Por Victor Hugo Barros Em Revista de Aparecida

A alegria do perdão na família

Cumprir o mandamento de honrar os pais pode ser difícil em algumas situações. Jovem que viveu experiência de perdão para seguir sua vocação mostra que é possível.


Thiago Leon Thiago Leon Oração e perdão são caminhos para honrar o mandamento de honrar pai e mãe

Mais de 2,4 milhões de brasileiros nasceram entre julho de 2024 a julho de 2025. Destes, cerca de 141 mil não possuem o nome do pai em sua certidão de nascimento. Os dados, do Portal da Transparência de Registro Civil, são o retrato de uma realidade que desafia a Igreja e a sociedade: a relação entre pais e filhos.

José* sentiu na pele as dificuldades do relacionamento com o pai, Jacó*, que não era casado com sua mãe e o visitava com certa regularidade. “À medida que eu fui crescendo, eu fui percebendo que o que o meu pai fazia por mim era muito pouco do que eu espero que um pai faça por um filho, define.

“Comecei a me afastar assim do meu pai cada vez mais”, relembra. “Isso se evidenciou há sete anos atrás, em 2018, também em 2019 e a partir daí eu acho que eu realmente fui parando de falar quase que completamente assim com o meu pai, não conseguia dar feliz dia dos pais para ele, não conseguia dizer feliz aniversário, só a muito custo”, detalha o jovem.

A indiferença de José por Jacó teve fim há poucos meses. Em processo de acompanhamento vocacional para ingressar em uma associação privada internacional de fiéis da Igreja Católica, o filho descobriu a necessidade de se reconciliar com seu pai.

“Deus nos quer por inteiros. Para dar uma resposta vocacional, a gente precisa ter a nossa vida inteira nas nossas mãos, para que assim a gente consiga bem ofertá-la, para que a gente consiga dá-la inteiramente para Deus e esse foi um motivo”, esclarece.

“Eu sou uma pessoa que participo bastante da Igreja e não é coerente com a vida de um cristão, não é coerente assim, uma pessoa que não honra seu pai e sua mãe, por mais difícil que seja a relação”, completa.

“Nós podemos manter esse mandamento de honrá-los pela nossa oração, pela nossa bem-querência, pelo desejo de, embora não tenha convivência ou contato, de que eles sejam abençoados e vivam bem e tenham uma vida longa e feliz, independente de qualquer coisa, o respeito, o amor e a oração que nós podemos fazer”, sublinha o missionário redentorista, padre Guilherme Viana. “Sobretudo na vida da família, é importante o perdão como um valor”, completa.

José descobriu este valor também por meio da oração. “Deus foi esse grande motivador desse papel de reconciliação, porque por ele, se não fosse por amor a Deus, não daria nenhum passo”, garante José.

“Nós rezamos no Pai Nosso e pedimos a Deus para perdoar-nos, assim como perdoamos a quem nos ofendeu. Por isso, se eu fui perdoado por Deus, mesmo sem merecer, nós também devemos nos esforçar para perdoar aqueles que nos ofenderam, que fizeram algo contra nós, sabendo de que o perdão é uma graça e o Jubileu quer nos lembrar disso”, esclarece o sacerdote.

“Eu poderia continuar remoendo, eu poderia continuar afastado e viver assim, anestesiado, porque eu já não sentia nada por conta da minha indiferença. Mas eu queria amar, eu queria dar esse passo, eu queria ir até o fim nesse amor. E por isso eu acredito que esse movimento de amor, querer amar mais do que ter razão é fundamental para que a família permaneça reunida”, testemunha o jovem.

Na história de José e de Jacó e de tantas outras famílias, o amor se manifesta no perdão. Junto com ele, a oportunidade de recomeçar.

O perdão é sempre, por primeiro, um privilégio para quem perdoa, o privilégio de não carregar um peso, de não carregar no coração uma marca, um fardo, mas de se libertar disso. E o perdão é um privilégio também para aquele que recebe, por saber que nós sempre podemos recomeçar”, afirma padre Guilherme.

“É o amor que deve nos mover, é essa profunda e constante saída de si em vista do outro, entendendo que o Senhor faz o mesmo por nós todos os dias. Todos os dias ele renova a oferta dele por nós”, finaliza José.


*Nome fictício para preservar a identidade dos entrevistados

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