O transporte coletivo urbano faz parte do cotidiano de todos nós, usuários ou não do serviço. Nas grandes cidades brasileiras, ele parece ser planejado de uma forma que não considera o sofrimento de quem tem que viver contando o tempo gasto na espera e nas viagens de ônibus.
Em Goiânia, mudanças feitas recentemente colocaram ônibus articulados rodando em pistas e plataformas inadequadas, com passageiros se machucando todos os dias. Nem mesmo a televisão mostrando ao vivo o uso de um embarcador de gado no embarque de passageiros fez com que as empresas voltassem atrás nas alterações realizadas. Os poderes públicos (os três!) preferiram se omitir, e o povo segue no sofrimento.
Na maior cidade do país, a prefeitura prepara uma nova licitação, que vai conceder a exploração do serviço por 40 anos, junto com uma reforma do sistema. O novo contrato vai retirar do sistema de transporte público da cidade de São Paulo 1.800 ônibus. A explicação é de que será feito um remanejamento nas linhas, com algumas extintas e outras estendidas, com o aumento da quantidade de viagens.
O usuário compreende o que vem sendo anunciado para o transporte de São Paulo da seguinte forma: menos ônibus rodando e com mais viagens para fazer, resulta em veículos ainda mais cheios e demorados. E os trabalhadores do sistema de transporte estimam que quase 10 mil funcionários vão perder o emprego com as mudanças.
Fica claro que o objetivo principal será aumentar o lucro dos empresários do transporte. No novo projeto para São Paulo, haverá ainda um ganho extra, chamado “produtividade”, caso as empresas consigam colocar mais gente nos ônibus, e fazer as pessoas deixarem o carro em casa. E como atrativos, a prefeitura promete que todos os veículos terão Wi-Fi grátis para os passageiros e ar condicionado.
Mas falta ouvir o maior especialista em transporte coletivo, o usuário. Será que ele prefere um ônibus cheio com Wi-Fi ou confortável sem internet? Será que o passageiro prefere esperar muito para pegar um ônibus com ar-condicionado, ou não esperar tanto no ponto?
O pior é ver agentes públicos, eleitos pelo povo, defendendo os interesses dos empresários. Precisamos, para ontem, de representantes que pensem o transporte coletivo na perspectiva do usuário, não como empresários que buscam lucro ou políticos que buscam dinheiro para suas campanhas eleitorais.
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