Revista de Aparecida

Da Ave Maria ao Rosário

Escrito por Ir. Afonso Murad

01 OUT 2023 - 00H05 (Atualizada em 26 OUT 2023 - 16H36)

Thiago Leon

Desde o início do Cristianismo, os seguidores de Jesus desenvolveram muitas maneiras de rezar. Uma delas é a oração vocal.

A pessoa repete a mesma frase como louvor, pedido ou consagração a Deus. No Oriente, conhece-se a oração do peregrino russo: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, tem piedade de mim, pecador”, repetida enquanto se caminha. Os hindus e os budistas repetem uns sons sagrados, que eles chamam de “mantras”.

Na oração vocal, como a Ave-Maria, enquanto os lábios pronunciam as mesmas palavras, a mente se aquieta e o coração sintoniza com Deus.

Não se sabe quando os cristãos começaram a rezar a oração vocal da Ave-Maria. Na Idade Média, uns monges analfabetos, que não podiam ler os salmos, recitavam de memória algumas frases. E assim como nos 150 salmos, eles rezavam o mesmo número de Ave-Marias. Recitavam a primeira parte, composta pela saudação do anjo (Lc 1,28) e as palavras de Isabel (Lc 1,42).

Embora se conte que São Domingos tenha recebido de Maria o rosário, sabe-se que o dominicano Frei Henrique Kalkar, por volta do ano 1300, fez a divisão das Ave-Marias em quinze dezenas, iniciadas com o Pai-nosso. Mais tarde, outro monge propôs a meditação dos mistérios.

Um século depois, o dominicano Alano de la Rocha dividiu o rosário em mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. Com eles se contemplavam a encarnação do Filho de Deus, sua Paixão e morte, a ressurreição e glorificação de Jesus e de Maria. A segunda parte da Ave-Maria foi incorporada ao rosário provavelmente a partir do ano 1480.

Godongphoto / Shutterstock
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O rosário estendeu-se por toda parte. Como é uma oração fácil, o povo aprendeu logo. Muitas confrarias de leigos e institutos religiosos promoveram sua devoção. Espalhou-se a partir de movimentos leigos e institutos religiosos.

Posteriormente, recebeu forte apoio de papas. Encontrou eco nos videntes das aparições marianas nos últimos cem anos, que o difundiram com intensidade. Foi retomado de forma criativa pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), associando-o à leitura e partilha comunitária da Bíblia. Grupos da renovação carismática rezam o terço como introdução nos grupos de oração.

Papa João Paulo II, na carta apostólica O Rosário da Virgem Maria, de 2002, propôs acrescentar os mistérios luminosos, que contemplam a missão de Jesus. Assim, o rosário passou de 150 para 200 Ave-Marias, divididas agora em quatro blocos de mistérios.

O nome “rosário” quer dizer uma corrente de cento e cinquenta Ave-Marias, como uma coroa de rosas. Em português se usa a expressão “terço”. Significa, como a palavra diz, a terça parte do rosário, ou seja, cinquenta Ave-Marias. Um rosário completo, antes do acréscimo de João Paulo II, era composto de três terços. Agora, são quatro terços.

O rosário é uma devoção legítima, que ajuda os fiéis a adorarem a Deus, venerarem a mãe de Jesus e contemplarem os mistérios da vida de Jesus. Deve ser exercitado com o coração aberto e boa preparação. É desaconselhável recitá-lo de forma mecânica, repetindo às pressas as Ave-Marias.

É melhor rezá-lo de forma tranquila, contemplando os mistérios, para experimentar seus frutos espirituais. Sugere-se que a recitação do rosário seja enriquecida com trechos da Palavra de Deus, hinos e canções.


A12 esteve no Santuário de Fátima em 2019 e falou da força na oração do Rosário

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