Grão de Trigo

João Batista: testemunha e profeta do primeiro Advento

Escrito por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R.

02 DEZ 2016 - 11H15 (Atualizada em 23 JUN 2021 - 09H57)

2º. Domingo do Advento

Mt 3,1-12

O tempo do Advento é chance de crescimento espiritual ou de retomada decidida dos propósitos de vida cristã. O cristão afinal é o “dono” do Natal como lembrança histórica, comemoração e razão de culto religioso. Cabe a nós, porém, por sermos discípulos de Jesus Cristo não tanto preservar uma data do calendário cristão, mas sim viver o mistério do Natal. Dar testemunho do Senhor Jesus ao celebrar a sua vinda a nós da carne. Anunciar a encarnação do Verbo de Deus! Esse convite próprio do Advento salienta entre outros aspectos a característica de testemunho inerente à vocação cristã, ou seja, ao seguimento de Jesus no mundo. Viver de modo cristão é ao mesmo tempo estar anunciando em todas as situações a fé em Jesus Cristo. Para quê? Para que os outros também possam crer. Esse é um aspecto necessário daquilo que chamamos: a práxis cristã, ou o jeito cristão de viver. Significa que é impossível alguém ser cristão sem estar comprometido a todo o momento com a prática da fé, a doutrina do Evangelho e o comportamento moral coerente com ela. Testemunhar é servir de prova, é anunciar com a vida.

O Natal continua existindo na realidade porque há pessoas que o fazem acontecer hoje. Como? Através da fé, da caridade, da vida fraterna, do espírito de paz e busca da justiça fazem ir acontecendo uma nova ordem social, um mundo mais justo e fraterno. O Evangelho nos oferece uma figura, um símbolo, uma comparação do que é dar testemunho. É ser luz. A testemunha tem o encargo de ser luz, fazer brilhar a luz da fé cristã em meio aos conflitos humanos. Entretanto, isso não é feito sem riscos, sem críticas e incompreensões. O testemunho cristão coloca a gente numa “fria”, e às vezes até numa situação perigosa. Se você não praticar nenhuma religião não vai incomodar ninguém por isso. Mas, basta você se declarar cristão coerente e atuante e já vai incomodar as pessoas: no trabalho, nos negócios, na convivência social e até familiar.

Vejamos o caso de João Batista, segundo o Evangelho. Ele é apresentado como o modelo de quem dá testemunho de Jesus. Ele preparou o terreno para plantar a semente do Reino, a justiça de Deus no coração das pessoas e nas estruturas sociais. Sua figura austera é totalmente dedicada à pregação profética. E nós cristãos queremos que a justiça de Deus entre no coração das pessoas e das estruturas sociais. Recordemos o que Mateus nos conta sobre o ministério de João Batista.

Leia: Mateus, 3,1-12.

"A voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas"

Mateus recorda aos leitores que João Batista já fora anunciado e previsto pelo profeta Isaías como o mensageiro do Messias. Isaías criara até um título bem sugestivo da missão de João Batista no deserto: a voz! A voz da conversão! A voz que alerta, denuncia, chama a atenção e provoca! “A voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (v.3).

A vinda do Messias que estava para chegar será a hora decisiva, a “hora da virada”, momento de mudança radical. O Messias virá para “passar a limpo” a história e as pessoas. O esquema de vida dominante e injusto. Condenará todo o tipo de egoísmo, ambição, exploração...toda injustiça. O anúncio da vinda iminente é também o momento de uma decisão corajosa por ele. É preciso preparar-se; renovar todo o modo de pensar; mudar a mentalidade; abraçar os valores novos. É hora da conversão! A conversão iguala a todos e não admite privilégios nem discriminações entre as pessoas!

Os dirigentes políticos e religiosos do povo judeu queriam se aproveitar do movimento popular desencadeado pela pregação de João Batista. São duramente repreendidos por ele: “Não penseis que ser descendentes de Abraão já vos justifica perante Deus! É preciso produzir frutos que comprovem a conversão” (v.9). E esta conversão deve ser uma atitude radical. A imagem do “machado posto à raiz da árvore seca e sem frutos” (v.10) acentua bem como é urgente mudar radicalmente de vida para agradar a Deus e acolher a sua vinda.

A conversão que prepara a vinda do Messias produzirá uma nova sociedade, cujo sinal será a “limpeza do coração”, ou o Batismo dado pelo Espírito Santo! Uma purificação total da pessoa. O Messias vem para limpar o mundo de toda a sua maldade. Por isso, Isaías o compara ao “rebento novo de uma flor e sobre ele repousará o Espírito do Senhor” (Is 11,1-2).

Quem vive a fé cristã compreende o quanto Deus é esperado hoje também. Como sua vinda, em mais um Natal, é desejada! E como o encontro com Ele é decisivo e necessário! Aí, lado a lado, na convivência social estão a fraternidade e o egoísmo; a justiça e a injustiça, a graça e o pecado! Faça sua escolha: prepare-se! Converta-se para o verdadeiro Natal de Jesus!

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