Ao sul da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, um trono abriga uma pequena Imagem de terracota, coroada e coberta com um manto azul. Seus peregrinos e filhos, com ardente devoção a essa Imagem da Mãe de Jesus, em seu título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, conseguiram que ela fosse proclamada Rainha e Padroeira do Brasil.
Sua origem, entretanto, atravessa os caminhos da história do país como os romeiros que se dirigem a ela.
Era o ano de 1716. Notícias sobre a descoberta de ouro na colônia da América do Sul já haviam alcançado a capital do Império Português, Lisboa, de onde reinava Dom João V.
A perspectiva de riqueza havia motivado a Coroa, governo de uma então potência ultramarina no mundo, cuja padroeira era Nossa Senhora da Conceição, a criar uma divisão específica para comandar aquela região tão extensa e potencialmente tão rica: a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que, na época, abrangia um território que ia do norte do atual Tocantins ao oeste do Uruguai.
Naquele mesmo ano, Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos foi nomeado Governador e Capitão Geral da Capitania pelo Rei de Portugal, chegando ao Brasil em junho de 1717. Ao sair do Rio de Janeiro em direção à região das Minas, permaneceu na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, distante 7800 km de onde havia partido, Lisboa, na segunda quinzena de outubro.
Durante essa visita, vários pescadores, dentre eles Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia, cada um em sua própria barca, foram incumbidos de uma importante tarefa: encontrar, no Rio Paraíba (palavra tupi-guarani que quer dizer rio ruim, imprestável) peixes para a comitiva do governador.
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O acontecimento é relatado no Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, pelo Pe. Dr. João Morais de Aguiar, pároco à época.
Em folhas amareladas, com manuscritos arcaicos de difícil compreensão, permanece a “Notícia da Aparição da Imagem da Senhora”, um dos primeiros relatos do encontro da Imagem – a narração de como aquela simples Imagem de Nossa Senhora da Conceição, em duas partes, corpo e cabeça perfeitamente encaixados pelos pescadores, foi encontrada e conservada por eles, assim como a copiosa pescaria que se sucedeu, o Milagre das Velas e outros prodígios.
“E depois em outra semelhante ocasião, viram muitos tremores no nicho e altar da Senhora, que parecia cair a Senhora, e as luzes trêmulas, estando a noite serena”, relata o sacerdote. Ele agrega que “ainda continua a Senhora com seus prodígios, acudindo a sua santa casa romeiros de partes muitos distantes a gratificar os benefícios recebidos desta Senhora”.
E aquela mesma fé na Senhora – dita, então, Aparecida –, que levava àquela altura os primeiros romeiros a se dirigirem a ela, continua sendo sustentada por todos os seus filhos que, 306 anos depois, mantêm viva essa caminhada.
Agradecimento: Chancelaria da Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Aparecida
Os mantos da Padroeira do Brasil
Muitos foram os mantos que adornaram a Virgem de Aparecida, garantindo a identidade que está sacramentada no imaginário popular.
O primeiro Santuário da Senhora Aparecida
Em 28 de novembro de 1893, o então bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, deu à Capela de Aparecida o título de Santuário Episcopal. O reconhecimento veio apenas cinco anos depois da inauguração do novo templo – que ocorreu em 1888.
Como era Aparecida em 1717?
“Aparecida, que deve sua origem histórica à passagem do Conde de Assumar, é a única cidade em que, por Divina Providência, a Imagem de sua Padroeira foi elevada à honra de sete altares, do primeiro oratório doméstico à majestade da Nova Basílica” - Padre Machado, Congresso da Padroeira: Aparecida na história e na literatura, 1979
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