A cada final de ano ressoa em nossos ouvidos a frase: Feliz Natal! E muitas vezes, envoltos na magia mercadológica das cores, das propagandas, das tentadoras ofertas de consumo, das trocas de presentes, nem nos damos conta do real e verdadeiro sentido natalino.

Numa concepção cristã, natal é nascimento, é vida nova que surge, é paz, é partilha e transformação... Então por que será que todas essas designações para o natal só acontecem nas proximidades do dia 25 de dezembro? Por que será que nos tornamos mais sensíveis aos outros nessa época? E no decorrer do ano não vemos a vida pulsar nos excluídos, marginalizados, nos enfermos?

Natal não foi só um dia,  já dizia D.Helder Câmara. Sempre que estamos dispostos a renascer deixando cair a capa da ignorância, da irreverência e do egoísmo que tanto tem marcado a sociedade disseminando violência; sempre que nos  despimos do homem velho em função de um novo homem capaz de partilhar o que temos e o que somos, de ver a face de Cristo no outro, independente de sua condição, capaz de reconhecer-se igual ao nosso semelhante como ser limitado e não como um semideus, estamos vivenciando o natal.

Para nós, sertanejos o período da seca tem sido desolador. Sem cores, sem vida, sem movimento... Quase não se pode sentir o vento. Só percebemos a cor cinza que demarca a sequidão com sua aridez. Tudo parece estar morto, porem ao sinal de uma pequena chuva, após três ou quatro dias o milagre da transformação acontece.

Dos galhos ressequidos brotam rebentos como num milagre de ressurreição. E a vida flui mais uma vez! É como uma pessoa que foi visitada por Deus e que fez sua experiência com Ele. Nunca mais será a mesma, pois renasce de forma mais bela sendo capaz de partilhar e acolher o outro em sua singularidade pluralista. Dessa forma o natal torna-se constante e não apenas uma data específica.

Aprendamos a abrir o nosso coração para acolher o hóspede que não cansa de ansiar um lugarzinho para fixar morada e ser mais em nós! Feliz Natal!