Revista de Aparecida

URGENTE: Papa Francisco morre no Vaticano

Pontífice teve morte confirmada nesta manhã. Vaticano não detalhou causa da morte, mas anunciou que Francisco morreu na Casa Santa Marta, onde vivia no Vaticano.

Escrito por Victor Hugo Barros

21 ABR 2025 - 06H26 (Atualizada em 24 ABR 2025 - 15H33)

Morreu nesta segunda-feira (21) o Papa Francisco. O pontífice, de 88 anos, teve sua morte confirmada pelo camerlengo da Igreja Católica, o Cardeal Joseph Farrell, na manhã de hoje. De acordo com o Vaticano, o falecimento foi constatado às 7h35 de Roma (2h35 de Brasília), na Casa Santa Marta, onde vivia no Vaticano.

“Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino, afirmou Farrell no comunicado.

Reprodução/ Vatican News
Reprodução/ Vatican News
O Papa Francisco na Urbi et Orbi do dia 20 de abril de 2025, sua última aparição pública


A saúde de Jorge Mario Bergoglio - nome de batismo do pontífice - começou a se agravar desde o dia 14 de fevereiro, quando foi internado no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, para tratar do agravamento de uma bronquite, que depois evoluiu para um quadro de pneumonia bilateral, ou seja, que atingiu seus dois pulmões. A Sala de Imprensa da Santa Sé não detalhou a causa da morte do pontífice, que chegou a realizar a bênção Urbi et Orbi na manhã de ontem (20), durante as celebrações do Domingo de Páscoa, no Vaticano. Sua última aparição pública.

A morte do pontífice - o primeiro latino-americano a ocupar o Trono de São Pedro - marca o fim de um pontificado de 12 anos. Eleito em 13 de março de 2013, seu papado foi caracterizado pela simplicidade e por reformas na Igreja.


Funeral

Estas mudanças poderão ser percebidas também nos ritos fúnebres, ainda sem data definida para acontecer. As alterações, reveladas por Bergoglio em abril do último ano no livro El Sucesor e divulgadas em novembro de 2024 pelo Escritório de Celebrações do Sumo Pontífice, incluem a exposição do corpo do Santo Padre dentro do caixão e não mais fora dele, como era o costume, e também o uso de apenas uma urna funerária de zinco revestida de madeira, ao contrário dos três caixões comumentemente usados nos sepultamentos papais.

"O Papa pediu, como ele mesmo falou em diversas ocasiões, a simplificação e adaptação de alguns ritos para que a celebração das exéquias do bispo de Roma expressasse melhor a fé da Igreja na ressurreição de Cristo", explicou o mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Dom Diego Ravelli.

O próprio pontífice também revelou que não será sepultado na Basílica de São Pedro, mas sim na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. O  local do sepultamento do Bispo de Roma será em um nicho na nave lateral da primeira Basílica dedicada a Virgem Maria no mundo. O espaço, preparado diretamente no chão, fica ao lado do ambiente onde é venerado o ícone da Salus Populi Romani, devoção pessoal de Francisco, que visitou o ícone por 126 vezes.

Vatican Media
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Francisco diante do ícone da Salus Populi Romani


Ao encontro do rebanho

Foi a fé que guiou o Santo Padre na condução da Igreja. Para promovê-la, realizou viagens apostólicas ao redor do mundo - 47 delas fora do território italiano, visitando 66 nações. A primeira delas ao Brasil, em julho de 2013. Na oportunidade, visitou o Santuário Nacional de Aparecida e celebrou na Basílica sua primeira missa pública fora da Itália após ser eleito pontífice.

Thiago Leon
Thiago Leon
O Papa Francisco durante sua viagem a Aparecida, em 2013


O pontífice realizou ainda 40 visitas apostólicas dentro do território italiano. Ao todo, 49 diferentes cidades do país receberam o pontífice. Este número não leva em conta as visitas pastorais realizadas pelo Bispo de Roma a sua Diocese, consideradas numerosas.


Os documentos do papado

Francisco escreveu quatro encíclicas. A primeira delas, Lumen Fidei, publicada em 29 de junho de 2013, foi escrita junto ao Papa Bento XVI, que havia iniciado o texto antes de sua renúncia. Em 24 de maio de 2015 publicou Laudato Si, dedicada ao cuidado da Casa Comum. Voltada à fraternidade e à amizade social, Fratelli Tutti foi a terceira encíclica de seu pontificado, assinada em 03 de outubro de 2020. Mais recentemente, em 24 de outubro de 2024, promulgou a Encíclica Dilexit nos, sobre o amor humano e divino do coração de Jesus.

Reprodução/ Vatican News
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Produziu sete exortações apostólicas. A primeira delas, Evangelii Gaudium, é considerada um roteiro programático de seu pontificado.

Somam-se ainda 75 motu proprio, onde se dedicou sobretudo a reformas de organismos eclesiais. Além de 39 constituições apostólicas, em sua grande maioria organizando a distribuição geográfica da Igreja no mundo, e duas bulas pontifícias, Misericordiae Vultus, com a qual proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia e Spes non Confundit, proclamando o Ano Santo de 2025.

