Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H50

Dar testemunho de alegria ou ser honesto com meus problemas?

Escutamos que um cristão deve ser alegre e que, com sua alegria, está chamado a contagiar os outros, mostrando que a resposta que encontramos em Jesus plenifica o coração e nos enche de felicidade. Sem deixar de acreditar na verdade dessas palavras, me pergunto, no entanto, o que fazer nas diversas vezes em que não me encontro especialmente alegre ou, pelo contrário, quando experimento a tristeza ou qualquer outro sentimento que, como cristão, penso que não deveria sentir?

Será que nesses momentos é melhor me esconder e não deixar que outros vejam o meu desalento? Talvez, como cristão chamado a anunciar o Reino, eu devesse esconder tudo o que eu sinto e mostrar apenas um eu alegre, mesmo que não seja tão verdadeiro? E porque, afinal de contas, estou triste, será responsabilidade minha?

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Essas perguntas podem até parecer estranhas, mas podem surgir nesse contexto. Eu penso que a vida cristã tem muito a ver com a honestidade de vida e que essa característica pode nos ajudar a refletir sobre esse assunto.

Mas antes de olhar para a honestidade de vida, voltemos ao essencial. Qual é a razão da alegria Cristã? É Jesus Cristo, que morreu por nossos pecados e ressuscitou, vencendo a morte e abrindo as portas do Céu para que nós possamos entrar na comunhão plena com Deus. É por conta disso que nós temos todas as razões do mundo para estarmos alegres. Jesus venceu por nós o pior dos males, o pecado, entregando-se na cruz. Depois disso, todas os percalços da vida do homem não têm já a última palavra, porque o amor de Deus se mostrou mais forte do que todo mal.

Mas a vitória de Jesus não significou o fim dos nossos sofrimentos

Pelo menos não enquanto ainda peregrinamos nessa terra. Mas permitiu que tenhamos esperança de, com ajuda de sua Graça, triunfar sobre qualquer cruz e inclusive sobre a morte mesma, ressuscitando com Ele para a vida Eterna. Então, se somos honestos de verdade com a nossa experiência de vida cristã, as dores e as tristezas, por piores que sejam, não são suficientes para fazer balançar a razão fundamental da nossa alegria.

Isso não quer dizer que deveríamos, portanto, estar sorrindo de orelha a orelha vendo todos os desastres que ocorrem no mundo, ou diante de uma perda dolorosa que acontece em nossa vida. E não significa também que devemos esconder essa dor dos outros, como se a dor fosse algo que não pertencesse à vida cristã e uma demonstração de fraqueza que não poderia existir. Significa, sim, que podemos integrar essa dor em nossas vidas e dar testemunho de que há esperança mesmo em meio às dificuldades. E esse é um testemunho belíssimo, encarnado, verdadeiro, que questiona a vida dos outros e que atrai os corações para Deus com uma força impressionante.

A honestidade com a nossa experiência vai, então, por dois caminhos. O primeiro é aceitar que a dor existe e tratar de dissimular não seria verdadeiro, portanto, não seria cristão. O segundo caminho é o da honestidade com a razão fundamental da nossa alegria que, por maior que sejam as dores das nossas vidas, não se abala por nenhuma razão e nos concede uma forte esperança em que o mal nunca tem a última palavra, como não teve na morte de Jesus. A última palavra é sempre da Vida, do Amor, de Deus. Não tenhamos medo de ser honestos até as últimas consequências, porque de certo modo, é disso que se trata a vida cristã.


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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