Por Joana D'arc Venancio Em Igreja

Educar na fé e para a fé II: A escola e a "ditadura do relativismo"

EDUCAR NA FÉ E PARA A FÉ II
OS JUSTOS BENEFÍCIOS
DA EDUCAÇÃO E DA INSTRUÇÃO

Na primeira parte desta reflexão voltamos nossa atenção à “Emergência Educativa” que a Igreja nos convoca e como, através da educação na fé e pela fé, damos respostas sólidas aos “tempos líquidos”. Na segunda parte voltaremos nosso olhar para a instituição escolar nos interrogando sobre os perigos que nela habitam ao promover a “ditadura do relativismo” 

Ao refletir sobre educação, é sabido que não se trata apenas da reflexão acerca da escola, mas de todas as possibilidades e lugares em que a educação acontece, seja a educação sistemática como a educação assistemática. No entanto, é aconselhável, que ao refletirmos sobre educação, possamos parar atentamente para refletir sobre o papel da escola.

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Durante muitos anos, achamos que nossas crianças, adolescentes e jovens estavam seguros nesta instituição, pois nela poderiam aprender ciências, civismo e as regras de convivência. Hoje, já não podemos ter a certeza dessa segurança. Estamos falando de uma segurança de formação sólida e para as verdades que Jesus anuncia e que a Igreja Católica preserva. É exatamente o que nos afirma o sociólogo BAUMAN (2014, p. 9): “Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido”. Isso deve exigir nossa atenção!

A escola tem sido gravemente atingida e mais do que isso, está colaborando na formação de sujeitos cada vez mais adeptos do relativismo, do individualismo, da superficialidade e da efemeridade. Tudo isso tem nos levado à fragilidade das relações e à brevidade da convivência. Estamos diante da fragilidade do afeto, do amor, da acolhida e das relações duradouras e dos códigos éticos e morais. Os que escolhem a retidão, diante do novo cenário, são exemplos de perda de tempo de aprisionamento da liberdade, já que constatamos a insistência do ensinamento de que “nada é para durar”, fato que lamentavelmente já podemos comprovar em muitas relações.

 

"A escola tem sofrido as consequências de um modelo social cada vez mais líquido e relativista, onde as 'grandes verdades' estão sendo diluídas em nome da verdade de cada um e da efemeridade das verdades".

A escola, e os seus aparatos, deveriam ser fontes de crescimento humano. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52). Não é isso que está ocorrendo. A escola tem sofrido as consequências de um modelo social cada vez mais líquido e relativista, onde as “grandes verdades” estão sendo diluídas em nome da verdade de cada um e da efemeridade das verdades.  Bento XVI, nosso querido Papa Emérito, nos chamava e chama insistentemente a ter cuidado com a “ditadura do relativismo”, pois este deixa cada um, como medida de si mesmo. Quando nos colocamos como medida de nós mesmos, também nos colocamos a favor do individualismo e da efemeridade, permitindo assim, que Deus seja banido de nossa existência, já que Deus é amor, Absoluto e Eterno. A ditadura do relativismo não tem consequência somente particular, mas envolve toda a sociedade colocando em perigo a convivência e nossa condição humana. Essa ditadura reconhece tudo como válido e autêntico. Tudo faz parte do suposto respeito ao relativismo cultural e às escolhas pessoais. Todas as ideias são relativas e não é possível determinar o que é verdade e o que é o bom. Todas as concepções éticas e morais são entendidas como produtos históricos e culturais. Sendo assim, não há verdade absoluta. Tudo que é absoluto e duradouro é considerado como maléfico à sociedade. Deus é absoluto, logo precisa ser descartado. A Fé, a Família, a Religião, os valores morais, podem ser descartados.

Não está fácil ser Cristão-Católico! Na verdade, nunca foi, mas estamos vivenciando um grande conflito de valores. A escola tem sido usada como o canal de reprodução ideológica e está sendo impulsionada a ficar na contramão dos valores que, nós católicos, temos como “Grandes e Absolutas e Eternas Verdades”. Nossas crianças, jovens e adolescentes correm riscos nas escolas. São muitos riscos e entre eles, a insistência ideológica, em nome de um estado laico, de querer banir a religiosidade do cotidiano (o que caracteriza um “estado ateu” e não “laico”); ou seja, não tem sido permitido, pela força da Lei, rezar ou realizar atividade de cunho religioso no cotidiano escolar. Todas as datas comemorativas, que têm motivação religiosa, devem ficar ausentes do calendário letivo. Há legislações fazendo essas proibições. Em muitos casos, as imagens e os símbolos religiosos devem ser retirados dos espaços escolares. Há projetos tramitando, em várias instâncias, pedindo o fim do Ensino Religioso nas escolas públicas. Projetos esses, apoiados por muitos políticos que pareciam “amigos da Igreja” e do Evangelho. Há também, outros projetos, apoiados por esses políticos, que apresentam a proibição de escrever, nas fichas de matricula, “pai” ou “mãe”, substituindo por responsáveis.

Além de tudo, há projetos ideológicos que interferem na formação da sexualidade e materiais didáticos que apresentam reflexões e sugestões que banem as orientações da família e da Igreja acerca da sexualidade, colocando-as como retrógadas e impedimento da liberdade sexual. Alguns materiais parecem estimular a prática sexual e a quebra dos paradigmas, que segundo eles, estão contrários à liberdade humana. É o estado que quer se assumir laico impondo suas ideologias e permeando a educação.

Joana Darc Venancio 
Coordenadora da Pastoral da Educação da Diocese de Itaguaí/RJ 
Graduada em Pedagogia, Mestre em Filosofia da Educação e
Doutora em Filosofia pela Universidade Gama Filho 
Atua como Professora da Universidade Estácio de Sá

 

Leia o texto completo dessa reflexão: 

Confira o primeiro texto dessa série de artigos com o tema: "Educar na fé e para a fé I: A "emergência educativa"

Na quinta-feira, 25, continue a reflexão com o terceiro e último artigo com o tema: "Educar na fé e para a fé III: Alguns cuidados necessários aos que pretendem educar na fé e pela fé". 

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