Nas celebrações eucarísticas solenes, o sacerdote incensa o Altar, a Palavra de Deus e até mesmo o povo de Deus presente na assembleia. Mas será que aquele incenso que encontramos nas lojas exotéricas podem ser acendidos em casa para a oração pessoal? Esse tipo de questionamento abre as portas para falarmos da superstição e da verdadeira virtude da religião.
:: Leia também: Católico pode acreditar em destino? ::
Alguns podem estranhar em ler que a religião é uma virtude. Mas pode ficar mais claro se a colocamos, com Santo Tomás, dentro da virtude da Justiça que é dar a cada um o que lhe é devido. Nesse sentido, podemos entender a religião como um dar a Deus o que lhe é devido, ou seja o culto, a adoração. A superstição, por outro lado, é um vício que consiste em atribuir divindade a objetos ou práticas que não são divinas.
Com essa introdução, podemos voltar à questão dos incensos. No antigo testamento, abundam passagens nas quais o povo é convidado a acender incensos para o Senhor, para render-lhe culto e homenagem. O próprio Senhor ordena seus sacerdotes a forma de render-lhe esse culto com incensos. E o povo, guiado por seus sacerdotes, realizavam vários tipos de cerimônias com incenso na Tenda e depois no Templo de Jerusalém. No início do Evangelho de Lucas, vemos Zacarias indo para o Templo do Senhor para oferecer-lhe incenso.
Por outro lado, encontramos também páginas duríssimas de alguns profetas que condenam o uso do incenso de forma bastante dura. Mas se prestarmos atenção ao que dizem, não é que eles estejam condenando o uso do incenso, mas o uso do mesmo para a idolatria, para adorar a deuses falsos, para a superstição. Jeremias, por exemplo, diz: “Contudo, todos os do meu povo se têm esquecido de mim, queimando incenso aos ídolos”. Ou ainda Isaías: “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene”.
O problema não é o uso ou não do incenso
O verdadeiro problema está em quem estamos depositando nossa confiança quando queimamos incenso. Se o fazemos para adorar o Senhor e reconhecê-lo como o Deus vivo e verdadeiro, em boa hora. Mas se a questão está mais para o lado da superstição, as palavras dos profetas talvez devessem ser mais ouvidas.
É preciso estar atento. A nossa cultura religiosa está muitas vezes flertando com o supersticioso e talvez não nos demos conta. O problema do brasileiro não é que ele não acredita, mas que ele acredita demais. Ou seja, acredita em qualquer coisa. É claro que essa é uma generalização (que eu já escutei mais de uma vez, não é de minha autoria), mas se olhamos para o lado e para a nossa própria vida de fé, talvez encontraremos traços de superstição, de magia, de esoterismo, que não tem nada a ver com a realidade encarnada da fé católica. Vale a pena nos revisarmos nisso!
Coloquemos os nossos corações na direção correta lembrando do primeiro mandamento: "Amarás o Senhor teu Deus sobre todas as coisas". Essa é a verdadeira virtude religiosa. Disso se trata a verdadeira vida cristã, juntamente com o segundo mandamento de amar ao próximo e que Jesus mesmo disse que resumiam toda a lei e os profetas. Com ou sem incenso, o que importa mesmo é saber a quem nosso coração presta culto e adora!
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Para comentar é necessário ser assinante
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus
autores e não representam a opinião do site.
É necessário estar logado para comentar nesta matéria
Estando logado em nosso portal você terá acesso ilimitado à matérias exclusivas
Já possuo conta
Esqueci minha senha
Enviaremos um e-mail para recuperação de sua senha.
Voltar para login