Revista de Aparecida

Ecônomo do Santuário Nacional lembra convivência com Papa Francisco

Religioso atuou como diácono na missa presidida pelo então cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, na Basílica de Aparecida, em 2007, e teve sua vida marcada pelo pontificado do argentino.

Escrito por Victor Hugo Barros

25 ABR 2025 - 14H11 (Atualizada em 29 ABR 2025 - 16H36)

Aparecida é meta de peregrinação de cerca de 10 milhões de romeiros todos os anos. Por duas vezes o Papa Francisco, morto na última segunda-feira (21), também esteve entre os peregrinos. A primeira delas em 2007, durante a realização da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe (CELAM), ainda como o cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio.

O religioso foi responsável por presidir uma das celebrações no Altar Central do Santuário Nacional. Durante a missa, contou com a ajuda do atual ecônomo do Santuário Nacional, padre Fábio Evaristo da Silva, que participou com ele da Eucaristia.

“Durante o CELAM ele realmente já chamava muita atenção pela sua simplicidade, pela sua proximidade, por ser uma pessoa muito acessível. Então era sempre muito marcante estar próximo do Papa Francisco. Antes mesmo dele ser Papa era uma experiência muito marcante. De certo modo, alguém que sempre comunicou a presença e o amor de Deus. Seja com a sua bondade, a sua humildade, mas também com o seu amor, com a sua fé, com a sua oração”, recorda padre Fábio.

Acervo pessoal
Acervo pessoal
Padre Fábio Evaristo junto ao Papa Bento XVI, em 13 de maio de 2007, em Aparecida

Os encontros daquele período ficaram gravados no coração do sacerdote. Antes mesmo de conhecer o cardeal de Buenos Aires, ele pôde servir ao altar como diácono na missa presidida pelo Papa Bento XVI na Esplanada da Basílica.

“Eu tinha acabado de ser ordenado diácono e fui convocado para estar aqui ajudando como diácono e a primeira celebração foi a celebração de abertura com a presença do Papa Bento XVI. Ele quem inaugurou a realização da quinta Conferência e eu participei da missa de abertura estando ali, ao lado do Papa Bento XVI. Foi um domingo, dia 13 de maio”, rememora com precisão o ecônomo.

Além do contato com o então pontífice reinante, o encontro com o cardeal Bergoglio também marcou a sua vida. “Estava eu ali ajudando como diácono, segurando o missal para ele ali pertinho dele durante aquela celebração, enquanto aconteciam as reuniões do CELAM”, lembra com exatidão.

Reprodução: Vatican News
Reprodução: Vatican News
O "Habemus Papam" de Francisco, em 13 de março de 2013


A surpresa da eleição

Apesar da proximidade com o argentino, ele não poderia imaginar que, um dia, Bergoglio se tornaria Francisco. O religioso não escondeu sua surpresa quando ouviu o nome do cardeal que ele acompanhou em Aparecida ser anunciado durante o Habemus Papam naquele histórico 13 de março de 2013.

“Quando eu soube que era aquele cardeal que eu havia ajudado ali como diácono durante o CELAM, realmente me surpreendi, mas ao mesmo tempo o meu coração se encheu de alegria por ser alguém do povo, alguém tão próximo do povo, tão servidor do povo de Deus”, recorda o sacerdote.

Acervo pessoal
Acervo pessoal
Encontro do então diácono Fábio com o cardeal Bergoglio moldou seu ministério sacerdotal


Inspiração missionária

Três meses após o encontro com o Papa Bento XVI e o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, padre Fábio recebeu a ordenação sacerdotal no Altar Central do Santuário Nacional. Desde então, trabalhou em diversas frentes de missão na Congregação do Santíssimo Redentor.

Em 2024, voltou ao Santuário Nacional para trabalhar como administrador-ecônomo da Casa da Padroeira do Brasil. O sacerdote se inspira em Francisco para exercer sua missão no cuidado da Basílica de Aparecida.

“Todos os trabalhos que a gente vem realizando têm muita inspiração nesse jeito de ser do Papa Francisco, de realmente cuidar destas realidades administrativas, mas sempre em vista da missão, pensando no povo de Deus. Tudo o que realizamos, tudo o que cuidamos aqui nesta terra, é em vista do povo de Deus, daqueles que visitam o Santuário, dos devotos de Nossa Senhora Aparecida. A inspiração do Papa Francisco é muito atual e viva entre nós, garante padre Fábio.

Thiago Leon
Thiago Leon
Em Aparecida, ensinamentos de Francisco se transformam em iniciativas


Legado em Aparecida

Um dos reflexos da inspiração de Francisco no Santuário Nacional são as obras realizadas com o auxílio da Família dos Devotos. Mesmo com a morte do pontífice, seu legado permanecerá de forma concreta nas ações do maior templo dedicado à Virgem Maria no mundo.

“Nós estamos empenhados em entregar alguns projetos relacionados àquela proposta que o Papa Francisco trouxe, sobretudo a partir da Encíclica Laudato Si, que é o cuidado com a Casa Comum, adianta o ecônomo.

Cuidado expressado até mesmo nas fachadas do Santuário Nacional. A Fachada Leste, obra que está sendo finalizada nos próximos dias, apresenta o Gênesis, recordando Deus como criador do homem e da natureza.

Gustavo Cabral
Gustavo Cabral
Pe. Fábio Evaristo, C.Ss.R., administrador-ecônomo do Santuário Nacional

“(A Fachada Leste) retrata a Criação, o respeito que temos que ter com toda a criação, porque é um dom de Deus e todos nós fazemos parte desta criação. Todos nós estamos no mesmo barco, nesta mesma história e devemos sim ter um respeito profundo por aquilo que Deus criou com muito amor, conta o padre.

Outras iniciativas vão reforçar o compromisso do Santuário Nacional com o desejo do Papa Francisco de preservação da natureza. Obras que simbolizam o legado de um pontificado que marcou a história da Igreja.

  • “Nos próximos meses nós vamos estar concluindo um projeto muito bonito que é a nossa Usina Fotovoltaica. Vamos estar produzindo energia limpa para manter o Santuário, a Casa de Nossa Senhora. E estamos também trabalhando no projeto com o tratamento dos resíduos sólidos, do lixo produzido aqui no Santuário pelos visitantes, a nossa Usina de Tratamento de Compostagem, relacionada também a esta insistência do Papa Francisco para que a gente se preocupe com a Casa Comum, que a gente cuide da Casa Comum”, confessa padre Fábio.

Também para o religioso, Francisco continuará a ser um exemplo não apenas de cuidado, mas também de serviço. “Tudo isso continua vivo em nossa vida, naquilo que nós continuamos ainda vivendo, realizando como missionário, como ministro da Igreja, como servidor do Evangelho, como missionário Redentorista”, define.

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