Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H51

Homilia sexta-feira da 6ª semana Páscoa

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Homilia sexta-feira 6ª semana Páscoa - João, 16,20-23

Em nossa espiritualidade e religiosidade, em nosso contato íntimo com Deus, nos valores que inspiram a maneira de viver, está sempre viva e atuante a Páscoa. Não é só uma fase do calendário litúrgico. O papel do culto nos 50 dias de Páscoa do calendário é enfatizar o sentido libertador da fé em Cristo ressuscitado, na sua presença conosco na comunidade e na história. Ele nos infunde coragem. Ele abre os horizontes do caminhar e apoia o nosso testemunhar nas situações difíceis. A luta e empenho cristão por um mundo bom e justo nunca serão vãos, nunca serão estéreis e inúteis sejam quais forem as situações culturais. Trabalhando e sofrendo, mas sempre acreditando com toda confiança na vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, vamos jogando no chão da vida as sementes pascais. E delas vão brotar sempre em todo o lugar frutos de liberdade, paz e gestos solidários na convivência.

O que inspira sustenta e mantém a luta do cristão pelo bem, a verdade, a justiça e o progresso espiritual, apesar de todas as dificuldades, é o mistério da ausência e presença de Jesus. Seu corpo glorificado não faz parte da existência terrena. Mas, mesmo ausente vive junto aos seus! A sua ausência física e corporal é menos experimentada por nós que a sua presença espiritual. É desse modo que somos os discípulos-missionários dele, Jesus. Conhecê-lo e segui-lo é ter consciência do seu projeto de vida acontecendo entre nós na Igreja. Na pertença fiel à Igreja fazemos a páscoa, a passagem por este mundo, por seus problemas e crises, tendo Jesus como caminho, verdade e vida.

Eis o mistério do contraste: crer sem ver! Cremos na ausência-presença de Jesus. Cremos num Jesus que foi aparentemente derrotado segundo os conceitos e critérios do mundo. Cremos mesmo quando é difícil viver na fé! Em meio a esse contraste desafiador vivemos a fé e a moral cristãs. Será sempre um tempo de prova o nosso estar no mundo e inserir-se na história. Os cristãos estarão presentes no mundo em constante provação por causa de sua fé, devido à prática religiosa, às convicções morais, ao Evangelho. Cristãos de nome e tradição são comuns. Mais do que os de compromisso fiel. E isso é também uma provação para a nossa fé hoje, quando predomina a cultura do descartável.

Ser fiel a Cristo é ter que passar como Ele por caminhos e experiências de dor e de tristeza para alcançar e possuir definitivamente a alegria plena do Reino. É o contraste da: morte-ressurreição; tristeza-alegria. Vamos ler isso em: João, 16,20-23.

As primeiras comunidades cristãs viveram seus apuros, dificuldades e fracassos. Viveram os temores e desânimos. Aí ocorria a lembrança da despedida de Jesus guardada na memória dos apóstolos. João era um deles. Aliás, era o discípulo amado.

Por isso, João orientou as suas comunidades com as palavras desse cap.16, onde Jesus consola a tristeza dos seus, na iminência de sua separação. Era a perspectiva da morte, do fracasso! A ausência seria breve: um pouco de tempo! Depois ele voltaria, mas com um tipo diferente de vida e de presença junto aos seus. A vida de ressuscitado! Seria a vitória, mas para alcançá-la o caminho necessário era o da cruz. Então: a ressurreição, esta vida nova, daria a todos os discípulos a vitória definitiva sobre a tristeza.

Toda comunidade cristã vive no meio do sistema perverso do mundo e participa continuamente das 2 realidades experimentadas também por Jesus: a da morte e a da vida vitoriosa sobre ela. Ao celebrar a Páscoa, o fazemos com esta certeza dada na experiência dele, Jesus. Dor, sofrimento, exploração, injustiças e perseguições! Tudo vai mudar. Tudo é caminho para a ressurreição! Tudo isso é garantia - como o foi - de vitória e vida plena. O estado de Jesus ressuscitado é a plenitude da existência que Deus quer para nós!

A Igreja deve ser solidária com os que sofrem, com todos os anseios do povo, com as pessoas exploradas em qualquer situação de injustiça social. E por quê? Porque lateja nas veias religiosas da Igreja a vida pascal, a vida de Jesus vencedor da morte.

Nós cristãos experimentamos essa esperança e por isso nos recusamos a estar no mundo como se estivéssemos num grande balcão de negócios. Balcão acessível só para os que são portadores do dinheiro, do poder, da força de barganha. O mundo é perverso, não ajuda. Aliás, dificulta ao máximo a vivência da fé, a prática da justiça, a vida honesta, limpa, decente, verdadeira, pura e santa! Mas, participamos já agora da vida ressuscitada de Jesus. Temos a sua presença espiritual! Também na alegria da oração...                                                                            

 

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