). No Apocalipse (2,17) está dito: “Ao vencedor entregarei uma pedra branca na qual está escrito um nome novo”. Todos teremos um novo nome que significará exatamente o que nós seremos.

Quando o anjo saudou a Virgem, não disse “Ave Maria”, mas “Alegra-te cheia de graça”. Para ele este é o nome que exprime a essência de Maria: CHEIADEGRAÇA, que vai se tornar a mãe de Javé Salvador – Deus Salvador. Ao criar seres, Deus pronunciou sempre o “Fiat” criador. Com seu “Fiat” Maria contribuiu para a existência de um ser novo, o Homem/Deus, Jesus. Maria é a mãe de Deus. Esse dogma foi proclamado no Concílio de Éfeso, em 431. Em Deus tudo é uma só coisa, menos as pessoas, que são três. Deus Pai é o objeto de seu próprio conhecimento desde sempre e gera por seu conhecimento infinitamente poderoso a sua igualdade, a pessoa do Filho. Este, com igual poder, conhece e ama o Pai como é por Ele conhecido e amado; o Amor infinito que dos dois procede é o Espírito Santo, a terceira pessoa do mesmo e único Deus. Três pessoas em uma só natureza! Toda mãe é mãe da pessoa de seu filho. A matéria muda, se renova, mas a pessoa é a mesma. Maria é a mãe da pessoa de Jesus que tem duas naturezas, a humana e a divina. Logo é Mãe de Deus (Jo 1,1 e 14). (continua…)

Walter Gabriel de Paula Castro

Associado da Academia Marial de Aparecida

 

 

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