Escutamos que um cristão deve ser alegre e que, com sua alegria, está chamado a contagiar os outros, mostrando que a resposta que encontramos em Jesus plenifica o coração e nos enche de felicidade. Sem deixar de acreditar na verdade dessas palavras, me pergunto, no entanto, o que fazer nas diversas vezes em que não me encontro especialmente alegre ou, pelo contrário, quando experimento a tristeza ou qualquer outro sentimento que, como cristão, penso que não deveria sentir?
Será que nesses momentos é melhor me esconder e não deixar que outros vejam o meu desalento? Talvez, como cristão chamado a anunciar o Reino, eu devesse esconder tudo o que eu sinto e mostrar apenas um eu alegre, mesmo que não seja tão verdadeiro? E porque, afinal de contas, estou triste, será responsabilidade minha?
Essas perguntas podem até parecer estranhas, mas podem surgir nesse contexto. Eu penso que a vida cristã tem muito a ver com a honestidade de vida e que essa característica pode nos ajudar a refletir sobre esse assunto.
Mas antes de olhar para a honestidade de vida, voltemos ao essencial. Qual é a razão da alegria Cristã? É Jesus Cristo, que morreu por nossos pecados e ressuscitou, vencendo a morte e abrindo as portas do Céu para que nós possamos entrar na comunhão plena com Deus. É por conta disso que nós temos todas as razões do mundo para estarmos alegres. Jesus venceu por nós o pior dos males, o pecado, entregando-se na cruz. Depois disso, todas os percalços da vida do homem não têm já a última palavra, porque o amor de Deus se mostrou mais forte do que todo mal.
Pelo menos não enquanto ainda peregrinamos nessa terra. Mas permitiu que tenhamos esperança de, com ajuda de sua Graça, triunfar sobre qualquer cruz e inclusive sobre a morte mesma, ressuscitando com Ele para a vida Eterna. Então, se somos honestos de verdade com a nossa experiência de vida cristã, as dores e as tristezas, por piores que sejam, não são suficientes para fazer balançar a razão fundamental da nossa alegria.
Isso não quer dizer que deveríamos, portanto, estar sorrindo de orelha a orelha vendo todos os desastres que ocorrem no mundo, ou diante de uma perda dolorosa que acontece em nossa vida. E não significa também que devemos esconder essa dor dos outros, como se a dor fosse algo que não pertencesse à vida cristã e uma demonstração de fraqueza que não poderia existir. Significa, sim, que podemos integrar essa dor em nossas vidas e dar testemunho de que há esperança mesmo em meio às dificuldades. E esse é um testemunho belíssimo, encarnado, verdadeiro, que questiona a vida dos outros e que atrai os corações para Deus com uma força impressionante.
A honestidade com a nossa experiência vai, então, por dois caminhos. O primeiro é aceitar que a dor existe e tratar de dissimular não seria verdadeiro, portanto, não seria cristão. O segundo caminho é o da honestidade com a razão fundamental da nossa alegria que, por maior que sejam as dores das nossas vidas, não se abala por nenhuma razão e nos concede uma forte esperança em que o mal nunca tem a última palavra, como não teve na morte de Jesus. A última palavra é sempre da Vida, do Amor, de Deus. Não tenhamos medo de ser honestos até as últimas consequências, porque de certo modo, é disso que se trata a vida cristã.
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