A arte e a fé sempre caminharam juntas na história da Igreja. “Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte” (João Paulo II, Carta aos Artistas, 1999). Desde os símbolos nas Catacumbas até as representações cristãs nas grandes Basílicas, artistas se esmeraram em traduzir a fé por meio da beleza.
Com a devoção à Nossa Senhora Aparecida não foi diferente. Ao longo dos mais de três séculos de devoção a Padroeira do Brasil, artistas contribuíram para o engrandecimento da fé dos brasileiros à Mãe de Deus e nossa.
Frei Agostinho de Jesus
Oficialmente a autoria da Imagem de Nossa Senhora Aparecida é desconhecida. Estudiosos de arte, porém, acreditam ser o Frei Agostinho de Jesus o responsável por moldar a Padroeira por volta da primeira metade do século XVII.
Um dos peritos que analisou a Imagem e chegou a esta conclusão, o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, afirmou em uma conferência realizada por ocasião dos 250 anos do encontro da Imagem, em 13 de abril de 1967:
“A Imagem de Nossa Senhora Aparecida, encontrada prodigiosamente no Rio Paraíba em fins de outubro de 1717, é paulista, de arte erudita, feita provavelmente na primeira metade de 1600, por discípulo, mas não pelo próprio mestre, do beneditino Frei Agostinho da Piedade”.
O mesmo pesquisador afirmou ser este discípulo o Frei Agostinho de Jesus. Pintor e escultor, o monge beneditino é considerado o primeiro artista plástico nascido no Brasil.
Embora não se saiba com exatidão o dia de seu nascimento, documentos atestam que o religioso morreu no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1661, deixando vasto acervo de imagens em terracota.
Irmão Bento (José Hiebl), C.Ss.R.
Nascido em Edling, na Alemanha, ingressou na Congregação do Santíssimo Redentor em 1858, mesmo contra a vontade de seus pais. Sua formação em música, desenho e pintura, obtidas ainda na adolescência, se afloraram na vida religiosa, tornando-se renomado escultor e pintor.
Ao todo, realizou mais de 100 obras, presentes na Alemanha e no Brasil, para onde se mudou em 1897. Em Aparecida, um exemplo de sua produção escultórica pode ser visto até hoje na Basílica Histórica, que abriga o crucifixo e a imagem de Nossa Senhora das Dores, feitas pelo religioso para celebrar a passagem para o ano de 1900.
Irmão Bento também realizou diversas pinturas, preservadas até hoje em casas redentoristas e até mesmo em igrejas de São Paulo e Minas Gerais.
O Almanaque Ecos Marianos de 1971 narra que o irmão não apenas trabalhava, mas também ensinava o ofício a jovens de Aparecida. Fazia do seu trabalho e dos seus sofrimentos um momento de encontro com Deus.
Em sua biografia, presente no livro “Aqueles que nos precederam”, é descrito como “homem de muita oração, que trabalhava recitando contínuas jaculatórias, Irmão Bento foi, principalmente nos seus últimos dias, um modelo de paciência e conformidade”.
Após tantos anos de produção artística, no fim da vida, sua visão já estava debilitada, além de apresentar problemas cardíacos. Três meses antes de sua morte, uma unha encravada originou uma inflamação em seu pé, que o fez sofrer muito. Morreu em 5 de novembro de 1912, aos 75 anos de idade.
Chico Santeiro
Primeiro artista a reproduzir a Imagem de Nossa Senhora Aparecida por meio da escultura, Francisco Ferreira, o Chico Santeiro, nasceu em Cunha (SP), em 3 de dezembro de 1893.
Mudou-se para Aparecida muito cedo e trabalhou como sacristão na Basílica Histórica, onde conheceu o Irmão Bento. Com o religioso, aprendeu o gosto pela arte, sobretudo no campo da escultura.
O artista confeccionou mais de 3.000 réplicas de Nossa Senhora Aparecida. Além de peças para diversos lugares do Brasil, produziu também para o exterior: Portugal, França, Itália, Argentina, Peru, México e América do Norte.
Sua obra é reconhecida por seu estilo próprio, idealizado por meio de técnicas criadas pelo santeiro. Para a confecção das estátuas, utilizava pó de serragem e cola, além de madeira e barro.
O Museu Nossa Senhora Aparecida possui, em seu acervo, peças que foram produzidas pelo santeiro.
Sua habilidade com a pintura pode ser conferida na Sala das Promessas, localizada no subsolo da Basílica, onde estão expostos quadros de sua autoria, apresentando os primeiros milagres da Padroeira do Brasil.
Após se aposentar como sacristão, o artista continuou a produzir obras de arte. Chico Santeiro viveu em Aparecida até sua morte, em 17 de novembro de 1980.
Cláudio Pastro
Nascido em 15 de outubro de 1948, Cláudio Pastro foi o responsável por grande parte do acabamento artístico-arquitetônico do interior da Basílica de Aparecida.
Com mais de 40 anos dedicados à arte sacra, realizou também diversos projetos no Brasil e no exterior, incluindo o Cristo Evangelizador do Terceiro Milênio, produzido para o Vaticano por ocasião do Jubileu dos anos 2000.
Iniciou seu trabalho junto ao Santuário Nacional em 1999, a convite do então cardeal-arcebispo de Aparecida, Dom Aloísio Lorscheider.
Graças ao auxílio da Família dos Devotos, começou o revestimento interno da Basílica por meio do Altar Central, sagrado em 2001. A partir do coração do espaço litúrgico, realizou diversos trabalhos no interior do templo — como o próprio nicho que abriga a Imagem original de Nossa Senhora Aparecida, que seguiram até 2017, com a finalização do revestimento da Cúpula Central. Pastro, porém, não pôde contemplar a inauguração de sua última obra. Morreu em 19 de outubro de 2016, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC).
Além dos painéis, vitrais, pisos e azulejarias que concebeu para o espaço interno da Basílica de Aparecida, Pastro atuou ainda nas visitas de dois pontífices ao Brasil. Em 2007, produziu os vasos sagrados utilizados pelo Papa Bento XVI na missa de abertura da Conferência Geral dos Bispos da América Latina e Caribe. Em 2013, desenhou os materiais litúrgicos utilizados pelo Papa Francisco tanto na missa em Aparecida, quanto nos atos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (RJ).
Arte e fé
Estes e outros artistas inscreveram seus nomes na história da devoção a Padroeira do Brasil por darem cor e forma à mensagem de Jesus e de sua Mãe. Ao mesmo tempo, eles mesmos foram nutridos pela Boa Nova, pois “o cristianismo, em virtude do dogma central da encarnação do Verbo de Deus, oferece ao artista um horizonte particularmente rico de motivos de inspiração” (João Paulo II, Carta aos Artistas, 1999).
Graças ao auxílio generoso da Família dos Devotos, o Santuário Nacional pode continuar seu acabamento, utilizando da arte para uma verdadeira catequese. Atualmente, mosaicos dão cor e forma à Palavra de Deus nas fachadas da Basílica, transformando o segundo maior templo do mundo em uma grande Bíblia a céu aberto.
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- Foto: CDM - Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional
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- Foto: Thiago Leon - Acervo CDM
- Foto: Thiago Leon
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