Celebrados pela Igreja desde o ano de 1300, os Jubileus marcam a história do Catolicismo. Desde seu surgimento, o Ano Jubilar é marcado pelas peregrinações a Roma, como forma de obter as indulgências concedidas pelo Papa durante o Ano Santo. As comemorações também foram vivenciadas em Aparecida e ajudaram a estabelecer a Terra da Padroeira do Brasil como local privilegiado para as romarias.
A presença de romeiros em visita à Senhora Aparecida já está registrada desde 1745. O relato do encontro da Imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, escrito no I Livro do Tombo da Paróquia de Guaratinguetá, afirma que, já naquele tempo, vinham “romeiros de partes muito distantes a gratificar os benefícios recebidos desta Senhora”.
Jubileu de 1900
Proclamado pelo Papa Leão XIII por meio da Bula Properante ad Exitum Saeculo, em 11 de maio de 1899, o Jubileu de 1900 marca um impulso da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Neste ano, os bispos brasileiros incentivaram o clero e os fiéis a peregrinarem à Terra da Padroeira.
Parte do episcopado liderou as romarias. O então bispo de São Paulo, Dom Antônio Cândido de Alvarenga, em 8 de setembro de 1900, veio junto com outros 2.000 peregrinos da capital paulista. Em 16 de dezembro do mesmo ano, foi a vez do então arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde, se juntar a mais de 100 cariocas e um grande número de sacerdotes para visitar a Padroeira do Brasil.
Leia MaisPor que peregrinar em Aparecida durante o Ano Jubilar?Ambas as peregrinações até hoje vêm o Santuário Nacional, repetindo o costume iniciado naquele Jubileu. Foi justamente esta prática que deu origem ao canto “Viva a Mãe de Deus e nossa”, escrito pelo Conde José Vicente para a romaria paulista de 1905 e que, atualmente, é um dos mais conhecidos hinos de Nossa Senhora Aparecida. Já os cariocas detêm o título de romaria mais longeva ao Santuário, com 122 edições até agora.
Além destas duas romarias, outras Dioceses e cidades também visitaram Nossa Senhora durante o Ano Santo de 1900. Em um tempo onde as viagens a Roma eram feitas em navios e poderiam levar dias, a peregrinação a Aparecida permitia que mais fiéis pudessem vivenciar o Jubileu.
Foi também neste ano que os Missionários Redentoristas iniciaram a evangelização pelos meios de comunicação. Em 9 de novembro de 1900, o redentorista Padre Gebardo Wiggerman solenemente abençoou o maquinário da atual Editora Santuário. No outro dia, imprimiu a primeira edição do Jornal Santuário, que desde então nunca deixou de ser impresso. O periódico registraria, ao longo dos anos, a realização dos Jubileus e sua relação com o Santuário de Aparecida.
Jubileu de 1950
Foi o mesmo Jornal Santuário de Aparecida que, na edição de 03 de julho de 1949, estampou em sua primeira página o anúncio do Jubileu de 1950. A publicação trazia a Bula Jubilaeum Maximum, divulgada pelo Venerável Papa Pio XII em 26 de março daquele ano, proclamando solenemente o Ano Santo.
No contexto das comemorações jubilares, este pontífice proclamou solenemente o dogma da Assunção da Virgem Maria em corpo e alma ao céu. Como marco deste acontecimento e do próprio Ano Santo, a Congregação Mariana e as Filhas de Maria da Arquidiocese de São Paulo doaram à Basílica de Aparecida — cuja construção sequer havia começado — a estátua de Nossa Senhora da Assunção. A obra, confeccionada em bronze, é de autoria do escultor Francisco Bussacca, e mede 2,5 metros de altura. Atualmente, o monumento está localizado no Memorial dos Construtores do Santuário Nacional.
O Santuário de Aparecida foi representado em Roma, durante as celebrações jubilares, na Exposição Internacional de Arte Sacra, realizada na Cidade Eterna por ocasião do Jubileu de 1950. A maquete com o projeto da nova Basílica — que havia sido aprovado pelo Vaticano em 1949 — foi exposta no encontro. Escritos da época detalham que o modelo do novo templo, de dimensões monumentais, chamou a atenção, “recebendo aplausos e admiração de peregrinos do mundo inteiro”.
