O fenômeno que estamos presenciando nesse dia pode nos fazer pensar em muitas coisas, como o consumismo desenfreado, a criação de falsas necessidades e o passar por cima do outro (às vezes, literalmente) para conseguir o que queremos. Mas nesse “Black Friday” gostaria de fazer duas analogias com a vida cristã, que talvez nos ajudem a ver com outros olhos esse dia.
Primeiramente, e simplificando muito as coisas, podemos entender a Black Friday como um dia em que se pode conseguir muitas mercadorias por preços extremamente mais baixos. Isso parece gerar nas pessoas, em geral, um desejo enorme de correr atrás dos itens, inclusive fazendo coisas que em situações normais não se faria.
Isso tem algo em comum com a vida cristã? O que busca, fundamentalmente, um cristão? A salvação. E essa salvação se consegue, paradoxalmente, de maneira gratuita para nós, mas a um preço altíssimo para Deus. É como se na Black Friday as coisas fossem todas mais caras que o normal, mas que o dono da loja resolvesse dar tudo gratuitamente.
Não foi isso que Deus fez conosco? Ninguém pode comprar a salvação, seja com a quantia de dinheiro que for. Costuma-se dizer que ninguém pode se salvar a si mesmo. Foi preciso que Deus saísse ao nosso encontro para a nossa salvação. E qual o preço pago por ele? A morte de seu filho Jesus. E nada é mais caro que isso. Faz sentido então que corramos para essa “Black Friday”, que não se resume a apenas um dia do ano, mas que está disponível a qualquer momento que se deseje e que não é apenas de preços baixos, mas grátis, porque o dono resolveu pagar o preço mais caro por cada um de nós.
Outra coisa que chama atenção no Black Friday é a variedade de coisas que se compra nesse pequeno espaço de tempo. Parece que se aproveita para conseguir “tudo o que é preciso” nesse momento oportuno. Na vida cristã, tudo o que precisamos, como já vimos, é a salvação. E não é raro o seguinte pensamento: “Posso fazer o que eu quiser, pois Deus é tão bom que posso pedir perdão de última hora e me salvar”. Podemos pensar assim?
Talvez esse pensamento tenha fortes raízes naquela passagem do ladrão que, crucificado ao lado de Jesus, reconhece suas faltas e pede que seja lembrado no reino dos Céus e recebe uma das respostas mais consoladoras do Evangelho: “Ainda hoje estarás comigo no Reino de Deus”. Pode parecer injusto, mas a misericórdia de Deus é realmente impressionante e é verdade que podemos nos reconciliar com Deus até o último instante, e isso é maravilhoso.
Mas, as pessoas que pensam dessa maneira estão com uma concepção equivocada da vida cristã. Parece que ela é algo negativo, que priva de muitas coisas e que, finalmente, não pode trazer a felicidade. Por isso, seria melhor gozar a vida como se quer, aproveitando-a ao máximo, até que na hora da morte nos voltemos para Deus e consigamos a salvação. Isso é muito equivocado, porque o que Jesus nos propõe é justamente a vida plena, abundante, com sentido e feliz.
Mas ainda assim, é possível se converter no último momento. O que nos dizem os mestres espirituais, no entanto, é que, quanto mais longe de Deus estamos, mais difícil é que voltemos a Ele. Por isso, como não podemos brincar com coisa séria, não podemos brincar com nossa salvação. A vida cristã não é coisa de um dia, de uma Black Friday, onde consigo tudo que quero. É uma relação pessoal com Deus, na qual vou crescendo no amor e na reconciliação, até que Ele me chame para viver plenamente nesse amor, no Céu.
Espero que essas duas comparações ajudem a entender melhor o que é a vida cristã e como ela é realmente o único caminho que existe para conseguir tudo o que queremos (a nossa salvação) ao preço mais baixo possível, ou seja, gratuitamente (porque Deus pagou o preço mais caro por nós).
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