Por Pe. Jonas Luiz de Pádua, C.Ss.R. Em Revista de Aparecida

A morte não é o fim

Thiago Leon
Thiago Leon
"Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível" - Prefácio dos Mortos, 1


O ser humano é, por natureza, incompleto e finito. E a morte nos apresenta à finitude desta vida terrena, o que um dia todos nós experimentaremos. Por isso, no dia 2 de novembro, celebramos o Dia de Finados. Desde o século X, trata-se de uma ocasião para fazermos memória e rezarmos por todos os falecidos.

Falar sobre a morte é preciso ter, primeiramente, respeito à vida, pois são faces de uma mesma moeda. Assim, só é possível viver bem neste mundo quem considera a possibilidade da irmã morte nos visitar a qualquer instante. Claro, não desejamos “perder” as pessoas que amamos, mas é importante contemplarmos a criação e a esperança na ressurreição, para confortar um pouco nosso coração diante dos lutos inevitáveis que sofreremos.

Como criaturas, somos seres criados a partir de Deus, à semelhança dele (cf. Gn 1,26-27). Pertencendo a Ele, somente Ele saberá a hora de retornarmos à casa paterna de onde viemos. Daí a prudência e o bom discernimento de vivermos bem o tempo presente, considerando o que experimentamos desde a cisão umbilical materna, que é o desprendimento. De certo modo, foi preciso desprender para viver. Então, é preciso desprendermos um pouco de nós: nossa autossuficiência, egocentrismo, vaidade... e dos outros também: nossa possessividade, disputa, poderio...

O complicador social está em querermos encontrar outro cordão umbilical, imaginando saciar e substituir aquele que outrora foi cortado assim que nascemos. Contudo, nenhum outro trará mais vida ao ser humano senão a aliança, e o “cordão umbilical”, de Deus Pai para conosco, suas criaturas e seus filhos, que é inquebrável.

Nessa ótica da fé, a morte não é o fim, mas é um reencontrar-se com Deus, face e face, semelhante à experiência de Moisés na sarça ardente (cf. Êx 3,1-12). Um reencontro com Este que sempre se ofereceu como sentido último, e presença permanente, para nossa existência. Nossos pais e mães do deserto entenderam isso e, até hoje, temos essa compreensão na Igreja, haja vista quando celebramos a vida de um santo no dia em que faleceu.

Desde pequeno, é importante suscitar uma educação para o limite, para o finito, para a morte. Não é questão de fraqueza, de medo ou de poupar as crianças de uma dor, mas de humanidade e civilidade, sobretudo neste tempo em que assuntos sociais como aborto, eutanásia, armamentismo e guerras não levam em conta o descarte humano pelas mortes forçadas que proporcionam.

Assim, para nós, cristãos, a morte é uma passagem a algo superior, eterno e mais forte que ela mesma, que é a ressurreição no Senhor, pois, como nos disse Jesus: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só. Mas, se morrer, dará muito fruto. Quem se apega a sua vida vai perdê-la; mas quem não se importa com sua vida neste mundo vai conservá-la para a vida eterna” (Jo 12,24-25).

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