Por Academia Marial Em Catequese

Tema do 8º dia da Novena de Nossa Senhora Aparecida – 2012

Maria: alegria de quem busca a Deus!

Tema do 8º dia da Novena de Nossa Senhora Aparecida – 2012É uma grande alegria participar da Festa de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e sentir o carinho de tantos devotos e devotas, romeiros e romeiras, que enchem este Santuário Nacional de fé e esperança. Há também muitas preces de dor e sofrimento e, mesmo nestas súplicas, existe a confiança de saber que o Senhor não nos desampara nunca. É ele que nos conforta em nossas tribulações e nos dá forças para nos manter de pé nos tantos calvários da vida. Em cada calvário, ao pé de cada cruz, está sempre presente a Virgem Maria, invocada na sua Ladainha como CAUSA DE NOSSA ALEGRIA. Ela é alegria de quem busca a Deus e é este o tema da noite de hoje na novena que estamos celebrando.

A Epístola aos Hebreus nos diz que Jesus, mesmo sendo filho, aprendeu a obediência a Deus (cf. Hb 5,8) porque, em tudo, ele procurava o Pai. No Evangelho que há pouco foi proclamado, vimos que desde cedo Jesus buscou a Deus e foi essa busca que lhe revelou todo o projeto do Pai para o Filho, nosso Salvador. Também nós buscamos a Deus por amor, a fim de que saibamos qual é o projeto de sua vontade para a nossa vida. Buscar a Deus é esforço diário e permanente que deve caracterizar a vida de todo batizado que, pela graça do sacramento do Batismo, foi iniciado como discípulo e discípula de Jesus. Na medida em que vamos descobrindo o Senhor, na Escritura e na vida, vamos crescendo na alegria e no compromisso com o Reino. Maria, aquela que aos pés da cruz nos assumiu verdadeiramente como filhos e filhas, também nos ajuda a progredir, a partir do seu exemplo de fidelidade e disponibilidade, na capacidade de amar e servir. Em sua vida, mesmo as horas tristes são marcadas pela confiança em Deus. Ela é alegria dos que buscam a Deus porque ela também o buscou de coração sincero e o procurou buscando um jeito de servi-lo. O alegre canto do Magnficat mostra Maria como mulher capaz de se comprometer com sua realidade e, diante dela, ter voz profética (cf. Doc Ap 451).

Precisamente, aqui, nós podemos nos perguntar qual é o tipo da alegria que Maria é para os que busêam a Deus. O povo brasileiro é conhecido no mundo por sua alegria e muitos jovens do mundo inteiro estão na feliz expectativa de vir ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude e, ao mesmo tempo, conhecer a nossa alegria. Ela que se traduz em muitos ritmos, mas que precisa também ser traduzida em novas práticas de vida, pois, no Brasil, falta alegria para muitos, especialmente os mais pobres, e o Filho da Virgem Maria veio para que todos tivessem vida e a tivessem em abundância (cf. Jo 10,10). Se falta vida, como pode haver alegria?! Numa sociedade organizada, precisamos salvaguardara vida em todos os seus aspectos, desde a concepção até ao desfecho natural; por isso, precisamos zelar pelos instrumentos de democracia e cidadania que nos ajudam a defender a vida digna para todos. Sem saúde, sem educação, sem habitação, sem emprego, sem políticas públicas para os mais desfavorecidos, como podemos colher os frutos do Evangelho?!

Todos, sem distinção, trazem, inscrito no coração, o desejo de procurar a Deus. Santo Agostinho disse que o nosso coração estará sempre inquieto enquanto não o encontrar. No entanto, que Deus nós buscamos?! O Deus das nossas conveniências, que faz vista grossa aos sofrimentos do seu povo e aos clamores dos pobres ou o Deus revelado por Jesus Cristo como Pai de todos os seres humanos?! Este é o nosso Deus, este é o Deus da Mãe Aparecida. Nosso Deus é o Deus que ama, acolhe, perdoa e nos envia em missão, pois não podemos guardar os talentos que ele nos deu somente para nós. Ele nos dá a alegria de servir, como a Virgem Maria se faz serva do Senhor.

Hoje, quando em nosso continente latinoamericano e caribenho, se quer enfatizar o discipulado e a missão, Maria, a “Estrela da Nova Evangelização”, é quem brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fidelíssima do seguimento de Cristo (DocAp 270). Ela busca a Deus e, sendo mãe e irmã de todos nós, Maria é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática (cf. DocAp 268).

Ela, que tem acompanhado tão de perto o povo brasileiro desde 1717, quando sua imagem venerável foi tirada das águas do Paraíba,continua caminhando conosco e nos ajudando a fazer tudo o que Jesus disser (cf. Jo 2,5). Como mãe, Maria nunca nos abandona. Como mestra, sempre nos educa, esforçando-se para nos tirar daquela preguiça que nos impede de ser discípulos missionários desta querida Igreja que reencontrou suas razões de ser no Concílio Ecumênico Vaticano II, cuja abertura se deu em 11 de outubro de 1962 e que foi uma ‘das grandes alegrias do povo de Deus no século XX.

Por tudo isto e por tudo o que a Palavra de Deus nos ensina temos a certeza de que nosso Deus deseja que todos nós encontremos alegria e paz para nossos corações e nossa vida. Por isso, enviou-nos o seu Filho, Jesus Cristo, razão de nossa fé e caminho de realização humana. A fé em Jesus Cristo é uma alegria para a vida e para a eternidade. Reconhecer sua presença e segui-lo é a própria natureza do cristianismo (cf. Doc Ap 244). Assim como Jesus foi ao templo e encontrou a Deus na Palavra que os doutores discutiam, também aqui estamos para fazer da Igreja um lugar onde a presença de Deus seja sentida por todos em nós.

O Documento de Aparecida, gestado neste Santuário Nacional, nos recorda que encontramos o Filho de Deus na Sagrada Escritura, na Sagrada Liturgia, especialmente nos sacramentos, na oração pessoal e comunitária e também o encontramos, de modo especial, nos pobres aflitos e enfermos, que exigem nosso compromisso e nos dão testemunho de fé, paciência no sofrimento e constante luta para continuar vivendo (cf. Doc Ap 250-257). Também a Virgem Maria é um lugar onde podemos encontrar o Ressuscitado, porque ela é a discípula mais perfeita do Senhor (Doc Ap, 266) e cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a se experimentarem como família, a família de Deus. Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo e, da mesma forma, com os irmãos (Doc Ap,267).

Esperamos, por isso, que a Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, nos ajude a todos a ser discípulos missionários radiantes da alegria – que é Cristo – numa Igreja mais servidora e construtores de uma sociedade mais justa, mais fraterna e menos desigual.

Antônio Fernando Saburido, OSB,

Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife

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