Neste artigo, gostaria de lembrar de forma especial a importância que avós possuem nas nossas vidas e na transmissão da fé para as próximas gerações. Sabemos que a distância que separa avós e netos é maior do que simplesmente o passar dos anos. Com o avanço da tecnologia, os avós podem parecer aos netos como "seres de outro mundo". Um mundo sem celular, internet, onde tudo acontecia de maneira mais lenta, e que fica cada vez mais difícil de imaginar.
Por isso, é sempre importante relembrar o seu papel em nossas vidas.
::O relacionamento de Maria e José e o seu namoro
O Papa Francisco, ao término da JMJ da Polônia (2016), pedia com bastante insistência aos voluntários que, ao preparar a seguinte JMJ (Panamá 2019), pedissem conselhos aos avós. No entanto, a JMJ parece ser um evento muito avançado, cheio de luzes, cores e movimentos que, a princípio, poderia ser difícil de ser acompanhado por pessoas de outras épocas. Por que, então, o Papa pede isso? Não seria melhor que os jovens simplesmente se organizassem para fazer o melhor evento possível? Que ajuda eles podem dar, se não conhecem muito da tecnologia, que agora abre um monte de possibilidades para fazer um evento perfeito?
Em primeiro lugar, há que dizer simplesmente que essa ideia de que os mais velhos não acompanham bem o que veem de novo é falsa. Minha avó mesmo me contava com muita alegria que, na JMJ do Rio de Janeiro, foi esperar o Papa passar e que achou linda aquela multidão de jovens passeando pelas ruas do Rio de Janeiro, em um espírito de fé. Na JMJ Cracóvia, me dizia uma e outra vez o quanto estava achando bonito tudo aquilo que estava acontecendo, e que ela estava acompanhando pela televisão. Se nossos avós podem não saber como funciona este ou aquele recurso novo, isso não os impede de reconhecer o bom e o belo que pode prover daí.
Por outro lado, e mais importante do que o primeiro, o Papa nos pede isso porque sabe da importância da sabedoria dos mais velhos. Podemos chamar essa sabedoria também de tradição. Na Igreja vivemos tanto do novo, da Boa Nova que é o Evangelho, quanto da Tradição, que é justamente o meio pelo qual nos chega o Evangelho e que, por ser antigo, não deixa de ser sempre "o Novo", com letra maiúscula.
Uma passagem muito bonita da Bíblia nos mostra isso de forma muito simples, mas muito significativa. Ela se encontra na segunda carta de São Paulo a seu discípulo Timóteo: “Evoco a lembrança da fé sem hipocrisia que há em ti, a mesma que habitou primeiramente em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice e que, estou convencido, reside também em ti. ”
Uma fé que não esteja enraizada na Tradição é uma fé rasa e, portanto, que não pode crescer. É, por outro lado, uma fé sem norte, sem guia, incapaz de nos levar por onde o vento soprar mais forte. Por isso, é tão importante que, em nossas vidas, nos apoiemos naqueles que vieram antes de nós e que são os que possuem encarnada a tradição da qual bebemos e que forma nossa identidade.
Esta é a missão dos nossos avós: Passar para nós essa fé sem hipocrisia, da qual fala Paulo. A nossa, consequentemente, é receber essa fé e encarná-la em nossas vidas, de modo que também nós possamos passá-la adiante.
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