Hoje, quando falamos em amor com outra pessoa, corremos o risco de estar falando de coisas diferentes apesar de usarmos a mesma palavra. Isso acontece não apenas com a palavra amor, mas com muitas outras que foram tendo seu significado modificado ao longo do tempo por diversas razões culturais. Isso é, muitas vezes, causa de mal-entendidos e, portanto, se faz importantíssimo, em uma conversa, ter claro sobre o que estamos falando.
Mas, vamos voltar ao caso do amor. Para um cristão, fechar os olhos e pensar no que significa o amor, pode vir à mente a figura de Jesus crucificado, juntamente com a passagem bíblica: “Não existe maior amor que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13). Ou seja, o amor, para o cristão, está diretamente relacionado com o sacrifício, com a entrega livre da própria vida aos demais. E, se somos honestos, essa visão está muito distante da noção de amor que vemos pelas novelas afora ou nos “eu te amo” ditos com muita emoção por jovens que estão mais preocupados em seu próprio bem-estar do que com a felicidade do outro.
O amor verdadeiro e real é somente aquele que encontramos contemplando Jesus na cruz.
Isso não significa que o amor não seja agradável ou prazeroso, simplesmente mostra que ele não se acaba nas dificuldades, mas se fortalece. Em uma das mais conhecidas passagens sobre o que é o amor, o Hino da Caridade da primeira carta aos Coríntios, vemos isso muito bem:
“A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. (...). Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará”.
Existe uma dimensão sacrificial no amor que não pode ser esquecida e isso é muito importante nos dias de hoje. Entendendo dessa maneira, as primeiras dificuldades no matrimônio, por exemplo, não são causa de separação, mas de crescimento mútuo do casal. Mas isso acontece apenas se existe essa compreensão existencial, iluminada pelo exemplo de Jesus, de que o amor não é sempre um mar de rosas.
Nela, a Igreja nos convida a unir um pouco mais os nossos corações com o de Jesus, que vai para o deserto, sofre tentações e passa fome. Crescemos o nosso amor a Jesus por meio de algum sacrifício que lhe possamos oferecer, seja ele positivo (rezar mais, fazer algumas obras de caridade) ou negativo (deixar de fazer algo que me afasta de Deus). Demonstramos o nosso amor entregando, na medida das nossas capacidades e possibilidades, nossa vida a Deus assim como Ele primeiramente entregou-se totalmente por nós.
Amor e sacrifício estão intimamente relacionados para o cristão que vive sua fé e isso configura uma grande responsabilidade: a de mostrar para o mundo que vive em busca de um amor “novelesco” e irreal, que o amor verdadeiro e real é somente aquele que encontramos contemplando Jesus na cruz. Isso o fazemos primeiramente desde uma vida que integrou essa realidade em primeira pessoa, ou seja, que vive a realidade do amor e sabe que não se opõe à dor e ao sofrimento.
Que nesta Quaresma, possamos amar com um coração cada vez mais generoso e assim aprender a suportar e integrar a experiência da dor e do sacrifício em nossas vidas, para que elas se assemelhem cada vez mais com a vida de Jesus, nosso Senhor, que sacrificou a própria vida por puro amor a cada um de nós.
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