Jubileu de 1975
No Ano Santo de 1975, o Dia da Padroeira do Brasil foi de intensa movimentação. Naquele tempo, o 12 de outubro não era feriado nacional — que seria promulgado cinco anos depois. As festividades em louvor à Senhora Aparecida caíram em um domingo, o que facilitou a presença de 250 mil pessoas na Capital da Fé Brasileira.
O intenso movimento fez com que a cidade não comportasse o número de romeiros. O I Livro do Tombo do Santuário Nacional narra que “a Polícia Rodoviária desviou o trânsito para Guaratinguetá e Lorena”, municípios próximos a Aparecida. Nem assim as vias ficaram desobstruídas.
Com o trânsito caótico, foi impossível realizar a tradicional procissão pelas ruas da cidade. O então cardeal-arcebispo de Aparecida, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, substituiu o ato por “uma passeata nos terrenos da Igreja Nova”, como detalha o Livro do Tombo.
Jubileu de 2000
Em 25 de dezembro de 1999, o cardeal-arcebispo de Aparecida da época, Dom Aloísio Lorscheider, celebrou o início do Jubileu dos anos 2000 na Basílica de Aparecida. A cerimônia contou com a participação de milhares de fiéis, prenúncio das grandes movimentações que aconteceriam ao longo de todo o Ano Santo.
De janeiro a dezembro de 2000, aconteceram 90 celebrações jubilares na Basílica de Aparecida. Todas as romarias organizadas fizeram questão de inserir o Ano Santo em suas atividades.
Entre elas, a Arquidiocese de Aparecida. Paróquias e comunidades do território arquidiocesano enviaram representantes para o encontro jubilar no templo que abriga a Padroeira do Brasil.
Assim como em 1900, as arquidioceses de São Paulo e do Rio de Janeiro realizaram suas peregrinações jubilares ao Santuário Nacional. “Acima de tudo, viemos em nome de Deus, celebrar com a serva que disse ‘sim’ ao seu pedido”, contou ao Ecos Marianos o então cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio de Araújo Sales.
A movimentação seguiu intensa até o dia 5 de janeiro de 2001. A data marcou o encerramento do Ano Jubilar na Terra da Padroeira.
Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Proclamado pelo Papa Francisco em caráter extraordinário, o Jubileu da Misericórdia foi aberto na Arquidiocese de Aparecida em 13 de dezembro de 2015. Seguindo as diretrizes do Papa Francisco para a realização daquele Ano Santo, o então cardeal-arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, instituiu o principal acesso do templo como a Porta da Misericórdia.
Durante todo o ano de 2016, 11,7 milhões de peregrinos visitaram o Santuário Nacional. Ao longo do período, o atendimento às confissões foi reforçado, evidenciando o caráter da misericórdia que norteou o Jubileu extraordinário.
Em 13 de novembro de 2016, o Cardeal Damasceno fechou simbolicamente a Porta da Misericórdia da Basílica, marcando o encerramento do Jubileu da Misericórdia. Desde então, a Porta da Misericórdia voltou a ser usada apenas como acesso ao templo. Três dias depois, em 16 de novembro do mesmo ano, o purpurado encerrou seu arcebispado em Aparecida, tornando-se arcebispo emérito.
Jubileu de 2025
Por meio da Bula Spes non confundit, o Papa Francisco proclamou, em 09 de maio de 2024, a realização do Jubileu ordinário de 2025. No texto, o pontífice determinou que, ao longo do Ano Santo de 2025, dioceses e arquidioceses pudessem designar Igrejas Jubilares como locais de peregrinação e recepção da indulgência plenária jubilar.
Seguindo as orientações do Santo Padre, Dom Orlando Brandes assinalou as duas Basílicas de Aparecida como locais de peregrinação durante o Jubileu. A assinatura do decreto aconteceu durante a Missa Solene da Festa da Padroeira do Brasil, em 12 de outubro de 2024.
Desde 28 de dezembro de 2024, o maior centro de peregrinações da América Latina acolhe, no contexto do Jubileu de 2025, os peregrinos que acorrem à Virgem Maria na “esperança segura de que, nas tempestuosas vicissitudes da vida, a Mãe de Deus vem em nosso auxílio, apoia-nos e convida-nos a ter fé e a continuar a esperar” (Spes non confundit, 24). Já estão confirmadas grandes romarias, como as das Arquidioceses de São Paulo e do Rio de Janeiro, que já em 1900 se colocaram a caminho, renovando a cada ano a alegria do encontro com Jesus — rosto da misericórdia — pelas mãos de sua Mãe Santíssima.
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