Somam-se ainda 91 cartas apostólicas. Entre elas, Admirabile signum, sobre o significado e valor do presépio, e Patris Corde, no 150º aniversário de proclamação de São José como patrono da Igreja.

Nathália Oliveira - A12
Nathália Oliveira - A12
Papa Francisco preside canonização na Praça São Pedro


O maior número de canonizações da história

Francisco canonizou 942 santos em 18 cerimônias, sendo 15 delas celebradas no Vaticano, uma em Portugal, uma nos Estados Unidos e uma no Sri Lanka. Entre os elevados aos altares pelo pontífice estão São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, em 2014; os 30 Mártires de Cunhaú e Uruaçu, em 2017; e Santa Dulce Lopes Pontes, a Irmã Dulce, em 2019.

Proclamou ainda 1541 novos beatos. Destes, os brasileiros Beata Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, em 2013; a Beata Maria Assunta Caterina Marchetti, em 2014: o Beato Francisco de Paula Victor, em 2015; o Beato João Schiavo, em 2017; o Beato Donizetti Tavares de Lima, em 2019; a Beata Benigna Cardoso da Silva, em 2022; e a Beata Isabel Cristina Mrad Campos, também em 2022.

Já internado, no último 25 de fevereiro o pontífice autorizou a promulgação de novos decretos de beatificação. Francisco reconheceu a santidade dos beatos Bartolo Longo e José Gregorio Hernández, além de convocar um consistório de cardeais para a votação de outras causas de canonização, mantendo-se ativo mesmo dentro do Hospital e com um quadro de saúde - nesta altura - definido como “crítico” pelos médicos.

Na última segunda-feira (14), já no Vaticano, Francisco reconheceu o martírio do sacerdote missionário italiano no Brasil, padre Nazareno Lanciotti, e da religiosa indiana Elisa da Bem-Aventurada Virgem, fundadora das Irmãs Carmelitas Teresianas. O ato permite a beatificação de ambos, os últimos a serem elevados por Bergoglio aos altares.

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Papa Francisco no Hospital Gemelli, em Roma


Últimos dias

Os primeiros indícios do agravamento da saúde do pontífice foram anunciados por Francisco no início de fevereiro. Durante a Audiência Geral do dia 05 de fevereiro, o Santo Padre não leu sua catequese, proferida pelo padre Pierluigi Giroli, funcionário da Secretaria de Estado. Desculpando-se, o Papa disse aos peregrinos presentes no encontro: “com este resfriado forte está difícil falar".

Posteriormente, o Vaticano confirmou que o líder da Igreja Católica apresentava um quadro de bronquite. Francisco, porém, decidiu manter sua agenda, que incluiu encontros com autoridades e celebrações públicas, mesmo com as baixas temperaturas registradas em Roma no período.

Entre os compromissos que contaram com a presença do religioso esteve a missa do Jubileu das Forças Armadas, Polícia e de Segurança, a última Eucaristia presidida por ele na Praça São Pedro. Durante a celebração, o Santo Padre iniciou a leitura da homilia, sem conseguir concluí-la. “Peço desculpas e peço ao mestre (de cerimônias, Dom Diego Ravelli) para continuar a leitura por causa de dificuldades de respirar”, disse na ocasião.

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Francisco preside sua última missa pública na Basílica de São Pedro


Em 12 de fevereiro, dois dias antes de sua internação, novamente durante a Audiência Geral, o Papa afirmou: "Ainda não posso ler por causa da bronquite. Espero que da próxima vez eu possa". Logo após, pediu ao padre Giroli para realizar a leitura da catequese previamente preparada por Francisco.

No dia 14 de fevereiro, foi internado no Hospital Gemelli para - de acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé - prosseguir com o tratamento da bronquite em ambiente hospitalar. Três dias depois, em 17 de fevereiro, passou a apresentar uma “situação clínica complexa”, conforme anunciado pelo Vaticano. No dia seguinte, 18 de fevereiro, o pontífice foi diagnosticado com uma pneumonia bilateral, tendo sua situação agravada no sábado, 22 de fevereiro, quando os médicos definiram seu quadro como “crítico”.

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Francisco reza na Capela do Hospital Gemelli, em Roma


Em 28 de fevereiro, Francisco apresentou uma crise isolada de broncoespasmo, agravando seu quadro respiratório. Ao jornal Corriere della Sera, o médico Sergio Alfieri informou que estes foram os piores momentos da internação de Francisco.

No começo de março, os médicos retiraram o prognóstico reservado, apontando que Francisco não corria mais risco de vida. Em 12 de março, a Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou que exames atestam a melhora das condições de saúde do líder da Igreja Católica.

O pontífice voltou ao Vaticano em 23 de março, quando continuou seu tratamento na Casa Santa Marta, onde vivia no Vaticano. Esta havia sido a quarta e mais longa internação de Francisco no Hospital Agostino Gemelli.

O longo Calvário de Francisco chegou ao fim às 7h35 de Roma desta segunda-feira da Oitava da Páscoa (21). O Vaticano informou que a constatação da morte e a deposição no caixão serão feitos às 20h locais (15h segundo o horário de Brasília), na Capela da Casa Santa Marta, onde viveu o primeiro Papa latino-americano.

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