Contam que nos primeiros séculos a Igreja precisou lutar mais para defender a humanidade de Cristo que Sua divindade. Aceitar a realidade de uma força superior ao homem não era tão difícil quanto aceitar um Deus pessoal que decide Se encarnar para salvá-lo. É um verdadeiro escândalo. Já Paulo dá testemunho disso: "Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (1Cor 1,23).
Se formos sinceros, a imagem de Deus que fazemos para nós muitas vezes busca fugir do drama da Encarnação (e no fundo, do drama da nossa própria existência). Queremos respostas acabadas, finais felizes, sucessos sem dificuldades. Aceitar um Deus que Se relaciona conosco, e para nos salvar pede a nossa resposta, nos incomoda. Preferiríamos um ato mágico pelo qual o jogo "ficasse zerado" e tudo voltasse a funcionar.
Reviver a dor da Sexta-Feira Santa, celebrar a Paixão do Senhor, é no fundo se abrir à totalidade do mistério de Deus. Abrir-se à força do amor de Deus que vence a morte e o pecado. E que para vencê-lo, assume sobre Si nossas feridas. Bem o explica Isaias: "Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças às Suas chagas" (Is 53,5).
A Páscoa do Cristo passa necessariamente pela Cruz. Não há cristianismo sem cruz. E em Cristo, não há cruz sem Ressurreição. A ideia não é ficar apenas no doloroso evento da Paixão, mas olhar para as gloriosas chagas do Cristo ressuscitado. A dinâmica da Encarnação permitiu que as feridas dos nossos crimes se tornassem o sinal da Sua glória.
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