Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H29

Romarias

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O mês de outubro traz numerosas romarias ao Santuário de Aparecida. Fala-se em “turismo religioso”.

A reflexão teológica e a prática pastoral eclesial se preocupam em purificar a religiosidade popular, eivada de coisas nada devocionais como feiras, exploração comercial, diversões etc. Em si a romaria é fenômeno religioso universal em todas as grandes religiões. Há vestígios de peregrinações anteriores à cultura bíblica judaica. Desde o chamado de Deus a Abraão: “Sai de tua terra, de tua família… e vai para a terra que te mostrarei” (Gn.12,1), seus descendentes provaram a dureza da caminhada nômade pelo deserto e amargaram a vida escrava no Egito. Selaram a Aliança com Deus na peregrinação da liberdade rumo à Terra Prometida. Mas, a infidelidade os conduziu à dispersão e opressão do exílio. No retorno reconstruíram o Templo, sinal da unidade, cidadania e identidade como povo do Êxodo. Mais do que simples lugar de sacrifícios rituais o Templo deveria representar a “romaria da vida” para Deus, segundo a Lei do Sinai.

Jesus, assim como Maria, José, os apóstolos, foram herdeiros das lembranças e tradições de sua história. Celebravam a Páscoa nas romarias anuais a Jerusalém. Em sua maneira de ser, falar e viver unido ao Pai, ele corrigiu desvios (purificou o Templo do comércio e abusos (João, 2, 13-22), mostrou ao povo que a vida devia ser um êxodo, um caminho libertador, romaria contínua para o reinado de Deus. Por isso, apresentou o mistério de sua pessoa como lugar da verdadeira santidade, Templo real do culto ao Senhor. romaria_dutra_1Não limitado ao espaço, mas adorado em espírito e verdade, no seu corpo ressuscitado ainda que o destruíssem os homens poderosos da Lei. De modo categórico Jesus definiu-se como o horizonte absoluto da caminhada humana em todas as suas aspirações: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém chega ao Pai senão por mim.” (João, 14,6).

Precisamos recuperar sempre os enfoques bíblicos das romarias aos Santuários. Em Aparecida, o Templo do Senhor não é a construção ou Basílica, e sim a presença intangível do Cristo ressuscitado, a certeza de sua graça, a alegria do seu Evangelho. O sinal exterior desse mistério, o “chão sagrado” (Êxodo, 3,5), (a sarça ardente) é a imagem veneranda da Mãe do Redentor, invocada como “Senhora Aparecida”. Maria é Templo do Senhor: dócil ao sopro do Espírito ela acolheu o Verbo em seu seio, gerando-o com sua carne e sangue. Enquanto o embrião de Jesus tomava forma humana até o nascimento, ela o carregou e o guardou como um tabernáculo ou sacrário. Substituiu e dignificou a função antiga da “Arca da Aliança” (Êxodo, 25,17-22). Peregrinou às pressas até as montanhas em missão de caridade na gravidez da prima Isabel. Que ela nos abençoe e assista a fim de sermos também peregrinos que saibam acolher e viver com amor a Palavra do Senhor.

 

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